As pequenas partículas de areia, arranhavam a pele entre os dedos da garota caída. Ela desunia as pálpebras com dificuldade, sentindo uma dor percorrer pelos seus ossos em uma só sensação. Toda aquela areia grudada em seus lábios e em seus cabelos a faziam se perguntar o que teria vindo antes disso. Ao redor de Max se tornara possível ouvir outras pessoas se queixando sobre o que aconteceu. A garota apoiou as palmas das mãos na superfície para se reerguer, sentindo-as arder como se pequenas pedras estivessem adentrando as mesmas.
Ao forçar suas pernas à aguentarem toda sua anatomia, observou suas mãos arranhadas por cascalhos que teriam deixado vestígios em sua pele clara. Sua cabeça latejava como quem teria recebido uma bruta pancada. Os olhos escuros se lançaram para os lados, encontrando os três amigos espalhados pelo mesmo terreno. Onde estamos? A jovem tão apavorada correu até Sarah que ainda se debruçara sobre o solo imperfeito, se ajoelhando ao lado da ruiva que apertava os olhos diversas vezes para tentar se defender do clarão. Gregor, sendo o mais distante, estava ajoelhado sobre uma calçada estreita, movimentando-se em desespero para se livrar de toda poeira que impregnava em suas roupas.
O que aconteceu? Porque ali estava tão claro se quando partiram já era noite?
Maxine acertava sua testa com uma sequência de tapas desengonçados, como uma tentativa de recuperar alguma lembrança sobre o que teriam feito antes de aparecerem ali. Já a ruiva se levantava lentamente com a ajuda da amiga que lhe dera o apoio necessário. As duas transbordavam a confusão em seus olhos. Logo ao lado Nathan batia em sua calça para remover um pouco da poeira, resmungando sobre como seu pescoço doía.
- Meu Deus, minha moto. E a minha moto? Puta merda, minha moto. ━ Theo puxava seus cabelos em sinal de desespero. Uma reação um tanto quanto exagerada.
- O que caralhos tem sua moto? ━ Max chiou ao passar a manga do casaco em seu rosto para limpá-lo.
- Eu ainda nem terminei de pagar! Meu Deus. ━ O garoto arregalou seus olhos.
- Não fazemos ideia de onde estamos e essa é a sua preocupação?? ━ A de cabelos escuros irritou-se com a atitude fútil de Theo.
- Esse é o maior problema!! Cadê a minha moto??
- A culpa é sua, seu idiota! ━ Gregor correu até o menor, lhe empurrando pelos ombros. - Não deveria ter batido na droga do espelho.
Mesmo que um pouco manco, Nathan disparou em direção aos dois, encarando Gregor de forma ameaçadora pelo o que acabara de fazer.
- O Nathan quem deu a ideia do susto e agora a culpa é minha? ━ Discutiam insistentemente.
- Mas foi você quem achou a merda da sala, seu idiota! ━ Gregor o empurrou novamente, dessa vez sendo empurrado de volta por Nathan, de forma que o fizesse cambalear para trás.
- Não encosta nele, porra! ━ Nathan parecia rosnar como um cão fiel ao dono.
- Eu só esbarrei naquela porcaria porque você e a Sarah estavam gritando igual duas crianças, e nisso a Maxine quem me empurrou!
Sarah abandonou os ombros de Max quando notou que a mesma também iria entrar na discussão.
- Não venha me culpar! Eu estava preocupada com eles, beleza? Diferente de você que estava parado feito idiota.
- Parado feito idiota?? Eu estava...
A ruiva deu fracos passos na imensa rua que seguia à frente, abandonando os quatro mais uma vez. O céu parecia ainda mais descomunal do que o normal, as cores eram todas desgastadas e sombrias, como se tudo fosse tão irreal que nem mesmo tivesse chances de existir. Era nublado em tal intensidade que se tornara impossível encontrar o sol que estaria deixando o lugar com um aspecto de entardecer, pois, as nuvens cobriam quaisquer vestígios dele. Mesmo sem a presença de muitas árvores por ali, todo caminho era levado por folhas caídas ao solo.
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O Crocitar
HorrorA primeira viagem escolar da turma de 86, destinados a um hotel de luxo da cidade vizinha, onde se encontrara diversos museus pelas redondezas. No ônibus, personalidades desiguais formando bons amigos. No universo, locais diferentes formando audacio...