Quatro.

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Bernardo.

Depois de um almoço que me renderia algumas horas na academia, voltamos para o restaurante. Carregava Caio em meu colo, pois para segurar sua mão teria que caminhar de joelhos. O pequeno trajava uma bermuda jeans e uma camisa cinza com um pequeno bolsinho preto de couro e não pude deixar de notar que seus olhos eram iguais aos de Sophia, assim como sua pele. Agradeci mentalmente por ele não ser parecido com Derek.
Sophia estava atendendo um cliente quando entramos pela porta, então esperamos que ela retornasse para o seu balcão para lhe entregar seu lanche.

— Obrigada.

:— Foi ideia de Caio. Pode subir para o escritório e tirar sua hora do almoço, eu fico no seu lugar.

— Tudo bem.

Caio agarrou a mão de Sophia e ambos subiram as escadas do meu escritório enquanto eu os observo. Sophia não só era uma boa mãe, como também deveria ser uma boa esposa, já que houve um tempo em que quase pude experimentar isso, me pergunto o que Derek havia feito para que ela se divorciasse.

Pego meu celular e telefono para Hanna.

— Como ele está?

:— Oi também. Ele melhorou, mas nós temos que conversar.

— Pode ser depois?

:— Não e não me diga que está ocupada, pois está em horário de almoço.

Ouço seu suspiro cortar a ligação.

— Fala de uma vez.

:— Como ela te encontrou, Hanna? E por que diabo trouxe ela para cá? Cada vez que eu olho para essa mulher e essa criança eu lembro de tudo que eu preferia esquecer!

— Dê algumas semanas para Sophia achar o emprego dela e quando ela for, eu conto. Não quero que vocês briguem e fique um clima estranho no restaurante, você acabou de se estabilizar.

:— Ótimo, mas se ela não conseguir outro emprego, eu mesmo perguntarei a ela como te achou e por quê resolveu aparecer se me odeia tanto assim.

Desligo sem dar a Hanna direito de resposta, seguindo para trás do balcão. Tomo dois shots de um uísque qualquer e assisto TV enquanto a movimentação está fraca.
Sophia me odiava, mas procurou minha irmã, aceitou trabalhar sobre o mesmo teto que eu e mesmo com toda sua raiva, toda vez que a olhava, me lembrava de tudo que vivemos juntos e voltava a ficar na palma de sua mão. O que eu não queria, já que não podia tê-la.

***

Quando o restaurante finalmente fechou suas portas, Hanna ligou para dizer que não poderia buscar Sophia, então eu deveria os levar em casa. Sentia aquele odiável sentimento de frio na barriga, me sentia jovem novamente como quando falei com Sophia pela primeira vez, as mãos soavam ao me aproximar dela, que estava sentada no balcão digitando algo bem depressa em seu celular.

:— Sophia, Hanna vai precisar ficar no hospital, então eu vou levar vocês.

— De jeito nenhum. Posso pegar um táxi.

:— Por quê? Eu estou aqui e é o mesmo caminho que eu faria normalmente.

— Porque já me deu emprego, agora vai ser meu motorista? Não quero dever nada à você, Bernardo. Já me sinto incomodada por vir aqui pedir um emprego para alguém que me abandonou.

:— Eu não abandonei você. Você quem decidiu casar com aquele cara rico, não foi? Pois então não me culpe pelas merdas que você fez!

Estávamos gritando, sem perceber, o olhar de Sophia apontou para algo um pouco acima de mim e quando me virei, Caio estava de pé na escada. Encarava-nos com seu olhar sonolento e Sophia correu para o pegar.

Teorema da Paixão [REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora