Telefonemas

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A minha determinação em ajudar Bernardo a encontrar qualquer indício sobre a quadrilha que ameaçava o pai dele estava ainda maior. Com o Soares foragido a minha rotina jamais voltaria ao normal dada a necessidade de me proteger, mas olhar em volta e ver todos aqueles seguranças só me deixava angustiada. Não é assim que quero viver, por isso precisamos achar os responsáveis o quanto antes.

Passamos o dia todo assistindo as diversas matérias que pegamos na emissora e pesquisando outras na internet parando apenas para almoçar. Meus pais voltaram mais cedo da viagem e se juntaram a nós nas buscas, mesmo assim não conseguíamos identificar nada significativo. Ao notar que já passavam das dez resolvemos encerrar.

– Eu preciso ir, está tarde – Be anunciou.

– Não vai dormir aqui?

– Não, meu amor. Eu já passei o fim de semana todo aqui, preciso voltar ao meu apartamento.

– Eu pensei que ficaria por conta das circunstâncias.

– Vai ficar tudo bem com você – passou a mão em meus cabelos para me acalmar.

– Comigo, sim. Estou preocupada com você lá sozinho.

– É um condomínio fechado, cheio de câmeras. Eu também estarei seguro – garantiu.

Ele estava certo, seria quase impossível que Soares conseguisse fazer algo com Bernardo dentro do prédio totalmente monitorado. No dia seguinte ele voltaria para a emissora trabalhando lá até o fim do mês antes de começar na BTv, também estaria cercado de seguranças no trabalho, os únicos momentos que estaria sozinho seria no trânsito, ainda assim as chances de algo acontecer nesse período eram bem remotas.

Após a saída de Bernardo, subi ao meu quarto para tomar um banho. Demorei algum tempo embaixo do chuveiro e quando sai vi que havia uma mensagem do meu namorado informando que estava em casa em segurança. Com essa notícia fiquei tranquila o suficiente para me preparar para dormir.

Na segunda-feira de manhã fui para o trabalho com meu pai e dois guarda-costas enquanto outros dois continuaram em minha casa. A foto do Soares foi apresentada na recepção e para toda a equipe de segurança garantindo que ele não pudesse se aproximar de mim ou da minha família.

Após o almoço passei o resto do dia em casa aproveitando para olhar mais alguns arquivos que peguei na emissora. Jonas foi até minha casa e se ofereceu para me ajudar, apesar de Bernardo não querer mais ninguém envolvido, meu amigo não aceitou o não como resposta e insistiu até que eu aceitasse seu auxílio.

Todos os noticiários já estavam falando da fuga de Soares e o rosto dele estava estampado na televisão, na internet e até mesmo em alguns cartazes colados pelas ruas, meu pai havia até mesmo oferecido uma recompensa razoável para quem tivesse informações sobre o seu paradeiro. Algumas pessoas chegaram a se apresentar na delegacia, mas não informaram nada promissor.

Eu voltei a ter alguns pesadelos com o tempo que passei no cativeiro, as vezes sonhava que estava de volta naquele lugar horrível e acordava desesperada demorando até conseguir me acalmar. Eu não quis preocupar ninguém, então não contei para os meus pais e nem para Bernardo.

Já era quinta-feira, Bernardo terminaria de gravar uma matéria na qual estava trabalhando antes de ser afastado por ser preso injustamente e isso levaria a tarde toda, além de ter que monitorar parte da edição para garantir que estava tudo ok. Ele passaria o dia ocupado com o trabalho já que o encerramento de seu contrato estava chegando, então a pesquisa continuou somente entre eu e Jonas.

No meio da tarde meu celular tocou, era um número desconhecido, ligação privada. Atendi:

– Alô – silêncio. Repeti – alô?

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