Um copo de whisky ou dois

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Já tinha mais de uma semana que Bernardo havia sido preso, eu soube um tempo depois que ele já havia sido solto e que não havia passado em nenhum noticiário. Começaram minhas férias da faculdade, os trabalhos que perdi o prazo por conta do sequestro foram entregues e os professores me deram uma boa ajuda. Meu pai só me deixava sair de casa acompanhada de um segurança e isso era um saco, mas naquele dia eu precisaria ir sozinha.

Era um dia chuvoso e frio, após o almoço avisei que iria até a casa do Jonas, convenci meu pai de que não precisava de um guarda-costas para atravessar a rua. Toquei a campainha e logo o portão se destravou para que eu entrasse, fui até a área da piscina onde ouvi vozes, Yago estava lá.

– Oi Cami, que bom te ver – ele disse vindo até mim.

– Oi Yago – respondi estendendo a mão deixando claro que não queria um abraço.

Ele entendeu o gesto e apenas deu um toque em minha mão.

– E então, como você está? – ele puxou assunto.

– Bem, obrigada.

Me sentei perto de Jonas que me cumprimentou com um sorriso. Ficamos em silêncio por um tempo até que Yago voltou a falar.

– Cami, eu te avisei sobre o Bernardo.

– Yago! – Jonas chamou sua atenção.

– Mas é verdade, Jonas. Você sabe o que dizem: tal pai, tal filho – ele insistiu.

– Eu só não acho que a Cami precise ouvir isso agora.

Eu apenas abaixei a cabeça.

– Fala a verdade, não é muita coincidência que esse sequestro tenha acontecido logo quando o pai dele foi solto? – Yago continuava falando.

– Cara, você não disse que já tava indo embora? – Jonas se irritou.

– É, eu tava. Mas entenda uma coisa, Camilla, o Bernardo é tão criminoso quanto o pai dele. Por isso os dois foram presos.

– Na boa Yago, já deu. Cai fora.

Yago fechou a cara enquanto saía, Jonas o acompanhou para abrir o portão e logo voltou para perto de mim. Esperei ele sentar e falei:

– Ele pode estar certo.

– Cami você não devia escutar o Yago, sabe que ele é um idiota.

– Você não entendeu, Jonas. Ele disse que o Bernardo é tão criminoso quanto o pai dele. É nisso que o Yago pode estar certo.

– Você tá dizendo que como o pai, o Bernardo pode ter sido incriminado? Você acha que não foi ele?

– Jonas, você mesmo disse que era difícil acreditar que ele fingiu toda a preocupação. Para mim é difícil acreditar que ele fingiu todo o nosso relacionamento! Se a intenção era esse sequestro, ele não precisava esperar tanto tempo, entende?

– Eu entendo, mas...

– E tem isso – o interrompi mostrando o meu celular – ele me mandou de madrugada.

Eu juro que não fui eu – Jonas leu. – Você acredita nisso?

– Eu não sei! Eu ainda estou confusa.

– Camilla, como você pretende tirar essa dúvida? – Talvez Jonas suspeitasse das minhas intenções.

– Preciso da sua ajuda, não tem chances alguma de eu conseguir chegar na casa do Bernardo com o segurança do meu pai colado em mim.

– Tem uma razão para ele estar seguindo você, lembra?

– E se a razão estiver errada? – Jonas me olhou como se eu tivesse dito uma insanidade, mas eu realmente disse.

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