Capítulo 19

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Vih começou a caminhar rapidamente na direção dos galpões, sem perceber que já estava correndo para onde Mateo disse que a viu pela última vez. 

– TÁ INDO PRA ONDE? -gritou Mateo tentando ir na direção dela, mas foi parado pela Cristiane.

– Ei, deixa ela pra lá. Ela é maluca, quase me matou! - Falou Cris com raiva.

– Eu não posso deixá-la pra lá. Eu te ouvi da primeira vez e olha o que aconteceu -Mateo se soltou dela.

– Mateo, eu não acredito que você vai me trocar por duas imbecis.

– Já falei pra me deixar em paz, caralho! - Mateo virou-se sem nem olhar para a cara dela.

– VAI SE FODER VOCÊ E ELAS! - Falou dando dedo para ele e indo para o primeiro galpão.

Dogão juntou-se ao Mateo e o segurou – Calma aí, garoto. Para e pensa!

– Foi mal, Dogão, eu preciso ir atrás delas. Se eu tô vivo é por causa da Vih. E a Lótus... essa guria agora é como se fizesse parte de mim, eu não me sinto completo sem ela… acho que é isso que chamam de amor paternal.

– Eu sei, garoto. Eu tinha uma filha, lembra? - Mateo olhou para seu amigo e ficou triste.- Por isso eu estou dizendo para ficar calmo. Respira!
Mateo parou encarou seu amigo, olho no olho, e respirou.

– Agora sim. Este é o Mateo que eu conheço. E agora o que faremos?

– Eu tenho uma ideia. Podemos nos dividir em equipes e cobrir uma área maior. Vou arrumar a mochila com coisas que podem ser importantes para lutar com os infectados que pudermos encontrar.Também vou levar um cobertor para o caso de a Lótus precisar e passar na cozinha pra levar algo pra comer.

 Depois que Mateo foi em direção à cozinha, saiu para procurar Rita. Mateo queria saber se tinha alguém disposto e disponível para ir com eles. De longe, conseguiu ver uma aglomeração de pessoas ao longe. Caminhou em direção ao grupo e viu Rita e Dogão no centro dele gesticulando. Aparentemente ela já tinha explicado a situação aos demais. Mateo só não sabia dizer se estavam ali pra ajudar ou simplesmente pra saber a fofoca por trás do tiro que ouviram há poucos momentos.

– Então - disse Rita avistando Mateo - Qual o plano?

–Vamos nos dividir em 4 grupos de 4 pessoas. Uma equipe não pode ter mais de 4 pessoas pois chama muita atenção.

–Foi em Naruto que você viu isso? - perguntou Thiago.

–A arte imita a vida. Em Naruto apenas fizeram o que se faz na vida real. Voltando, Thiago! Você é o líder da equipe 4, escolha mais 3 pessoas. -após o grupo 4 se formar, Mateo continuou - Iuri, grupo 03 e Neto grupo 2. No grupo 01 iremos eu, Buiú, Rita e Dogão.

–Cadê a Vih? - perguntou Rita.

–Você sabe como ela é, impulsiva. Não sei onde ela está, só sei que provavelmente sua vontade agora seja ignorar minha existência - disse em um tom mais baixo.

– Igual Vegeta com Kakaroto- disse Buiú.

–Bom, seria melhor se cada um fosse para as extremidades do alojamento e no caminho fossem pela cerca procurando por buracos grandes o suficiente para uma criança passar.

– Ah - exclamou uma mulher de cabelo preto liso e estatura média - eu vi um desses. 

– Onde? - perguntou Mateo.

– Perto da cozinha.

– Você esteve aqui esse tempo todo e só falou isso agora?!- exclamou Rita.

– Desculpa -disse baixinho.

– Ah, eu também vi um em outro lugar -exclamou um homem alto e idoso - ficava perto da horta que estamos criando.

– Temos que resolver esses buracos o mais rápido possível, é perigoso pra nós - disse Dogão - Bom, vamos nos dividir. Dois grupos pra cada buraco.

Os grupos 01 e 02 se dirigiram ao buraco perto da horta. Mateo achou que era o mais óbvio visto que estavam ali perto quando a criança sumiu. Ele queria estar lá quando ela fosse achada. No caminho, viram Cristiane olhando o Mateo com julgamento e encostada em um tronco de árvore sozinha.

Ao pularem a cerca, decidiram que cada grupo iria para um lado. Quando o grupo dois foi para a esquerda, o um começou a se dirigir para a direita, menos Mateo e Dogão. Estavam em silêncio, tentando ver ou ouvir algo.

– O que foi? - perguntou Buiú.

– Shhhh!!! - fez Dogão- fiquem quietos.

– Alí! - disse Mateo, apontando para um pouco mais à frente dele.

Quando olharam naquela direção, puderam ver uma parte de folhas e mato pisados.  Dogão começou a seguir naquela direção, seguido por Mateo. Rita e Buiú ficaram com o pé atrás, mas seguiram com eles. Depois de alguns minutos andando por aquela pequena trilha formada, foi feito o questionamento:

– E se estivermos seguindo a trilha de algum infectado?

– Vamos matá-lo quando acharmos e continuaremos procurando a Lótus depois.

– Mas… -quando ouviram o barulho do rádio. Era a voz de Iuri.

– Alguma novidade?

– Ainda não. - respondeu Rita - E por aí?

– Não, só achamos alguns infectados comuns mas já demos jeito neles. Qualquer coisa, avisem.

– Certo.

  Eles andaram por horas em volta do acampamento, mas todos os sinais de gente davam no mesmo local, a cerca do acampamento.

– Alguém tem notícias da Lótus ou da Vih? - perguntou no rádio.

– Nada por aqui! - afirmou Thiago.

– Zero aqui também, porém encontramos uma nascente, tá ligado? Seguindo ela, a gente pode encontrar algum córrego. E como dizem, se tem água tem animais perto, ou no nosso caso, pessoas. -disse Neto

– Nada por aqui também, irmão! -confirmou Iuri.

– Obrigado gente, voltem ao acampamento, está ficando tarde.

– Ok! -Todos confirmaram.

– Vocês também! -disse olhando para seu grupo.

– Nós todos voltaremos, Mateo. Com "nós", quero dizer "todos". O que inclui você - disse Dogão.

– Eu não vou conseguir ficar parado esperando elas voltarem, Dogão.

– Então a gente fica com você!

– Eu não posso arriscar suas vidas por minha culpa.

– Somos uma equipe, garoto, não se precipite. Vamos todos voltar. É uma ordem, Mateo!

Mateo abaixou a cabeça e seguiu o caminho de volta en silêncio. Chegando no acampamento Rita e Buiú tentaram confortá-lo.

– Não se preocupe, elas são fortes, estão bem! - afirmou Rita.

– É, cara. A Vih deve ter encontrado ela e um abrigo, devem estar esperando ficar de dia para voltar. -completou Buiú.

– Gente, obrigado por tentar me confortar, mas eu prefiro ficar sozinho agora. -disse Mateo ficando de costas para os dois.

– Tudo bem, irmão. Eu e a Rita estaremos lá fora se precisar. -Ele deu dois tapinhas no ombro do Mateo.

– Tchau, Mateo. -disse Rita da entrada do quartinho mas ele não respondeu.

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