forty seven

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Narrado por:
S H A W N

🍀

Eu lembro perfeitamente de como foi o meu Natal no ano passado.

Foi exatamente em uma manhã do dia vinte e três, como hoje, que eu peguei estrada com o Brody até a casa dos meus pais e pela primeira vez depois de todo aquele não-acontecimento em Long Island. Lembro-me do quão devastado eu estava, do sentimento de culpa que havia no meu peito e da raiva por ter feito um papel de trouxa na frente de quase todos os meus amigos, dos meus familiares, da própria Michaela que não hesitou em virar as costas para mim com as suas malas.

Aquele foi sim um dos piores dias e momentos da minha vida.

Era difícil olhar para as pessoas e ver a chacota que eu havia me tornado porque, em menos de dois dias, ela já estava postando fotografias nas suas redes sociais com outro e isso deixou bem claro à todos qual foi a verdadeira motivação do nosso término repentino, às vésperas do casamento: traição. E o que me deixou com mais raiva foram os comentários sobre isso, era como se eu fosse o monstro que não estava deixando-na viver o seu romance, digno de um filme de Hollywood, com o amor da sua vida – como se eu fosse o vilão que mereceu isso, que mereceu ser traído quando tudo o que eu fiz pela Michaela foi amá-la.

Eu posso ser assim, meio bronco e casca dura por fora mas, quando eu me permito ter sentimentos por alguém, eu mergulho de cabeça e o mais profundo possível porque... Eu acho que um relacionamento é isso, é ir além de metades, é ser inteiro e eu fui. Eu fui tão profundo que, vendo e sentindo o que eu recebi em troca, foi meio impossível não prometer à mim mesmo nunca mais me apegar a alguém, que à partir daquele momento eu seria um novo homem e blá-blá-blá, eu estava machucado.

E isso durou até a conversa que eu tive com o meu pai pela manhã da véspera de Natal, no dia vinte e quatro.

Primeiramente ele, um viciado em recuperação, foi o primeiro a tirar a garrafa de vinho das minhas mãos e derramar todo o seu conteúdo  quando percebeu que eu estava disposto a passar mais uma noite bebendo – eu sou fraco para bebidas, então, é possível imaginar como eu estava realmente acabado naquilo –. Segundamente, o senhor Mendes sentou ao meu lado e, hoje em dia eu não considero aquelas suas palavras como um sermão, ele simplesmente me deu uma lição de vida que me fez enxergar muitas coisas, foram palavras extremamentes necessárias.

Foi o meu pai quem me fez entender que eu não precisava mudar quem eu sou e me tornar um viciado naquilo, no álcool que tirou de mim todos os meus sonhos, quando aquela era a minha chance de erguer a cabeça e recomeçar a minha vida porque eu não havia feito nada errado, amar alguém não é errado e que a errada, no caso, foi quem não soube reconhecer tudo o que eu sou, tudo o que eu tenho e a intensidade que eu a amei. Isso me confortou. Isso me fez abrir os olhos e entender a merda que eu estava fazendo com minha vida. Acabou. Eu não precisava me justificar à ninguém, eu não precisava da Michaela para me alimentar, tomar banho, fazer as minhas compras, trabalhar... Eu podia fazer isso sozinho e, dessa mesma forma, eu sei que conseguiria seguir em frente e aprender com tudo isso não sendo a pessoa ruim e desprezível como ela foi, mas aprendendo a distribuir coisas boas porque é assim que você supera um mal: é sendo mais forte e não se entregando à ele.

Pode ser visto como pouco tempo, porém, eu posso dizer que aquela noite foi o início do fim desse meu sentimento pela minha ex-noiva. Claro que eu precisava de um pouco mais de tempo para digerir tudo, desfazer as minhas metas e cuidar do meu cachorro que ficou doente; até que um dia eu acordei e... Voltei a sorrir, voltei a cantar as músicas da rádio e, quando percebi, eu estava novamente me divertindo com os meus amigos em um pub qualquer continuando a minha vida de onde ela parou.

What Happened in Las Vegas? ⋰ Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora