Capítulo 06

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Não houveram muitos diálogos na hora do almoço. Após a refeição Vih retornou a sua leitura e Mateo sentou-se no sofá, mas estava inquieto. Depois de um tempo, levantou-se e foi em direção à cômoda.

– Cadê? Cadê? -Sussurrou para si mesmo enquanto a vasculhava, revirando os vários cd's e dvd's que estavam guardados ali.

– Falou comigo, Mateo? -Gritou Vih da varanda.

– Não! Eu tô falando sozinho -Ela não retrucou - Achei! 

 Mateo retirou um cd do Michael Jackson e colocou pra tocar no volume máximo.

–Mateo, você vai chamar atenção! -Gritou a Vih.

– E você gritando não vai? -Franziu a sobrancelha 

– Droga! Argumentos - pensou - Então eu paro de gritar e você abaixa isso.

–Certo - mesmo controverso, ele sabia que realmente não deveria colocar música alta.

A música começou a tocar no rádio preto, com duas saídas de som, não era antigo mas já tinha uns 3 anos de comprado e estava muito bem cuidado. Era a música Billie Jean. Quando começou a batida da música, Vih começou a andar em passos pausados, como passos de dança.

– Essa é da boa! -Disse Mateo estalando os dedos no ritmo da música.

– Muito! -Os dois começaram a dublar a música, só mexendo os lábios, sem soltar a voz.

 "She was more like a beauty queen from a movie scene
I said don't mind, but what do you mean: I am the one… And be careful of what you do, 'cause the lie becomes the truth.."

– Agora! Prepara, o refrão! -Mateo fez uma pose e cantou.- "The Billie Jean is not my lover"

– Auuu!! -Completou Vih colocando uma mão na virilha e outra no chapéu imaginário.

 E seguiram cantando mais algumas músicas do "Rei do pop". Quando finalmente parou, mateo chamou a Vih para uma conversa.

– Ei! Precisamos conversar.

– Se for sobre mais cedo, tá tudo bem, eu já esqueci, só achei muito estranho você já vir com intimidade demais.

– Desculpa mesmo, eu só... -Ele começou a pensar. 

– Só? 

– É que você parece minha irmã, ela é a irmã do meio… acabou que você me lembrou ela, e eu costumava ficar sentado com ela na rede -ele voltou a olhar para o lado buscando lembranças no pensamentos - Ela lia pra mim, por isso eu cheguei citando a Frida, ela falava aquilo pra mim o tempo todo. 

– Se eu lembro sua irmã, ela deveria ser muito bonita -Fez umas poses - e deveria ser muito independente também. 

– E era mesmo, ninguém controlava aquela menina.

– Porque ninguém merece ser controlada, né?

– Isso.

– Agora vamos ao que interessa -ela mudou de expressão, parecia um pouco irritada.- Aqui não tem café! Como pode isso? Eu quero café! Vamos vasculhar, procurar, farejar até encontrar o meu bendito café!

– Era sobre o que eu queria falar também. Não sobre o café, mas no geral. Precisamos achar mais comida, para manter o estoque cheio. Quem sabe não achamos café, não é?

– Vamos, eu vou para um lado e você para o outro!

– Claro, por que você claramente conhece isso aqui tudo.

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