CAPÍTULO 22

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CAIQUE

Nicola está estranha, tem alguma coisa que ela não quer me dizer e eu preciso descobrir o que é. Não temos muito tempo de relacionamento mas parece que a conheço a anos e sei que ela não está bem.

Ela vem quieta no carro, ja Rafael está tagarela, cheio de idéias sobre os presentes que quer ganhar de natal.

Nós conversamos com ele sobre eu agora ser seu pai, mesmo assim ele continua me chamando de tio. Pra mim está tudo bem, não se deve forçar uma criança a nada e quero que ele chame se sentir vontade, sem pressão. Mas eu o considero meu filho de coração, pretendo construir uma boa relação de pai e filho com ele, gosto dele de graça e nem é por causa da mãe dele.

Chegamos em casa e ele me chama pra jogar vídeo game, peço pra ele esperar, deixo as sacolas das compras no sofá da sala e vou até o escritório, preciso enviar um email pra juíza que vai realizar meu casamento. Ligo o mac book e entro no contato dela, quando começo a escrever ouço um baque alto seguido do grito do meu filho chamando pela mãe. Gelo no mesmo segundo, meu coração acelera parecendo querer sair pela boca, corro pra ver o que aconteceu e estaco ao ver Nicola caída no chão aos pés da escada.

Ao meu redor vejo as empregadas tirando Rafael de cima da mãe e dizendo algo sobre não poder mexer nela, vejo tudo e não consigo participar de nada, estou cravado no chão vendo a mulher que amo apagada no chão branca como um papel, parecendo estar sem vida e eu pedindo ardentemente que alguém me acorde desse pesadelo.  Saio do meu torpor e consigo mover minhas pernas e vou até ela tremendo de medo de chegar perto e ver ela sem vida.

Ajoelho ao lado dela, meu filho está em cima dela chorando, sinto alguém tocar em meu ombro.

_ Não mexa nela, na queda ela pode ter machucado o pescoço.

Mesmo na agonia sei que a empregada tem razão, olho pra escada tentando entender que diabos aconteceu aqui e nada me vem a cabeça. Mal consigo olhar pra ela, estou em pânico com medo de constatar o pior.

_ Liga pro hospital, manda eles virem rápido.

Tiro Rafael de cima dela, ele chora desesperado.

_ Calma filho, não pode mexer na mamãe.

Peço a ele no automático, tendo a impressão de estar anestesiado.

_ Pai... eu quéio a mamãe, acóida ela.

Pai. Ele me chamou de pai e nem se deu conta, em outro momento eu estaria vibrando de alegria mas isso só conseguiu me tirar o chão de uma vez. Choro e pareço me dar conta que não estou num pesadelo e o que está acontecendo é a mais fodida realidade. Olho a minha mulher apagada no chão e o desespero me toma numa realidade avassaladora.

_ O que aconteceu com você meu amor. Não faz isso comigo, acorda minha linda... minha vida...

Meu filho continua agarrado comigo pedindo pela mãe. Eu abraço ele e choro junto, como vou consolar essa criança se eu mesmo estou em pedaços?

A ambulância logo chega e leva meu amor com todos cuidados necessários pra não fraturar seu pescoço. Deixo Rafa com as empregadas, apesar dele não querer ficar mas consigo convencer ele e vou com meu amor na ambulância.

Se ela estiver doente não sei o que farei da minha vida. Minha visão está embaçada, sei que estou chorando, mesmo o médico da ambulância me dizendo que ela está bem. Sigo o caminho falando sozinho e pedindo pra ela acordar.

Chegando no hospital eles a levam pra dentro e eu fico na sala de espera andando de um lado pra outro louco pra saber como está minha menina e ninguém me diz nada.

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