📞📞📞 O Universo Paralelo. Coroa.
Estava tudo escuro, sombrio. O garoto olhava à sua volta com o desespero presente em seus olhos. Não havia nada. Nada além de si mesmo na vasta solidão do universo. Ele gritava, mas sua voz parecia não sair de forma alguma, seus longos braços projetados para frente, como quem tenta tatear algo. Gregor olhara para as palmas de suas mãos, estavam sujas do que parecia ser sangue. Bom, o vermelho vibrante provavelmente era sangue. Ele tremia o queixo, era como se ventasse, mesmo não sentindo vento algum tocar sua pele. Ele podia ver uma sombra agachada a metros de distância. À sua volta tudo era preto, mas ele a via. Ele andou desengonçado na esperança de que fosse real, cambaleando em direção a garota agachada. Ela soluçava, seus ombros subiam e desciam, abraçada as próprias pernas, encolhida como um cachorro abandonado. Mas lá estava ele, de pé como um poste, observando-a chorar. Ele a chamou preocupado, esperando que fossem conversar.
- Atena?
O choro se intensificava, os cachos escuros completamente bagunçados, tampando seu rosto. Ele se agachou, chamando-a com mais força, mas as palavras não emitiam som. A garota não se movia, e sua visão começara a ficar embaçada. Ele passou as mãos nos olhos, sacudiu a cabeça e os apertou. Tudo parecia borrado. Podia sentir o suor escorrendo pela lateral de sua testa, podia sentir sua pressão cair.
- Atena?
Os soluços dela pararam, ele apertou os olhos novamente com mais força, o jovem se atentava a ela, mas era como se uma pressão tão forte fosse depositada em sua cabeça, que era capaz de fazer tudo rodar. Ele tentou a tocar mesmo sem enxergar bem, mas recuou quando viu a mesma se mexer.
- Atena! Me responde.
Ela levantou a cabeça com rapidez, encarando a escuridão a sua frente, suas sobrancelhas estavam franzidas, os pelos eriçados. Enquanto observava as lágrimas que desciam por suas bochechas, Gregor deitou a cabeça para flagrar seus olhos inchados, os mesmos que ele mal conseguia visualizar. Estava perdendo as forças. Mas ele buscou o ar e a chamou mais uma vez, a chamou pela última vez, com todo esforço que poderia. Dessa vez ela olhou em seus olhos, mas era como se não pudesse vê-lo, era como se o sentisse mas não encontrasse-o. Ele estendeu uma das mãos para acariciar seu rosto, mas algo envolveu seu pescoço. Sua coluna se chocou contra o chão, estava sendo arrastado, se debatendo contra o chão. Ele tentava a alcançar com uma de suas mãos enquanto a outra lutava para separar o item de seu pescoço, mas o fio envolta de sua pele parecia apertar mais ainda sua garganta, fazendo-o sufocar, fazendo sua visão sumir por completo, até que finalmente o ar acabasse e suas mãos caíssem ao lado do corpo.
Gregor acordou em um susto, ele tossia como se algo realmente tivesse prendido sua garganta, parecia não conseguir buscar o ar, e foi então que sentiu a mão de Sarah afagando suas costas, o perguntando o que houve.
- Você está bem? Engasgou com o que? ━ A ruiva se preocupou, pegando a garrafa de água que Max a ofereceu.
Seus olhos estavam arregalados, assimilando que ainda estava no mesmo lugar deserto que antes. Ele encarou a garrafa que lhe fora oferecida, agarrando-a e dando um longo gole para desprender o que quer que fosse que o sufocara assim.
- Eu não sei. Acho que só me assustei.
- Está melhor agora? ━ O questionou, vendo-o assentir.
- Por que não me acordaram? ━ Ele encarou todos que estavam espalhados no ambiente, secando sua boca com as costas da mão.
- Concordamos que seu olho roxo merecia um pouco mais de descanso. ━ A ruiva brincou.
- Continua mesmo tão roxo assim? ━ Ele tocou a lateral de seu rosto com cuidado.
- Nem tanto, está bem melhor. ━ Ela sorriu, mas logo seu sorriso pareceu se apagar ━ Eu vou sair.
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O Crocitar
HorrorA primeira viagem escolar da turma de 86, destinados a um hotel de luxo da cidade vizinha, onde se encontrara diversos museus pelas redondezas. No ônibus, personalidades desiguais formando bons amigos. No universo, locais diferentes formando audacio...