CAPÍTULO 28

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NICOLA

Não acredito que isso está acontecendo. Só pode ser um pesadelo. As pessoas olham incrédulas enquanto Caique literalmente me arrasta pra fora do hospital pelo braço em direção ao estacionamento. Choro de desespero, vergonha e humilhação.

De longe ele já destrava o carro, abre a porta do carona e praticamente me joga lá dentro sem nenhuma delicadeza.

Começa a dirigir feito um louco pelas ruas de Curitiba, eu coloco o cinto e desabo a chorar furiosa.

_ Você é um idiota. Não acredito que fez isso, coitado do Doutor Júlio.

_ Coitado é o caralho! Você é cega ou ta se fazendo de sonsa? Não é possível que não tenha percebido que...

_ A única coisa que percebi é no quanto você é descontrolado e possessivo.

Ele ri debochado.

_ A meu amor você não faz idéia do quanto me controlei ali e ainda estou me controlando, se dependesse de minha vontade AQUELE FILHO DA PUTA ESTARIA MORTO.

Ele grita e soca o volante do carro muito puto e eu acho melhor ficar calada pra não deixar ele ainda mais nervoso, não quero que bata o carro nos causando um acidente.  Coloco as mãos em minha barriga com a intenção de acalmar meu bebê, ele ainda não se mexe mas quero passar segurança pra ele.

Caique também fica calado mas com maxilar fechado, os nós das mãos brancos enquanto ele agarra com força o volante.

Chegando em casa eu já abro a porta do carro e saio sem nem olhar pra trás. Antes de abrir a porta de entrada ouço a porta do carro bater e ele me chamar, ignoro e me deparo com Tereza na sala que me olha assustada com o meu estado.

- Dona Nicola? O que aconteceu?

Ignoro sua pergunta e faço outra:

- Cadê meu filho?

- Na sala de brinquedos com a babá.

- Não diga a ele que cheguei. Quero ficar sozinha.

Saio apressada sem esperar sua resposta. Caique está logo atrás de mim.

- Nicola espera. A gente precisa conversar.

O ignoro e sigo em frente. Tento trancar a porta do quarto mas ele é mais rápido e entra junto comigo.

- Sai daqui. Não quero falar com você.

- Você ainda precisa me explicar porque estava nos braços daquele filho da puta safado.

- Safado? Pensei que ele fosse seu amigo, e não...

- Foda-se. Eu conheço aquele miserável. Sei do que ele é capaz.

- E eu? Você me conhece? Tá me acusando de que afinal? Pelo que eu sei não fui eu que sumi uma manhã inteira sem dar satisfações.

- Eu precisei sair, achei que tinha livre arbítrio, não sabia que era seu prisioneiro.

- E eu precisei daquele abraço. Estava fragilizada, ele não fez nada demais.

- Isso é o que você pensa. Ele estava só nas preliminares pra te deitar na primeira maca e te comer ali mesmo como ele já fez com muitas.

Sem pensar avanço sobre ele e antes que eu entenda o que está acontecendo, ouço o barulho do tapa e a face dele vermelha com a marca dos meus dedos. Eu choro e grito descontrolada.

- SEU NOJENTO. COMO VOCÊ PODE FALAR ISSO DE MIM? MINHA VÓ ESTAVA ALI NO QUARTO AO LADO COM A CABEÇA ENFAIXADA PELA CIRURGIA QUE TINHA ACABADO DE FAZER. EU ESTAVA EM PEDAÇOS POR ELA, SEU CRETINO. SAIA DAQUI.

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