8.

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☎☎☎ A realidade. Cara.

Os dedos de unhas longas brincavam com o fio do telefone sob a mesa de pinheiro da recepção, sendo vigiada pela mulher atrás do móvel que acompanhava os movimentos de Atena em relação ao anel do telefone bege, discando lentamente o número memorizado. A jovem apanhou novamente sua maçã que havia deixado ao lado do meio de comunicação, encarando o alimento brilhante em um tom de vermelho, enquanto aguardava esperançosamente que alguém a atendesse. O telefone mudo em sua orelha agora chiava com o ambiente barulhento de quem o atendeu.

- Alô? ━ A voz suave do outro lado invadia seu canal auditivo.

- Mãe? ━ uma longa pausa - É a senhora?

- Atena? Eu estava ficando maluca, minha filha. ━ Ela podia sentir o tremor nas palavras de sua mãe, podia sentir toda a preocupação - Não conseguia notícias de ninguém, já estava me preparando para ir aí te buscar.

- Me desculpe por não ter ligado antes. ━ Tentava esconder seu nervosismo através do fio do telefone que estaria enrolado em seu dedo - Nós teremos que ficar mais um pouco, ouvi dizer que talvez amanhã nos levem de volta para casa. ━ Um longo suspiro do outro lado.

- E por que demorou tanto para falar comigo?

- Tinham muitos alunos precisando usar o telefone. A senhora sabe como é difícil acertar o número nessa coisa. ━ analisava a maçã em sua outra mão.

- Qual o motivo de terem que ficar mais tempo? Sua avó não para de perguntar sobre você, querida.

- Por favor, não surta. ━ apertou os olhos como se esperasse ouvir algum sermão - Ninguém encontra a Max e a Sarah, já procuraram por todos os lugares. Eu estou com a cabeça a mil.

- Max e Sarah? O que aconteceu com elas? ━ A ligação chiava, cortando com frequência as palavras.

- Eu não sei. Não foram só elas que sumiram. ━ Sua garganta estava seca, a saliva parecia arranhá-la ao descer.

- Como sumiram? Eles não trancam as portas, Atena?

- Eles trancam mãe, mas de alguma forma eles sumiram, ninguém os encontra em lugar nenhum. Eu não sei como explicar.

- Meu Deus, os pais deles já sabem disso? E Angel? Onde ela está? ━ o desespero tornara-se notório, as perguntas eram rápidas, atingindo a jovem como um raio.

- A polícia já falou com os pais deles e com os outros também. E a Angel está aqui comigo, não comigo no momento, mas está aqui no hotel. Tenta relaxar, mãe.

- Eu vou ir te buscar, Atena. ━ Sua voz parecia um pouco mais abafada enquanto aos fundos um barulho metálico tilintou.

- Não, mãe, agora não dá para eu voltar. Os policiais ainda estão conversando com a gente. Todos que se hospedaram no hotel terão que ficar mais um pouco, ainda não podemos sair. ━ respirou fundo.

- Você não pode ficar zanzando por um hotel na qual vários adolescentes desapareceram, e se alguém que está aí fez algo com eles?

- Está tudo bem, acredite, tem policiais para todos os lados. Só precisam fazer mais algumas perguntas e vamos ser liberados. ━ Observou a movimentação dos oficiais.

- E a senhorita acha mesmo que está protegida com essa gente? Esses policiais são incompetentes, Atena!

- Mãe, por favor, não complica. Amanhã já devo está em casa, tudo bem? Fala para a vovó que logo chegarei.

- Atena... ━ Um suspiro seguido de uma pausa. - Tome cuidado, se precisar me liga que eu te busco.

- Eu ligarei.

O CrocitarOnde histórias criam vida. Descubra agora