fifty nine

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Narrado por:
S H A W N

🍀

Sentindo o mundo girar, sentei-me e respirei fundo.

Seis da manhã.

Levemente chutei o balde metálico que estava ao pé da cama, vi alguns comprimidos sobre a cabeceira e me arrependi quando ousei rir, a dor infernal na minha cabeça. Ao menos eu estou vestido, sem os meus sapatos e de meias mas isso é um bom sinal, eu sei que não ultrapassei nenhum base com a criatura que está dormindo quase que perdida entre as cobertas brancas.

À propósito, somente o quarto dela deve ser maior que o galpão onde eu moro, o closet me fez entender a frustração que a Thori deve ter sentido ao ver somente uma gaveta para colocar as suas roupas – sim, se comparadas com a grandeza desse shopping que ela tem aqui, aquelas seis malas que ela levou para a minha casa podem ser consideradas como uma simples bagagem de mãos.

Tudo é literalmente branco.

Um enorme lustre de cristal centralizado, a TV que mais parece uma tela de cinema, a cama king ainda chega a ser maior do que a minha e de cabeceira de alcochoada em um veludo branco, quadros com letras de música na parede e algumas polaroids dela entre luzes brilhantes, tapetes e almofadas felpudas; tudo aqui grita a personalidade da Theodora, até mesmo o baldinho prateado que ela visivelmente colocou aqui para caso eu sentisse vontade de vomitar, tem desenhos de bailarinas dançando grafados nele.

É um quarto de princesa.

E eu vou vomitar.

Tirando a camisa, segui até o banheiro da Theodora. Eu até reprimir o primeiro princípio de vômito porque toda aquela arquitetura de vidro, mármore e uma banheira com hidromassagem precisava ser admirada.

Meu Deus, eu estou com dó de vomitar aqui... Sem conseguir mais me controlar, eu vomitei pelo bem da minha vida – sabe-se lá o quê eu bebi pela madrugada –, passei mal com suor frio por alguns minutos e me apoiei naquele chão em busca de forças para levantar.

Pior do que antes, conseguir tirar a calça que estou vestido e me arrastei até a pia onde, mesmo se não estivesse em uma das maiores ressacas da minha vida, eu iria demorar para entender como essa coisa funciona e por onde sai a água. Encontrei escovas de dentes novas, lavei a minha cara amassada, até pensei em tomar um banho mas... eu voltei para o banheiro quando no quarto, sobre a poltrona dela, encontrei um pacote endereçado à mim: haviam mudas de roupa, algumas cuecas e até um óculos escuro. Agradeci por esse gesto atencioso já que eu realmente estava fedendo a bebida e a vômito por beber demais, então, depois de um banho quente, somente de cueca eu voltei para a cama.

Percebi que a Theodora havia mudado de posição, abraçava o travesseiro virada para o lado onde eu estou deitado e, aproveitando para tirar todo aquele emaranhado de cabelos que estavam sobre a sua sua face, eu vi que próximo ao seu olho havia um machucado em uma coloração vermelha – ela está sem maquiagem, por isso eu consegui ver onde ele a acertou.

Deixei um beijo por alí, foi mais forte do que eu. Porém, em resposta, ela suspirou ainda no seu estado de sono profundo.

Quando eu fecho os meus olhos, eu ainda consigo ver ela me observando de longe – isso por eu estar entre os homens de smoking –, consigo ouvir ela rindo quando, ao acaso, eu a tirei para dançar justamente uma música que ela gosta – eu a ouvi cantarolando baixo com a cabeça escorada contra o meu peito –, eu vejo o deslumbre que ela estava com aquele segundo vestido, absorta entre diversas orquídeas coloridas.

Eu posso não lembrar de tudo o que aconteceu durante a madrugada desse primeiro dia do ano, porém, eu lembro e eu sei muito bem o que eu fiz. Eu tenho consciência de que novamente eu me perdi por entre as curvas dessa boca e não foi somente uma vez; aparentemente pra mim, esse é um efeito colateral do álcool misturado com a loucura da Theodora.

What Happened in Las Vegas? ⋰ Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora