hundred & eighteen

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Narrado por:
T H E O D O R A

🍀

As batidas contra a porta do meu quarto foram o que parcialmente me tiraram do meu estado de inércia.

Eu ainda estava sentada sobre a minha cama quando vi a imagem da Margaret, a senhora que já aguentou muitas traquinagens da mini Thea, cruzando a porta com uma embalagem de papel marrom em mãos.

Margaret: O entregador da farmácia deixou os medicamentos que você pediu.

Foram rápidos – ou eu estou sem noção do tempo, deve ser isso.

Theodora: O meu cartão de débito está sobre a mesa, a senha é-

Margaret: Theo pagou, não se preocupe. O seu irmão queria vir deixar, mas, eu insisti após ver, no cupom fiscal, que você comprou um...

Abrindo a sacola, encontrei a tal coisa que fez a Meg me esconder, de certa forma, do meu irmão: um teste de gravidez.

Talvez percebendo que eu voltaria a chorar, sentando-se ao meu lado, a minha babá de anos atrás me puxou para o seu abraço, o seu gesto fraternal que eu não sentia há um bom tempo – bom, eu não tropeço mais na escada ou me machuco pelo jardim com tanta frequência, não muito.

Margaret: Está sentindo algo? Tonturas ou vômitos... - acho que a Margaret se interrompeu ao ver o meu baldinho de metal logo ao lado da cama. - Você vomitou?

Toda a tristeza que eu estou sentindo me fez vomitar durante noite inteira.

Margaret: Existe mesmo a possibilidade?

Com aquela caixa em minhas mãos, eu assenti concordando porque nada entre nós dois estava acontecendo indiretamente ou por consequências. Eu sei que estávamos tentando mesmo ter um bebê, conscientes.

A Panterinha, como os seus amigos dizem.

Theodora: O meu período veio há alguns dias atrás... Eu sei. Eu sei que- Mas durou menos tempo que o meu normal, foram apenas três dias. Pode ter sido algo... Tudo é possível, principalmente pra mim. Eu sou tão imprevisível que até casei bebada em Vegas com um desconhecido.

E me apaixonei por ele!

Theodora: Eu sei que os meus remédios podem desregular, ansiedade que eu estou sentindo também. Eu sei, Meg. Eu- Eu já gravei um episódio do meu Podcast falando sobre esses casos de mulheres que tiveram algum tipo sangramento, algo que lembrasse a menstruação, durante algum o período em que estiveram grávidas.

Margaret: Entendo. Você sente?

Eu não sei.

Na verdade eu sei, mas... Ela poderia ao menos me fazer sentir ele, sentir o seu abraço porque eu sei que ele me abraçaria. Eu sei que o Shawn ficaria feliz com essa notícia, mesmo ela sendo inesperada.

Theodora: Eu... Eu não sinto mais nada dele. É vazio, tem um vazio- Que dói. Dói muito.

Margaret: Sabe, quando a sua mãe estava grávida de você, já podia ser considerado como um ritual ela sentar-se em uma poltrona no jardim. Às vezes ela meditava, praticava algum exercício de Ioga, mas, na maioria das vezes, ela apenas sentava para conversar com aquela companhia que estava naquele barrigão. E, às vezes, eu ouvia a sua mãe planejando a sua vida. Porém, não era um planejamento sobre a sua vida profissional, aquilo sobre você seguir a risca os passos dela como uma supermodelo ou ser fadada de berço a ser uma grande empresária de sucesso como o seu pai. Não. A sua mãe queria apenas que, quando você crescesse, seguisse pelo caminho que a levaria para a sua felicidade, independente do que isso fosse. Feliz com a sua verdade, com alguém que fizesse esses os seus olhos transbordarem toda a luz que eles têm.

What Happened in Las Vegas? ⋰ Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora