Capítulo 16

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O meu trauma de vê-lo machucado voltou a tona.

Mais uma vez vi Jake sendo levado por médicos à um hospital por ferimentos causados pelo seu próprio pai, sem motivo algum.

"Não vou mais deixar isso acontecer."
Está acontecendo de novo.

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Acompanho o médico até ambulância pequena e apertada, me sento em um banco macio enquanto observava os enfermeiros colocarem respiradores em Jake enquanto tentam reanimá-lo.
Os golpes podem não ter sido fatais, mas podem gerar consequências negativas em sua cabeça. Como perda de memória recente.

Respiro fundo tentanto me acalmar. A ambulância cheira à medicamentos e trás um ar pesado de morte.

Já sintiu uma angústia ao entrar em um posto de saúde quando vai tomar uma vacina? É exatamente essa sensação. Mesmo não tento o menor medo de agulhas, o frio na barriga sempre invade meu corpo.

O motorista da partida, e eu fico parada apenas observando meu menino deitado desacordado, torcendo para ele acordar e falar "está tudo bem".

O que mais me machuca é saber que, o que mais preocupava ele não era apanhar até perder a consciência, e sim saber se eu o perdoei.
Saber se está tudo bem entre a gente.

Me inclino e seguro em sua mão gelada acarenciando a mesma. De o que adianta eu falar com ele agora? Jake não irá escutar mesmo.

— Você aceita um calmante ou uma água? — A simpática médica cujo o nome no crachá é "Liz" me pergunta.

— Não, obrigada. — Forço um sorriso, não conseguia sorrir de verdade, não com o garoto Donfort nesta situação.

— (S/N), certo? — Pergunta e eu consinto. — Você é algo do Jake? Uma parente? Amiga? — Ela se senta ao meu lado.

— Namorada. — Respondo deitando minha cabeça para trás. Isso é estranho, nunca me identifiquei como a namorada dele, e sim, como uma pessoa na qual sempre estará aqui por ele caso precise.
Mas acho que prefiro namorada.

— Ele vai ficar bem, não vai? — Olho de canto para Liz.

— Vai sim, Jake é um garoto forte, e essa não é a primeira vez que isso acontece. — A acastanhada responde abrindo um sorriso que deixa amostra suas covinhas que antes se escondiam dentre as milhares de sardas que manchavam sua pele suavemente pálida dando um ar angelical ao invadir do sol pelas janelas abertas. Seus olhos azuis brilham e ganham um certo destaque ao ser comparado ao jaleco tão branco quanto as nuvens.

— Pois é... — Respondo fechando os olhos enquanto respirava fundo.

Após alguns minutos dentro do veículo, finalmente chegamos ao hospital.
Pensei que fosse acontecer todo aquele drama de "você não pode entrar nesta sala, por favor espere na recepção".
Mas acho que isso não é uma máquina de fazer clichê.

Apenas deitaram Jake em uma maca, ainda com respiradores e agulhas injetadas na veia.

Liz me informou que eram anestesias, para quando ele acordar, não sentir dor. Os médicos pareciam meio tristes, o que de fato me assutou. E não sabem quando o garoto irá acordar.

Me deixaram ficar aqui no quarto com ele. Isso tudo já deve fazer umas duas horas.

Estou sentada em uma cadeira que havia ao lado da cama, com um braço cruzado no colchão onde deitei minha cabeça sobre ele, e mantenho os olhos fechados desde então. E com o outro braço seguro a mão gelada de Jake, fazendo um leve carinho.

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