lago

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"staring at the sunset, babe"

- Por que está me olhando tanto? Quer ouvir o que eu estou lendo? - provoco ao encarar Tsukishima por cima do livro de poemas que eu segurava.

Durante a viagem para meu ducado, nós dois estávamos dividindo uma carruagem. Por conta da caminho longo, eu havia trazido alguns livros. O loiro se dividia em cochilar, reclamar e ficar me encarando até eu perder a paciência.

- Prefiro terminar a viagem a pé.

Ignoro completamente.

- Este é bom: eu cantarei de amor tão docemente, por uns termos em si tão concertados, que dois mil acidentes namorados faça sentir ao peito que não sente. Farei que amor a todos avivente...

- Cale a boca - Tsukishima me interrompe. - Se eu soubesse que teria que aguentar isso, viria sozinho em uma das minhas carruagens.

Sorrio.

- Você tem muita cara de pau para ter coragem de aparecer depois de ontem... Se você continuar reclamando vou me sentar ao seu lado pelo resto da viagem.

O loiro apenas desvia o olhar e volta a observar a paisagem. Volto minha atenção aos poemas preferidos.

Quando finalmente chegamos, saio apressado do veículo e respiro fundo o ar puro das minhas ternas, com o peito pesando em saudade. Eu amo esse lugar mais que tudo.

- Bem vindo a minha casa, milorde. - o mais alto me ignora, mas percebo que ele parecia bastante interessado enquanto olhava ao redor para o verde das vegetações que adornavam a grande casa onde eu morava. - Prepare dois cavalos, por favor - aviso para um dos meus homens e me aproximo de Tsukishima. - Quero lhe mostrar algumas coisas.

- Passo. Estou cansado.

- Você não tem escolha, seu amargurado. - coloco a mão direita em seu ombro - Vou lhe mostrar quem são as verdadeiras pessoas que mantêm este país de pé.

*

Depois de alguns longos minutos cavalgando pelas estradas de terra, chegamos na primeira vila. Ordenamos que os cavalos diminuam o ritmo e começamos a andar lado a lado. 

- Preste bem atenção. Para o rosto das pessoas, sim? 

Conforme adentramos na pequena comunidade, as pessoas saiam de dentro das casas para nos observar. Eram homens, mulheres, crianças, idosos; mas todos tinham uma coisa em comum: a expressão de tristeza e desespero. As pessoas estavam desamparadas e sofrendo. Era fácil perceber a atmosfera fria e cinza do local. Meu Deus, se aqui está assim, imagine como não deve estar nas outras terras?

Algumas crianças corriam e brincavam com uma bola murcha e algumas mulheres cozinhavam algo em um fogão de lenha improvisado. Algumas pessoas se arriscavam e levantavam as mãos em nossa direção, pedindo por qualquer coisa. Olho para Tsukishima, que tinha a testa franzida em uma expressão desacreditada.

- Por que essas pessoas estão assim?

- Porque o seu rei está roubando o dinheiro, fácil. É por isso que estou arriscando minha vida.

Ao chegarmos no centro da vila, desço do cavalo e peço a um garotinho que dê água a ele. Meu parceiro faz o mesmo, se juntando a mim. Com um aperto no coração encaro as pessoas que começavam a se reunir, formando uma plateia.

- Hum, duquezinho? - ouço a voz incomodada do loiro e me viro em sua direção. Quase rio ao encontrá-lo com uma criança puxando suas roupas. Me aproximo.

- Oi - me abaixo, para ficar na mesma altura da garotinha.

- Vocês são os homens maus que vêm pegar nosso dinheiro? - ela diz timidamente. Olho para Tsukishima que me lança um olhar desesperado. - Não pequena, fique tranquila. - enfio a mão no meu bolso e retiro de lá uma moeda. Coloco a mão atrás de orelha da menina e mostro o dinheiro, como em um passe de mágica. Ela abre um sorriso ao pegar o pedaço de prata e sai correndo em direção a sua família. Me levanto e assumo minha postura de líder.

a última dança - tsukkiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora