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Já questionou a probabilidade de vivermos em um paradoxo cósmico? 

E se existissem milhares e milhares de realidades semelhantes a essa? Cada uma com um toque diferencial.

E no caso de que nelas houvessem uma grande variação de monstros que nem mesmo imaginamos?

Talvez todas as teorias e estudos de Stephen Hawking estivessem certos. Quiçá existam muitas coisas que nem ao menos pressupomos.

Mas caso de fato seja real... O que você faria se ficasse preso em uma dessas realidades? Você conseguiria voltar ou morreria em seu primeiro dia da maneira mais tola? 

Maxine apertava as pulseiras coloridas em seu braço com o apoio de seus dedos esbeltos. Estaria impecável para sua viagem de classe. Observara atentamente as várias pintinhas em seu rosto; se admirando eternamente por uma noite antes ter ondulado seus cabelos pretos, tais como a mais singela escuridão. Atrás de si a fita cassete inserida no rádio tocava Take On Me, da banda mais conhecida do momento, A-ha. Balançava-se de um lado para o outro no espelho repleto de pequenas figuras coladas; - a decoração retro de seu quarto deixaria qualquer um com dores de cabeça -. Ela apertou o short em sua cintura, jogando a cabeça de um lado para o outro. Queria testar sua aprovação em todos os ângulos. A melodia que invadia seus ouvidos a deixara ainda mais ansiosa pelo momento, aquela seria sua primeira viagem com os amigos. Durante seu narcisismo momentâneo, a jovem ouviu alguns ruídos sendo emitidos pelo seu walkie talkie posto sobre a mesa e, tenha sido esse o impulso para que ela rapidamente desligasse seu rádio e agarrasse firmemente seu único meio de comunicação.

- Max? Está aí? ━ A garota do outro lado a chamava insistentemente, mesmo com as pequenas falhas na chegada da voz por conta da distância.

- Estou. Precisa de algo?

- Ainda se arrumando? Eu e Nathan vamos nos encontrar naquela lanchonete, você poderia ir também.

- 10 minutos? ━ Perguntou pegando sua mochila com a mão livre.

- Só por que hoje estou de bom humor. ━ Finalizou em tom lépido.

A de cabelos escuros retornou o objeto para o mesmo local de antes e apressou-se escada a baixo, saltando de dois em dois degraus. Sua mãe observava tudo da cozinha, contentando-se com a alegria de sua filha. Ao rodar a maçaneta escutou a voz doce ecoar pelas paredes com poucas ou quase nenhuma decoração.

- Ficará três dias longe, não irá se despedir, querida? ━ Perguntou abandonando o abridor de massas sobre o balcão, batendo as mãos enfarinhadas para limpá-las . A jovem ajeitou sua mochila em um só braço e correu até sua mãe, tocando a pele macia da bochecha da mulher com seus lábios. - Está levando um casaco? Irá fazer frio.

- Já estou atrasada, mãe. E sim, estou levando um casaco. 

Pronunciou-se saltitando até a porta, batendo-a com força ao sair. Nas ruas crianças brincavam com pequenas tampas de garrafas, senhoritas com uma legião de sacolas em mãos e, adolescentes com todas aquelas roupas ecléticas e risadas penetrantes, todos com suas bicicletas. Caso se esforçasse poderia ser capaz de contar quantos opalas 80 passavam por si. Em algumas calçadas moradores entregavam panfletos de pessoas desaparecidas, e desta vez Maxine arriscara agarrar um deles por pura pena do pobre familiar desesperado. Ela olhou a pobre garota sorridente na foto em preto e branco, os cabelos escuros e repicados, em seu pescoço um cachecol listrado; Max amassou o panfleto antes de jogá-lo na lixeira e observar a pequena sinalização de trânsito, correndo para o outro lado. O sol que acabara de sair lhe deixara enérgica como sempre. Pelo grande vidro da lanchonete conseguia enxergar seus amigos com enormes sanduíches em mãos, uma visão que a fazia sorrir impulsivamente. Ela empurrou o vão com as pontas de seus dedos e o pequeno sino sobre a porta anunciou sua entrada, chamando a atenção dos que estavam sentados naqueles assentos de forro vermelho vibrante.

O CrocitarOnde histórias criam vida. Descubra agora