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📞📞📞 O Universo Paralelo. Coroa.

Sarah se mexia com cuidado para não acordar seus amigos. Algo dentro de si parecia contente em ver todos amontoados no pequeno espaço, em ver até mesmo Max abraçada em Theo, que vez ou outra parecia murmurar algo. Um fraco sorriso em seu rosto enquanto ajeitava seus óculos. Já era dia novamente, o céu continuara naquela mesma abundância de nuvens, era tudo tão frio, tão sombrio. Aquele tempo a apavorara, parecia que a qualquer momento tudo se tornaria preto e branco. Ela sentia tanto medo de tudo aquilo.

A ruiva caminhou com calma pelo espaço em que teria se apossado, a terra levantava junto com seus passos. Seus olhos verdes rodeavam por todas as extensões, não havia nem sinal daqueles que os abrigaram na noite passada. Seus ombros pesaram com a possibilidade de terem os deixado ali. Seu corpo doía tremendamente pela noite mal dormida, sua nuca estava rígida, seu corpo estava sujo com toda aquela poeira, ela sentia que a qualquer momento algo ruim aconteceria. A garota se sentou na mesma escada que os outros estariam sentados na noite passada, ela pousou sua cabeça sobre suas mãos que estariam apoiadas em seus joelhos. Seu peito doía, sua mente a perturbava de tal maneira que poderia corroer até mesmo o seu interior. O frio na barriga e aquela sensação incômoda de algo pessimista. Suas mãos suavam, sua perna tremia. Ela sentia falta de casa, falta de sua mãe. Eu não posso morrer aqui , repetia para si mesma, meu Deus eu não posso morrer sem contar a verdade, as lágrimas pingavam em seu tênis. Seu rosto estava vermelho como se tivessem a arremessado água quente. Seu choro se intensificava, o ar começava a lhe fazer falta. Não conseguia respirar de forma alguma, seu peito doía só pela tentativa de puxar o ar.

Ela tentava ao máximo esconder sua dor. Esconder a sua verdadeira versão. Ela não podia deixar que descobrissem quem ela era. O que era ela. O medo dos julgamentos, da rejeição. A cada novo pensamento as lágrimas desciam com ainda mais velocidade. Ela já nem mesmo sabia se chorava pelo medo de morrer ali ou pelo medo de a descobrirem.  

- Sarah? ━ Chamou-a fracamente.

Ela não ousaria mostrar seus olhos inchados para quem quer que fosse, mas poderia reconhecer que era Nathan quem usaria aqueles pares de tênis surrados.

- O que aconteceu? ━ A voz calma.

Sarah segurara os ruídos, segurara até mesmo as lágrimas, ela tentava buscar o ar com calma para que ele não a visse tão frágil. Ela virou o rosto quando sentiu o garoto sentando ao seu lado. Ele estava em silêncio, não sabia o que dizer.

- Eu ando preocupado com você, sabia? ━ perguntou em vão - Tenho tanto medo de você fazer alguma besteira. As vezes você está próxima de nós, e de repente você decide sumir, decide me ignorar.

A garota passou as costas das mãos em seus olhos, tentando secá-los ao máximo. Não tinha coragem de se virar.

 - A gente vai voltar para casa, eu prometo que nada vai acontecer, Sarah. ━ Encarou o chão - Eu sei que posso ser o cara que você precisa. Pensa em tudo que já passamos juntos, você sempre esteve ao meu lado, então também vou estar ao seu lado.

Ele fazia questão de a lembrar de tudo, das vezes que ela subia em suas costas e ele a carregava por todos os lados, das vezes que ele aparecia em sua casa e ficavam lá, sem fazer nada. De todas as brincadeiras bobas e de todas as vezes que um desabafou com o outro. Em algum momento a ansiedade se transformou em fracas risadas. Ela conseguia esquecer tudo nesses momentos.

- Você se lembra quando fizemos pipoca na sua casa? ━ Ele mantinha um sorriso de orelha a orelha que aumentou ainda mais quando Sarah finalmente ousou olhar em seus olhos - A gente colocou milho demais e voou pipoca para todos os lados.

O CrocitarOnde histórias criam vida. Descubra agora