Conversa Sincera

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Bernardo:

Antes de anoitecer me despedi da minha família e voltamos para a casa da Cami, no caminho ela falava algo sobre minha mãe e a conversa que tiveram antes do almoço, mas eu não estava realmente prestando atenção. Vez ou outra concordava ou sorria enquanto meus pensamentos vagavam em outra direção. Foram dois anos investigando sem notar que os culpados estavam muito próximos a nós, sabendo agora do envolvimento dos Fernandes tudo parecia tão obvio eu me sentia burro em não ter compreendido antes.

– Be? Tá me ouvindo? – Cami perguntou me fazendo olhar para ela.

– Não, amor. Me desculpa – confessei. – Pode repetir, por favor?

– Eu só perguntei se você quer passar no teu apartamento pegar alguma coisa antes de ir para minha casa.

– Não precisa, obrigado. Mais tarde eu vou lá.

– No que você está pensando? – Perguntou sem tirar os olhos da estrada.

– Parece que o jogo virou, não é mesmo? – Sorri tentando mudar o assunto.

– Não quer falar sobre isso? – ela perguntou cuidadosa.

Apenas neguei com a cabeça e Cami sorriu compreensiva, eu não precisava encher a cabeça dela com mais dos meus dramas, nunca quis envolve-la nos meus problemas, mesmo que todas as vezes que eu dizia isso, sua resposta era de que a culpa não era minha. Independentemente de quem seja o culpado, minha namorada correu riscos desnecessários por mim, esteve em perigo real e ainda não está totalmente segura, tanto é verdade que temos dois guarda-costas no banco de trás da minha camionete.

Por mais que Camilla quisesse me ajudar, eu preferia ter resolvido as questões da minha família sem expor ela a criminosos. Por outro lado, eu não posso negar que foi graças a ela que descobrimos o suficiente para inocentar meu pai, afinal o Soares foi quem nos deu mais informações e, também o Yago, que não estava preocupado comigo, mas com ela.

De todas as coisas boas que aquela mulher traria para minha vida, a inocência do meu pai era a última que eu poderia prever. Eu seria para sempre grato e demonstraria isso em cada atitude minha, mas me manter calado por todo o caminho de volta não era uma boa maneira de expressar gratidão, então deixei meus pensamentos de lado e me concentrei em ser gentil.

– Tuas aulas voltam na segunda-feira? – Puxei assunto.

– Na quarta, eu acho. Nem estava me lembrando disso, acredita?

– Quanta irresponsabilidade – abanei a cabeça em tom de brincadeira. – Estou extremamente desapontado.

– Claro, o aluno exemplar – ela devolveu irônica. – Você passava mais tempo no bar do que na sala de aula.

– Foi lá que eu conheci você, não foi tempo perdido.

Ela corou e apertou o volante, eu adoro causar esse efeito nela. Cami é tão decidida, dinâmica e cheia de atitude... é difícil desestabilizá-la, mas com poucas palavras eu quebro sua postura inatingível revelando um coração vulnerável. A verdade é que me apaixonei por todas as suas versões.

 A verdade é que me apaixonei por todas as suas versões

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