– Esse… local onde vocês moram -começou Mateo - fica longe?
– Depende do que você considera como longe -Brincou o homem loiro que usava óculos e uma camisa preta do AC/DC. Mateo fez sua usual cara de poucos amigos- Vamos pegar um carro ali na frente, de lá seguimos até o consórcio. É lá a nossa base.
– Um consórcio? Tipo uma fábrica? -perguntou a Vih
– Um consórcio, tipo um consórcio. Um conjunto de galpões que eram utilizados por empresas parceiras.
– Isso está parecendo The Walking Dead. Não tem nenhum louco que se acha dono do local e “paga” de prefeito não, né? -Disse a Vih
– Bom... Tem os agiotas... -Todos riram, menos Mateo e Vih - Brincadeira, somos democráticos. Tem uma reunião com os representantes de cada galpão antes de se fazer qualquer coisa. Por exemplo, temos dois de cada galpão aqui. Eu e o Jonas somos do primeiro; Buíu e a Rita, do terceiro; Marcos e Lucas do segundo.
– E são quantos no total? Quantos galpões?
– Apenas cinco -Ele fez com a mão como se pudessem vê-la claramente naquele escuro- Mas os outros dois não pegamos ainda, estão cheios de entulhos das empresas.
– E o que são esses entulhos?
– Coisas como papelada, mesas, lixos, isopor.
– Entendi, achei que tivessem infectados ou algo do tipo.
– Não, a área é toda cercada. Temos vigias rondando por toda ela, o tempo todo, volta e meia aparecem uns, mas de resto é tudo tranquilo. Não precisa ter medo.
– Engraçado, você fala muito. É um dos representantes? -Mateo indagou.
– Você não faz curvas em conversas, não é? Bem direto você, era policial?
– Ainda estou vivo.
– Então você é. Interessante, temos vários lá, acho que você vai gos...
– Não foi isso que eu lhe perguntei - Mateo interrompeu.
O homem coçou atrás da cabeça. – Sim, Eu sou um representante. Prazer, meu nome é Mauricio.
– E porque está aqui fora?
– Todos devemos contribuir para o crescimento e avanço, só quem não pode sair são os idosos, gestantes e crianças. -ele pausou- Se bem que temos vários jovens aos 12 saindo para coletas. Aí vai da vontade deles, quanto mais coletamos, melhor para nós.
– E vocês estão em quantos?
– Atualmente... -ele começou a fazer contas no dedo enquanto caminhavam- 115 pessoas.
– E vocês estão conseguindo se manter?
– A cidade é grande, não é? Há mercados que ainda não pegamos suprimentos, casas que ainda não olhamos, farmácias que ainda não vasculhamos. Também podemos ir pra cidades vizinhas.
Poucos passos depois uma voz baixa e fina chegou ao ouvido da Vih, era a Lótus.
– Tia Vih, eu estou cansada, já vamos chegar? -Todos voltaram seus olhos para a pequena.– Eu posso carregar ela. -Disse o homem grande e gordo.
– Eu não sei se é correto. Além do mais, eu mesma posso carregar ela -Respondeu Vih.
– Não precisa se preocupar, o Buíu nunca faria mal a uma criança, ele é resistente. Não vai demorar muito pra chegarmos.
– Eu estou escutando esse “não vai demorar” há muito tempo. Quando chegaremos, em? -Perguntou impaciente.
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Quarentena
FantasyEm um mundo passando por uma quarentena, onde infectados semi mortos com incríveis capacidades destroem todos que encontram, uma médica e um policial tentam sobreviver enquanto esperam isso passar. Autores: Gabriela Teixeira e Henri Sant. Capa por:...