What Happened in Las Vegas? ⋰ Shawn Mendes

ninety

Narrado por:
T H E O D O R A

            🍀

Enxuguei as minhas lágrimas quando uma delas caiu sobre os papéis do Grupo Kerr que eu estou lendo.

Eu não vou conseguir trabalhar.

Hoje, mesmo acabado e com uma ressaca das piores possíveis, o Shawn foi para o seu trabalho sem trocar nenhuma palavra comigo, nem mesmo um bom dia – antes disso tudo, ele todo dia deixava um beijo carinhoso contra a minha cabeça...

Theodora: Para com isso, Thori. Foco. Você precisa trabalhar, esses papéis são importantes. - o Shawn também é importante.

Eu jamais quis fazer ele lembrar de dores do seu passado, ou que ele se sentisse como eu me sinto quando alguém- Eu não deveria ter lido justamente por saber como é essa sensação de ter a sua vida exposta, esse sentimento... Argh, eu não sei mais o pensar, o que fazer para que ele entenda que não foi por mal, não foi porque ele não faz parte do meu conceito de mundo real e muito menos para humilhá-lo; o meu pai é assim, não importa se ele é um empresário do ramo de vinhos na Itália ou um mecânico o Brooklyn, eu também não tenho tanta liberdade para me relacionar com outras pessoas porque essas podem querer se aproveitar de mim, me usar como uma fonte de dólares e isso até justifica a reação errônea, exagerada até que eu tive naquele quarto de hotel, isso logo após descobrir e entender que estávamos casados.

Mas, eu parei para ouví-lo.

Nesses quase quatro meses, eu conheci alguém incrível, forte, quebrado e, que ao mesmo tempo, é sonhador, ambicioso de uma forma saudável, gentil. Eu sei que, agora, ele me diria qualquer coisa que perguntasse, porém, na época em que eu "li" – li entre aspas mesmo, eu não cheguei a me aprofundar no assunto seu pai – eu não esperava que hoje nós dois estivéssemos assim, com essa amizade e uma certa cumplicidade que nos faz sentirmos confortáveis na presença um do outro, um conforto que acontece até mesmo quando estamos planejando alguma noite de sexo, algo que possivelmente jamais irá acontecer novamente entre nós dois.

Eu não sabia que eu ia me apaixonar por ele.

Vendo o que nós fomos naquele início, era quase impossível imaginar eu e o Shawn vivendo em uma certa harmonia, dividindo cama e lençóis, até mesmo comprando presentes um para o outro sem zoações, por sentir algo diferente.

Talvez ele também sentia a mesma confusão que eu sinto.

Sentia.

Hoje, eu sei que tudo não é mais bem assim.

Eu sei, e sinto, que feri uma parcela importante nos seus possíveis sentimentos por mim; naquela coisa que fazia ele ser expontâneo, cantante, sorridente, a energia de um verdadeiro Golden Retriever que, aos poucos, eu estava descobrindo ser uma parte do que ele realmente é: o Shawn feliz. Eu sei que esse maldito dossiê despertou nele algumas lembranças que... que são muito mais do que simples gatilhos, são momentos da sua vida que ele precisou esconder, guardar para si porque o Shawn precisava ser forte tanto por ele, quanto pelo seu pai, pela sua família, e até mesmo pela vida que não hesitou em tirar boa parte dos seus sonhos.

Eu não deveria ter tocado naquela papelada, nunca, em nenhuma hipótese. A minha única esperança nesse momento é a doutora Harris, se ele for para a terapia na sexta-feira é um sinal de que o Shawn não vai desistir de tudo isso e, sendo assim, eu ainda terei tempo para conseguir me redimir, me desculpar de alguma forma que eu não sei como fazer, o que fazer para que ele não me veja como uma monstra bisbilhoteira.

Eu não quero que voltemos ao mesmo ponto de quando iniciamos essa convivência.

Deixando todos esses contratos, desenhos e campanhas que sobre a minha mesa, eu me arrastei até o meu banheiro em uma tentativa de cessar todas as minhas lágrimas – não tive cem por cento de êxito nisso, mas, consegui me recompor o suficiente para ir até o andar da presidência em busca de uísque, tapas, sorvete... Eu não sei o que o Theodore pode me oferecer nesse momento, um abraço também seria uma boa opção.