Cerca de dois meses se passaram desde então. Depois daquele beijo inesperado a relação de Sakura e Hinata ficou um pouco estremecida. Elas tentaram levar aquilo na brincadeira, apenas uma "experiência" entre duas amigas e nada mais. Mas não funcionou muito bem.
Sakura até aceitara. Sim, ela beijou sua melhor amiga e grande paixão secreta. Obviamente havia ficado feliz. Mas, de algum modo, sua mente colocou Hinata na categoria dos "amores platônicos", como uma espécie de autodefesa, um jeito de se proteger de um coração partido. Se Hinata fosse impossível de se alcançar, então não tinha pelo que sofrer. Era mais fácil de aceitar. Afinal, o simples fato de poder manter uma amizade com alguém que você tanta ama era maravilhoso, certo?
Bom, talvez.
O problema é que aconteceu o que Sakura temia. A relação das duas mudou. Hinata mudou. Ela a estava evitando desde aquele dia. Evitando ao máximo qualquer momento sozinha com a rosada. Evitava até mesmo encara-la nos olhos. Sakura até perguntou algumas vezes se estava tudo bem, se ela gostaria de conversar. Mas Hinata apenas sorria sem graça, e dizia que estava tudo normal, se fazendo de desentendida e logo fugindo do assunto. Mas Sakura sabia que nada estava bem. E isso estava a destruindo.
Enquanto a relação das duas passava por essa turbulência, Naruto e Hinata estavam cada vez mais íntimos, inclusive chegaram a sair algumas vezes. Mas nada além de amizade. Bom, não por escolha de Naruto, claro. Por ele os dois já teriam algo além, não necessariamente um relacionamento sério, mas pelo menos um "status de ficante" ou quem sabe uma "amizade colorida."
Alguns meses antes ele até diria que a garota também estava interessada, mas agora ela parecia se esquivar das suas investidas, de um jeito sempre muito sutil, mas ainda assim o forçando a ficar na temida "Friend Zone". Talvez seja por isso que Naruto tenha ficado tão surpreso quando Hinata se convidou para ir na sua casa naquele dia.
...
_A Saky não vem hoje? _ o loiro perguntou para garota de olhos perolados quando eles se sentaram na mesa do refeitório em mais um pós-aulas cansativo.
_Ela me mandou mensagem avisando que iria almoçar em casa.
_Hum, ela está meio estranha ultimamente, não acha?
_Eu nem notei... _ falou sem encara-lo enquanto começava a se servir.
_Será que ela ainda está chateada com o Sasuke? Eu o avisei para se desculpar, mas não sei se ele fez isso.
_Você tem falado muito com ele ultimamente, ne?
_Sim, depois daquele dia da briga nós passamos a nos falar mais. Sabe, ele não é tão ruim...só meio..como posso dizer...
_Problemático. _ela completou.
_É. Acho que isso define. _ambos riram.
_Bem, eu também espero que eles se resolvam. Os dois costumavam ser muito amigos, mas a relação deles já estava meio abalada faz tempo. Na verdade, Sasuke mudou bastante.
_Aquilo que a Sakura falou...sobre ele se cortar. Era isso que você tinha visto aquele dia, não era? Por isso pediu para Sakura continuar perto dele?
_É... era isso sim. Naquele dia ele deixou cair os livros na biblioteca. Eu costumava estudar lá, mas a gente nunca conversou muito, de qualquer modo fui ajudá-lo e notei uma mancha de sangue na manga de sua camisa, acho que ele não tinha percebido antes e me olhou assustado quando se deu conta. Depois saiu correndo da biblioteca sem ao menos terminar de pegar os livros. E bom, eu não costumo ter ações muito impulsivas, mas algo no jeito que ele me olhou me fez querer segui-lo. Eu o encontrei no banheiro masculino com a manga da camisa dobrada enquanto jogava água em seu braço que estava...voce sabe, cheio de cortes, alguns muito profundos. Eu fiquei em choque tentando assimilar aquilo e quando ele viu que eu estava ali, ficou desesperado. Então eu disse a primeira coisa que me veio à cabeça, disse que ia buscar ajuda e foi quando ele surtou de vez e me empurrou para fora do banheiro falando que eu deveria cuidar da minha vida. Foi bem aí que Neji apareceu e bem... o resto você já sabe.
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As cicatrizes dos nossos encontros
FanfictionAo longo da vida encontramos pessoas que nos marcam para sempre. Sasuke vivia sozinho com Fugaku, um homem que apenas o machucava apesar de tratar-se de seu próprio pai. Sua realidade era tão obscura que aos poucos ele deixou de confiar em qualquer...