seventy three

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Narrado por:
T H E O D O R A

🍀

Eu sabia que aquela noite seria intensa, afinal, eu já saí da casa dos meus pais pensando em quais seriam as palavras certas que eu deveria dizer à ele.

Como diz doutora Harrris: diálogar evita conflitos.

Não haviam hipóteses de que eu expusesse a confusão sentimental que estou vivendo internamente, ou mesmo de pedir desculpas por ter agido como uma verdadeira esposa ciumenta e sabendo que o nosso casamento é somente uma sentença, não algo que nós dois escolhemos viver; porém, eu precisava tirar um pouco dessa dor porque, acima de qualquer outro sentimento, eu sei que existe um certo princípio de parceria amigável entre mim e o Shawn.

Era esse vínculo que eu queria manter, essa amizade que eu sinto crescer. Eu estava disposta a ouvir, detalhe por detalhe, do que ele fez naquela noite, mesmo que isso me afetasse absurdamente, porque eu sabia que somente vendo qual seria a reação, eu poderia aceitar ou não um possível pedido de desculpas.

Quando eu entrei em casa, foi onde eu percebi que não era somente eu quem pensava assim, que estava disposto a ouvir. E essa foi a maior surpresa do meu dia que não havia sido tão bom, amenizou um pouco durante aquele período de descontração com a minha família, mas, ficar em um estado de inércia na minha cama me fez entrar em um verdadeiro frenesi onde eu entendi o significado de alguns clichês que eu já li ou mesmo vi em filmes. Não é algo sobre o amor em si, e sim sobre as piores dores serem causadas por pessoas que temos uma certa afeição, dores que somente elas podem curar demonstrando que se importam.

Eu vi nos seus olhos distantes, naquele sentimento frustrante que a sua negação exalava, na taça de vinho pela metade que ele também estava perturbado, tão conturbado que sequer percebeu o quanto aquele seu gesto de fazer um jantar foi verdadeiramente gentil, antencioso. Nenhum pedido de desculpas seria melhor do que aquele, já que o quê eu procurava sentir, eu consegui sem ele precisar dizer uma palavra.

O que eu senti naquele momento e por aquele homem que eu conheci completamente ao acaso em Las Vegas, eu posso definir como algo parecido ao que eu sinto quando estou rodeada por pessoas que eu amo.

Eu não sei explicar, talvez o meu coração maluco esteja me fazendo inverter os pés pelas mãos, porém, eu penso que vê-lo em um estado não muito diferente dos meu, vulnerável, era o que eu realmente precisava, talvez, palavras não fossem capaz de surtir esse mesmo efeito. Aquele jantar frio à bacanda, deixou o meu coração quente. E, entre tudo aquilo, eu quis acalentá-lo, tirar-lhe daquele sentimento de culpa porque o Shawn é uma pessoa que já sofreu muito, ele não merece ter mais uma frustração na sua vida.

Até que... O que aconteceu em seguida não foi culpa do Brody – talvez o empurrãozinho dele tenha precipitado um pouco o meu eu-senti-a-sua-falta, mas, não houve um culpado porque eu desejei aquele abraço e, mesmo sendo um erro, eu quis errar.

Ele quis.

Ele... "Eu não fiz somente por causa de você, Thea. Essa aliança não me deixa esquecer que eu sou casado com alguém, com você. Independente de como é o nosso casamento, você é sim a minha esposa e eu vou te respeitar até o nosso último dia como casados, o último segundo."

Foram essas suas palavras que complementaram tudo: eu não queria um pedido de desculpas vindo Shawn, mas sim do meu marido.

Eu cedi.

Naquele momento, eu cederia à ele quantas vezes fossem necessárias porque eu precisava sentí-lo entre os meus braços, sentir a sua pele e que eu não estava louca – talvez eu seja um pouco – quando eu vi que os seus olhos são compostos por duas íris cristalinas e brilhantes.

What Happened in Las Vegas? ⋰ Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora