A Fuga

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Eu e Bernardo nos beijávamos ainda ofegantes embaixo da água morna do meu chuveiro, a noite tinha sido tão divertida que chegava a ser um alívio e estávamos encerrando da melhor maneira possível. Vesti um pijama quente e tirei o que restou da maquiagem enquanto Be me aguardava na cama, pelo espelho notei que ele me observava.

– Tudo bem? – Perguntei.

– Estou só te admirando.

– Deve ser uma visão linda, metade do rosto sem maquiagem e a outra metade completamente borrada, o cabelo cheio de frizz pelo vapor do chuveiro...

– Eu nem sei o que é frizz – confessou rindo, – mas de qualquer forma é uma visão maravilhosa.

– Você só diz isso porque está completamente apaixonado por mim – dei de ombros corando um pouco.

– É, eu não posso negar – Bernardo abriu aquele sorriso que abalava todas as minhas estruturas.

Terminei de limpar o rosto e me deitei na cama ao seu lado, passei algum tempo encarando o teto.

– No que você está pensando? – Be perguntou.

– Você sempre me pergunta isso.

– Eu quero saber se estou nos teus pensamentos tanto quanto você está nos meus.

Ele era tão bom com as palavras e eu nunca sabia como responde-lo. Eu que sempre tive respostas na ponta da língua para tudo o que qualquer homem dissesse me via completamente desarmada com Bernardo.

– Eu amo você, Be. – Lancei o olhar mais sincero que consegui enquanto dizia cada sílaba.

Ele voltou a sorrir e eu sabia que aquilo valia mais que um "eu também".

– Eu sou o cara mais sortudo do mundo por ouvir isso de você. – Ele me olhou em silêncio por alguns segundos e perguntou – Não era nisso que você estava pensando, não é?

– Não, na verdade estava lembrando daquele momento com os seguranças lá no pub. Foi... estranho – a palavra que eu procurava era assustador.

– Foi – ele concordou me puxando para mais perto. – Eu fiquei com medo quando notei que um deles estava indo rápido em sua direção, confesso que fiquei aliviado quando vi que era só aquele cara lá que você beijou.

– Eu também senti um certo alívio. A primeira pessoa que me passou pela cabeça foi o irmão do Yago, eu não sei explicar, mas algo nele me deixa com um pé atrás.

– Também não gosto dele tanto quanto não gosto do irmão. Deve ser a genética – Bernardo fechou a cara ao mencionar Yago.

– Pode ser – ri imaginando que relação a genética teria com isso. – Achei que você ficaria com ciúme do Plínio.

– Você disse que não lembrava o nome dele – ergueu uma sobrancelha.

– Ele disse hoje quando falou comigo – revirei os olhos.

– Hm. Eu fiquei com ciúme, eu só não queria ser chato. – Bernardo se ajeitou na cama virando o corpo de frente para mim – Eu te disse que não quero ser o namorado tóxico, apesar de ter ciúmes eu confio em você. Achei que seria desnecessário estragar a noite ficando de cara fechada sendo que você mesma se livrou do cara.

– Isso é bom, fico satisfeita em ouvir isso.

– Eu confio em você – repetiu me dando um selinho. – Agora vamos dormir? Eu to cansado.

– Eu também to. Boa noite, Be – falei apagando a luz do abajur.

– Boa noite, meu amor.

– Boa noite, meu amor

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