Parceiros

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– Como assim um acordo? – Bernardo estava quase se sentando.

– Você precisa continuar deitado até o médico dizer que pode se levantar – tentei convence-lo.

Passei a noite em claro depois de falar com Soares, assim que Bernardo acordou comecei a contar para ele sobre o telefonema e, obviamente, ele ficou fora de si ao saber que meu sequestrador falou comigo mais uma vez.

– Ok, eu fico deitado – Be concordou enquanto eu me sentava na lateral da cama. – Me diz que tipo de acordo esse cara quer fazer?

– É simples, ele vai nos contar quem é o responsável pelo meu sequestro e pelo ataque a você, depois disso vamos à polícia e entregamos a pessoa.

– E o que ele ganha com isso?

– É algum tipo de vingança por não terem cumprido parte do acordo que fizeram para me sequestrar e ainda tentarem matar ele na prisão.

Bernardo refletiu por alguns instantes.

– Você acha que dá para confiar?

– Honestamente? Não tenho certeza. Porém na pior das hipóteses esse cara tenta vir até nós e a polícia pega ele.

– Isso é verdade – concordou relutante. – Eu acho que podemos tentar.

– Eu gostaria de falar com alguém antes de tomar essa decisão.

– Com o teu pai?

– Não, com o teu. Ele é quem mais se beneficia com a prisão dessa quadrilha, ele finalmente vai deixar de ser visto como um criminoso, vai voltar a conviver com você, tua mãe, teu irmão... não acho justo fazer isso pelas costas dele.

– Mas você acha que o Soares vai concordar com isso?

– Na verdade, eu já incluí teu pai no acordo – falei abaixando a cabeça.

– Não posso estar entendendo certo – ele soltou um riso incrédulo. – Está me dizendo que você já fechou esse acordo?

– É isso – voltei a olhar para ele.

Bernardo passou a mão esquerda em seu cabelo – a que não estava imobilizada pela tipoia – soltando um longo suspiro para se acalmar. Depois a ponta de seu polegar e indicador pararam na ponte do nariz e ele ficou alguns instantes de olhos fechados antes de voltar a me encarar.

– Se você já tomou a decisão para que estamos tendo essa conversa? – Perguntou entredentes.

– Be, eu vou tentar te explicar mais uma vez: eu não sou o tipo de garota que espera os outros resolverem seu problema.

– Camilla, não é esse o ponto...

– É sim, – eu o interrompi. – Não sei simplesmente almejar que o príncipe encantado venha me salvar. Como meu namorado, eu estou disposta a te incluir nos meus planos e é o que eu estou fazendo agora, mas não espere que eu fique parada esperando você fazer tudo.

Um olhar incrédulo e irritado ainda partia de Bernardo em minha direção. Eu não cedi, estava convicta da minha decisão e levaria a diante. Esperava que ele estivesse ao meu lado e que fizéssemos isso juntos, mas faria sozinha se preciso. De qualquer forma, não deu tempo de ouvir a resposta, antes que ele pudesse dizer alguma coisa o médico deu leves batidas na porta avisando sua chegada. Me levantei deixando que dr. Filipe fizesse as devidas checagens, andei em direção à janela e fiquei observando o atendimento.

– E então, Bernardo? Sente alguma dor diferente? – Perguntou o médico.

– Não – Bernardo respondeu secamente.

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