☎☎☎ A realidade. Cara.
Angel ajeitava seus cabelos dourados com as mãos, deixando-o ainda mais ondulado do que o convencional. Ela já estava pronta para se encontrar com Atena e Chass, dando os últimos retoques em frente ao espelho. O dia estava ensolarado como ela sempre gostara, então optara por um short jeans e seu all star vermelho, sua blusa era de um azul claro, larga, com a estampa branca de uma praia, logo em cima escrito "the sea is the calmest place", sua pulseira amarela continuara ali, rodeando seu pulso. A garota saiu de seu quarto sem pressa, estava desmotivada como todos os outros dias, mentalmente exausta.
- Está de saída, Angel? ━ Sua mãe perguntou no corredor, vendo a filha arrumada para algo na qual não fora informada.
- Vou me encontrar com a Atena, mãe ━ Respondeu sem rodeios - Vou ser rápida, prometo.
Sua mãe assentiu sem questionar muito, não a impediria de sair de forma alguma, levando em conta o quão deprimida a filha aparentava estar desde que retornara da viagem. Já faziam quase três semanas que não tinham aulas, tudo por conta das buscas, o hotel aparentemente ainda estava sendo investigado, mas nada demais teria sido divulgado na mídia, era como se a notícia estivesse sendo esquecida aos poucos. Mas, Angel nunca se esqueceria.
Ela saiu da casa sentindo o sol quente chocar-se contra sua pele, esquentando-a. Fazia alguns dias que não saia de casa, não sentia vontade. Mas hoje tomara a coragem após diversas ligações de Chass, dizendo-a que existia um lugar na qual os três poderiam se encontrar para conversarem sobre o que fizeram. Ela já havia declarado que tinha medo do que aconteceria caso descobrissem que invadiram o hotel, e por isso não arriscariam falar sobre no telefone fixo de suas casas. O Walkie Talkie também não era de grande ajuda, já que os três não obtiveram coragem de usá-los desde que retornaram, Angel se lembrava dos amigos sempre que via o pequeno aparelho no canto de seu quarto, tentando ao máximo ignorá-lo para não voltar a se tornar uma adolescente deprimida e em posição fetal, deitada em sua cama.Atena teria confirmado o lugar que Chass comentou, guiando Angel por pontos de referências espalhados pela cidade. Ambas não faziam ideia de onde estavam indo, mas não tinham outra escolha a não ser confiar, e foi o que fizeram. A loira olhava ao redor da rua, verificando todas as lojas que foram indicadas por telefone, dobrando a cada esquina que mandaram. Era difícil memorizar um caminho tão longo, e era mais difícil ainda quando o sol não auxiliava em sua visão. Angel sentia o pouco suor em suas costas, mas mesmo com o cansaço que surgira, não desistia de amar o sol, de amar seu brilho e a forma em que ele sempre persistia em bater contra a janela de seu quarto. Suas pernas já estavam cansadas, mas continuava andando pela calçada, vendo algumas pessoas que caminhavam sem pressa, como se todo tempo do mundo fosse delas.
Em uma das esquinas, se deparara com um poste repleto de cartazes, e entre eles, dera de cara com o anúncio de "Procura-se", logo abaixo uma foto de Max. Seu coração se apertava sempre que encontrava um desses espalhados pela cidade, sempre se sentia insuficiente por não tê-los ajudado e por não conseguir fazer nada sobre isso. A única informação que obtivera sobre Maxine é que sua mãe teria surtado quando soube que a filha estava desaparecida, assim como a mãe de Nathan e Sarah, que se juntaram para espalhar diversos cartazes dos dois pela cidade. O único que não tinha ninguém procurando por ele era Theo, a família se quer buscou informações ou se interessou, e isso a fazia se sentir ainda pior. Era tão difícil ver aquela foto da Max, colada em um poste, sem cor alguma, mas ainda sim com a garota sorridente. Angel negou com a cabeça, mordeu o interior de sua bochecha e passou reto antes que as lágrimas a atingissem. Eram essas fotos que a forçavam a não sair de casa, pois, ainda não descobrira como lidar com aquilo.
A garota percebera como a cidade parecia extensa agora, tendo que cruzá-la quase que por inteiro. Era fim de semana, então a maioria das lojas estavam fechadas, o que restara foram lanchonetes e os mercados, que ainda insistiam em atrair alguns clientes bobos que atravessavam as ruas. Quando dobrou mais uma esquina notou que o número de casas era bem menor, e a qualidade delas também, estava entrando em um bairro mais pobre, mas isso não a assustava, apenas a fazia estranhar como Chass conhecera algum lugar por ali. A maioria das casas eram inacabadas, algumas sem pintura e outras sem as janelas, já tivera passado por este bairro muitas vezes para ir em uma loja de roupas que gostava, era como um atalho até lá. No final da rua reparou a única casa que não se assemelhara as outras. Era simples também, mas não convencional. Se tratava de uma pequena casa de madeira, simpática, mas um pouco destruída, talvez pelo tempo ou coisas semelhantes.
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O Crocitar
HorrorA primeira viagem escolar da turma de 86, destinados a um hotel de luxo da cidade vizinha, onde se encontrara diversos museus pelas redondezas. No ônibus, personalidades desiguais formando bons amigos. No universo, locais diferentes formando audacio...