📞📞📞 O Universo Paralelo. Coroa.
- Meus ombros estão doendo... ━ Max murmurou ao passar as costas das mãos em suas bochechas, na intenção de secá-las.
- Cala a boca e para de chorar, isso é insuportável. ━ Nathan abraçou suas próprias pernas.
O fuzil imaginário estava a perfurar seus cérebros há horas. Estavam em estado de choque; tremendo o queixo e fixando os olhares em quaisquer pontos. O local semelhante a um salão abandonado cheirava persistentemente mal, algo como carniça ou esgoto. O chão com as poucas cerâmicas que o restaram ganhara poças nojentas que evitavam de esbarrar.
Estavam imóveis durante muito tempo. Tempo o suficiente para que já esteja de dia novamente. Amontoados na parede paralela a porta, tentando manter o completo silêncio. Os pés que vez ou outra formigavam por estarem a tanto tempo em uma mesma posição acabaram por se tornarem frustrantes. E por mais que as criaturas não estivessem mais naquele beco, o medo ainda permanecia com eles. Medo de que tudo aquilo fosse real.
A cada duas horas, Theo, sentia seu intestino e seu estômago se contraírem por não existir mais nutrientes para sugarem. Mas, por mais que aquele incômodo persistisse, ele parecia tão submerso em seus próprios pensamentos que ao menos tinha tempo para pensar em algo para comer. Seus ombros tremiam como se ondas eletrizantes o cercassem.
Em suas mentes rondava absolutamente nada. Não tinham o que pensar. Era sobrenatural, fictício, errôneo, terrível. Aquilo não tivera a mínima chance de ser realístico. Sentiam-se como se lhes fossem injetados as piores drogas. Estavam com corpo mole, dores de cabeça, medo e paralisia; sem contar a pressão no cérebro e a dor atrás dos olhos. Claramente sabiam o que tinha acontecido, lembravam-se do quanto correram, mas ainda sim, não era como se tivessem vivido a situação. As imagens que vinham em suas mentes eram tão rápidas que pareciam ter sido apenas um desespero instantâneo, nada tão longo quanto realmente foi.
Max teria chorado por algumas horas. Gregor puxado os próprios fios de cabelos. Nathan e Theo ainda xingavam em meros sussurros, enquanto Sarah parecia congelada dentro de seu próprio universo.
Uma espada acabara de perfurar seus olhos como se fossem meras orbes frágeis. O odor apavorante os forçara a usar o interior de seus cotovelos para cobrir as narinas. Queriam correr dali tão velozmente que nem mesmo o diabo fosse capaz de os ver.
- Estou com sede. ━ A ruiva sussurrou, mantendo a cabeça escorada na parede destruída pelo passar do tempo.
Quando as palavras teriam se tornado tão vazias? Os olhos da ruiva permaneciam-se fixos no mesmo ponto a horas, esforçando-se para que as pálpebras não se fechassem.
- Também precisamos comer. ━ Tentava manter a mínima racionalidade.
- Aqui é mais seguro. ━ Max esticou os braços, observando Gregor tocar ligeiramente o solo para se levantar.
- Ela está certa, precisamos achar o que comer.
- Podemos simplesmente ficar aqui e morrer de fome. ━ Nathan manteve a mesma posição.
- De qualquer forma vamos morrer. Aqui ou onde caralhos seja. ━ Sarah suspirou. Ela não queria soar tão rude.
- Ainda não sabemos se aquelas coisas querem mesmo nos matar. ━ Maxine insistia.
- Você vai querer ficar para descobrir? ━ A ruiva finalmente movimentou os olhos para encarar a amiga.
- E você? Quer sair para morrer? ━ Retrucou.
- Talvez eu queira, Max.
- Afinal, o que vamos comer? Terra? ━ O de cabelos crespos interrompeu as duas. Sem burburinhos, Theo ajudou o amigo a se levantar, puxando-o para cima.
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O Crocitar
HorrorA primeira viagem escolar da turma de 86, destinados a um hotel de luxo da cidade vizinha, onde se encontrara diversos museus pelas redondezas. No ônibus, personalidades desiguais formando bons amigos. No universo, locais diferentes formando audacio...