Uma fila de moradores estavam prontos para "meter a mão na massa."
– Certo! -falou Mateo em cima de uma das mesas que estavam no local da reunião- Vamos separar por experiência. Quando sua resposta for "sim" para alguma pergunta, levantem a mão. Quem aqui já trabalhou na roça? -uma parcela levantou a mão e Mateo separou elas do restante- Quem nunca? -outra parte levantou e Mateo fez o mesmo- Certo! E a outra parte é jardineiro de quintal, não é?-afirmaram com a cabeça.– Até que tem bastante, né? -comentou Vih para Buiú.
– Boa parte veio mais pela curiosidade do que pela vontade de trabalhar, duvido que muitos continuem mas vamos ser otimistas. -respondeu baixo.
–Vamos fazer assim:. quem já sabe vai "adotar" quem não sabe. Vocês serão encarregados de ensinar a todos que ainda não conhecem a arte do plantio e da colheita. Já vocês, jardineiros de quintal, são perfeitos para fazerem brotos. Vocês estão encarregados de fazer as mudas que iremos plantar. Creio que temos várias sementes, não é? -ele olhou para Rita que respondeu positivamente com a cabeça.- Certo, eu preciso de uma lista com estas sementes e de três pessoas experientes para irem comigo olhar o terreno que faremos a plantação, quem está disposto? - três pessoas com idades diferentes levantaram as mãos- Se apresentem.
– Eu sou João de Almeida, -disse um senhor baixo, com sua pele manchada devido ao tempo exposto ao sol- tenho 68 anos. Minha vida foi na roça, meu filho, eu não tinha tempo pra ficar brincando igual vocês têm hoje em dia, eu acordava antes dos galos cantarem. Na verdade, era eu quem acordava os galos para cantar -a maioria riu- Eu vou ensinar a vocês tudo que eu sei. Se vocês quiserem aprender, eu vou ensinar a vocês.
– Obrigado, seu João. O próximo por favor. -Uma mulher foi a frente.
– Eu me chamo Cristina, tenho 35 anos, sou bióloga ambiental e agricultora. Assim como o seu João eu acordava antes dos galos para deixar tudo pronto. Segui esse ramo para dar uma vida melhor aos meus pais, e como era algo que eu gostava, estar com a mão na terra, sei muito. Tanto na teoria, quanto na prática.
– Obrigado Cristina. Próximo!
– Eu sou o Junior, Talvez o mais novo aqui, tenho apenas 26. Eu estava cursando biologia antes disso tudo, eu sempre trabalhei na plantação de minha família. Não estava todos os dias, como meus companheiros aqui, mas eu plantava coisas como aipim, feijão etc. Acredito que estou apto para ensinar e ajudar as pessoas, se assim me permitirem.
– Alguém tem alguma objeção? -perguntou Mateo, mas ninguém protestou.
– Vamos começar logo, vamos pôr a mão na massa! -gritou uma voz ao fundo. Era uma senhora magra, usando um vestido amarelo com flores vermelhas, seus cabelos totalmente brancos e com os dedos das mãos entrelaçados.
– E a senhora é? -Disse Mateo à senhora que chamou a sua atenção.
– Meu nome é Lurdes, criança.
– A senhora gostaria de se juntar a gente? -disse Mateo esticando a mão para ela.
– Eu prefiro não subir em algo onde possa cair. Podemos ir agora?
– Cla.. claro, você tem razão. Então pessoal, quem puder andar em volta da base, deve ter pés de acerola, araçá, e outras coisas. Se não for perigoso e vocês puderem coletar, nos encontraremos aqui dentro de duas horas. Nós quatro vamos lá para o fundo, acho que a melhor área seria por lá.
Rita chegou ao lado de Vih e conversou com ela. A sua equipe iria sair para coletar de novo e queria saber se ela queria ir junto. A equipe iria até um hospital geral para ver o que conseguiriam por lá, Mateo as viu conversando e antes de ir olhar o terreno resolveu aproximar-se.
– Oi Vih, será que podemos conversar? -falou seriamente.
– Agora não dá, estou indo patrulhar com a equipe da Rita. -disse virando o rosto e andando de mãos dadas com a garota
– E você vai levar a Lótus?
– E você se importa? Por que ontem não parecia.
– Vih, você me entendeu errado.
– Não, Mateo, eu entendi muito bem.
– Deixa pelo menos a garota aqui, é perigoso ir com ela.
– Perigoso é ficar com você e depois você abandonar a menina por aí.
– Vih, ele tem razão, é perigoso levar a garota. Aquela área é infestada, vamos ter que ser rápidos, as criaturas lá andam em bando. Desculpa a palavra, mas ela só vai nos atrapalhar, é melhor deixar ela segura aqui. -Disse Buiú, Vih o olhou irritada.
– Tá tudo bem, tia. Eu sei que eu ainda sou nova então eu escolho ficar, não vou atrapalhar vocês. Podem ir, eu vou esperar você voltar, enquanto isso eu ajudo o tio Mateo, não tem problema.
-Vih ajoelhou-se à sua frente.
– Você tem certeza disso? Se quiser eu posso ficar com você. Eu não me importo em não ir.
– Vai tia, isso vai salvar pessoas. E você é médica, as pessoas precisam de você -A garotinha abraçou ela, que retribuiu o abraço.
– Por você eu faço tudo. E você, Mateo, não tire os olhos dela. -Mateo apenas a encarou com a cara fechada.
– Vamos. Quanto antes formos, antes voltaremos e mais seguro será. -Apressou Rita.
– Vamos. Se cuida, Lótus. -A garota confirmou com a cabeça indo para perto de Mateo.
Mateo seguiu com a Lótus indo em direção ao terreno para estudá-lo com o resto do pessoal. Vih, Rita e Buiú seguiram para a entrada do local para pegar a van que iriam levar eles até o hospital.
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Quarentena
FantasyEm um mundo passando por uma quarentena, onde infectados semi mortos com incríveis capacidades destroem todos que encontram, uma médica e um policial tentam sobreviver enquanto esperam isso passar. Autores: Gabriela Teixeira e Henri Sant. Capa por:...