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🌟▫️BRUNNA ▫️🌟

Segunda-feira.

MOTIVOS PARA ODIAR SEGUNDA-FEIRA.

Motivo 1: três tempos de Química II com o professor Houston, que sempre tinha comida grudada no bigode e tinha cheiro de gente morta;

Motivo 2: dia de carne moída no cardápio;

Motivo 3: ter que acordar cedo depois de haver ido dormir muito tarde no domingo;

Motivo 4 (e pior de todos): ter que aguentar Ludmilla Oliveira em todos os meus tempos de aula e ter a noção de que iria aguentá-la durante os quatro dias seguidos em todos os tempos de aula também. Como aquela maldita conseguiu se inserir em cada segundo das minhas aulas?

Agora vamos a parte boa!

MOTIVO PARA AMAR SEGUNDA-FEIRA

Motivo único: Pedro Mello.

Fazia uns três anos que eu tinha uma quedinha pelo Pedro. Quedinha essa que poderia facilmente ser classificada como amor arrebatador, mas eu preferia chamar de quedinha para não parecer muito intenso.

- Tenha um bom dia, filha. Tente não ir para detenção por brigar com a Ludmilla. Eu espero que você vá para a faculdade um dia e se isso continuar acontecendo, nenhuma faculdade vai te aceitar. Eles não querem uma encrenqueira tocando o terror na faculdade deles.

- Se ela não me infernizar, eu não vou brigar com ela, papai. - Eu beijei seu rosto. - Não precisa vir me buscar porque eu vou ir embora com a Clara. - Eu afirmei já saindo do carro e correndo em direção aos armários. Detalhe, correr de mochila não é nada sexy.

Todos os dias eu pegava carona com o meu pai para chegar mais cedo ao colégio porque o armário do Pedro ficava ao lado do meu e eu gostava de fazer hora lá até o gostoso chegar e me dar o meu "Bom dia, loirinha" diário.

Enquanto eu corria, pude ver ao longe as estruturas de metal e meu sangue começou a ferver. Não era só eu que chegava mais cedo todos os dias, a maldita da Oliveira também chegava, e para o meu azar, também gostava de ficar fazendo hora em frente ao armário, que também ficava ao lado do meu. Meu, me sentia entre o céu e o inferno todos os dias.

Eu parei de correr e andei devagar disposta a ignorar Ludmilla, como eu fazia todos os dias.

Por que ela se vestia como uma cantora de rock? Ela tinha que ficar com aquela pose de dona da porra toda? Ela estava em pé, com os ombros encostados no armário, com o braço cruzado abaixo dos seios e com aqueles coturnos imundos entrelaçados na frente do corpo. Só faltou o cigarro na boca. Maldita!

A maldita me viu e teve a coragem de sorrir para mim com aquele jeito presunçoso.

- Bom dia, Cerejinha. - Eu odiava quando ela me chamava assim! Que espécie de apelido ridículo era aquele? Aliás, quem deu permissão para ela colocar um apelido em mim?

Eu a ignorei e abri meu armário fazendo com que dezenas de papéis caíssem aos meus pés. Eu olhei para baixo e reparei nas dezenas de fotos espalhadas no chão. Em todas elas eu estava levando o lixo para fora de casa.

Minha mãe todos os dias me acordava para fazer aquela tarefa imbecil e eu só levantava da cama do jeito que estava pegava as malditas sacolas e resmungava enquanto ia à lixeira antes de voltar para o quarto e tentar dormir mais um pouco. Isso queria dizer que eu estava horrível em todas as fotos!

- Você é a coisa mais linda do mundo de manhã, alguém já disse isso? - O tom de voz divertido daquela idiota estava acabando com a paciência que eu não tinha, mas eu não podia fazer da cara dela meu saco de pancadas, Pedro daqui a pouco iria chegar e eu precisava estar como uma lady.

Eu me virei de costas para a idiota, abaixei para pegar os papéis e na mesma hora ouvi um assobio seguido de um murmurio dizendo "que bunda linda". Levantei-me no mesmo instante e me virei para Ludmilla. A cínica estava fitando os esmaltes gastos da unha. Ela não iria me vencer.

- Ontem eu fui ao mercado e tinha uma foto da sua bunda bem na sessão de melancias, por que será? - Eu iria matar aquela desgraçada! Eu fechei os dedos nos punhos e me preparei para socar aquele rostinho bonito dela.

- Bom dia, loirinha! - Eu murchei na hora ao ouvir aquela voz maravilhosa e virei-me com meu melhor sorriso.

- Bom dia, Pedro! - Ele sorriu para mim antes de olhar para Ludmilla e seu sorriso maravilhoso se desmanchar.

- Bom dia, Mello. - Aquele tom arrogante nunca desaparecia? Pedro acenou com a cabeça para ela pegou os livros, fechou o armário e foi embora. Até naquilo Ludmilla conseguia estragar tudo!

Seguindo o mesmo exemplo de Pedro, eu peguei meus livros e fechei o armário com a intenção de ir embora, mas uma mão agarrou meu cotovelo fazendo cada célula do meu corpo estremecer.

- Você acha que vai conquistá-lo assim? - Como ela sabia? Eu senti meu rosto pegar fogo com a possibilidade de Ludmilla contar para o Pedro que eu gostava dele.

- Me solta, sua idiota! - Eu tentei me desvencilhar sem fazer nenhum escândalo. Passamos alguns corredores e ela me levou a uma área na qual eu nunca havia estado antes.

- Onde nós estam...- Antes que eu pudesse completar a pergunta, ela abriu uma das portas e me empurrou para dentro do cômodo escuro antes de entrar e bater a porta atrás de si.

Senti sua respiração no meu rosto e o cheiro de seu perfume suave tomar conta de todo o lugar. O diabo não deveria cheirar a enxofre? A luz do cômodo se acendeu e eu vi que a desgraçada havia nos fechado dentro da salinha de limpeza. Ela estava mais próxima do que eu pensei e eu dei um passo pra trás para me afastar dela, mas tropecei em uma coisa que supus ser um balde.

- Tome cuidado! - Ela pediu, pousando a mão direita em minha lombar para me segurar. Logo naquele dia eu havia decidido usar uma camisa mais curta do que o normal e a filha da puta estava tocando em minha pele.

- Desencosta de mim antes que eu corte sua mão, Oliveira! - Ela sorriu e me puxou para mais perto, fazendo todo o meu corpo estremecer.

- Só estou cuidando de você, Bru. - Ela murmurou e eu senti sua mão subir pela linha da minha coluna, fazendo com que uma sensação desconhecida tomasse conta do meu corpo. Quando sua mão esquerda acompanhou a direita, eu despertei.

- Tira sua mão de mim, sua idiota! Por que me trouxe aqui? Vai me matar e desovar meu corpo em algum lago? - Ela revirou os olhos.

- Eu não seria tão clichê. Vim fazer uma proposta pra você.

- Por que eu aceitaria qualquer tipo de acordo com você? - Eu cruzei os braços enquanto ela fazia o mesmo.

- Porque isso também é do seu interesse. Primeira coisa, eu já notei que você é caidinha pelo babaca do Mello.

- Ele não é um babac..

- Eu ainda não terminei! A questão é que ele está ficando com a Vanessa Vieira e eu sou afim dela. - Eu a interrompi.

- Você é lésbica? - Eu não podia acreditar que Ludmilla Oliveira era lésbica.

- Você é ingênua ou o quê? É claro que eu sou lésbica! Mas isso não vem ao caso agora, Vanessa e Pedro estão ficando e eu quero acabar com isso. E é ai que você entra. Você já deve ter percebido que o idiota e eu não nos damos muito bem. Mas nem sempre foi assim. Nós fomos parceiros no time de baseball do bairro durante anos antes dele se mudar para este colégio e posso dizer que eu o conheço como a palma da minha mão. Bem, o acordo que eu quero te propor é o seguinte.

Ela colocou as mãos nos meus ombros e eu nem me desvencilhei. Como assim ela era íntima do Pedro?

- Não surta, ok? - Eu assenti. - Eu quero a Vanessa pra mim e você quer o idiota do Pedro pra você, certo?

- Eu não sou retardada, já entendi.

- Você é chata pra cacete. Bem, eu vou te ensinar a como conquistar o idiota do Pedro e como recompensa, a Vanessa ficará livre pra mim. O que acha do acordo?

Você me odeia enquanto eu te amo ✔👩‍❤️‍💋‍👨Onde histórias criam vida. Descubra agora