inocência e amor puro

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"I'm on your side"

- Me desculpe por não ter vindo te visitar antes, Tadashi - Bokuto diz após se sentar ao meu lado no chão, com as costas encostadas na mesa do meu escritório. - Eu realmente fiquei muito mal com isso tudo. De verdade.

- Tá tudo bem, eu te entendo. Também fiquei um caco. Na verdade ainda estou. - dou mais um gole na bebida do cantil que eu segurava. - Quer um gole?

- O que é isso? - passo para ele, que toma um gole e franze o rosto - Isso tá muito forte! 

- É a intenção - pego o cantil de volta e tomo outro gole.

- Ei, Tadashi. Você está... Se sentindo melhor?

- Acho que sim. Quero dizer... Tô melhorando aos poucos. Eu ainda penso nele todo santo dia. - confesso.

- Eu também. Tava até tendo pesadelos. Mas o Akaashi me ajudou um pouco com isso.

- Akaashi? 

- É... Na verdade ele é um outro problema na minha vida. Ultimamente a gente só vive brigando e discutindo.

- Nossa. Sério? - me faço de desentendido - Por que?

- É, ele diz que nós não podemos falar sobre os nossos sentimentos, é tão chato. Eu não sei guardar só pra mim o que eu sinto. Mas o bom é que nós sempre arrumamos um jeito de ficar bem depois - ele dá um sorriso.

- Que bom. Parece que vocês são feitos um para o outro - outro gole, dessa vez longo.

- Ele disse que viria te visitar também.

- Sou muito grato a vocês. Obrigado por se preocuparem comigo - deito a cabeça no ombro de Bokuto.

- Não precisa agradecer. A gente é praticamente irmão! Sempre vamos estar aqui um para o outro, lembra que a gente prometeu isso?

- Sim. Mas é que... Eu estou com tanto medo. Não quero mais perder ninguém.

- Ei! Eu vou viver até os cento e trinta anos! - dou uma risada e ele ri junto comigo - Você vai desistir de tudo, Tadashi? - Kotaro pergunta depois que nossa risada morre.

Eu queria desistir. Mas a voz de Tsukki na minha cabeça, dizendo que existiam milhares de pessoas dependendo de mim, não deixava. Como eu poderia abandonar tudo? Como eu poderia deixar mais pessoas que dependem de mim morrerem?

Antes que eu pudesse responder, Akaashi chega com uma trouxa de bolinhos na mão, arrancando um sorriso de mim.

- Oi - ele cumprimenta com a serenidade de sempre - Trouxe aqueles bolinhos que você gosta.

O moreno se senta no meu outro lado e me passa os bolinhos. Dou um a ele e outro a Bokuto.

- Eu amo vocês - murmuro, sem ter coragem de tirar os olhos do chão. - Me desculpem.

- A culpa não foi sua - Kotaro tenta me consolar.

- É. Você não precisa ficar se lamentando - Keiji fala.

- Ok. - mordo um bolinho, sem ter vontade de falar pela centésima vez de que  culpa é minha, sim - Será que tudo ficará bem de novo? Será que a gente vai conseguir?

- Eu rezo por isso.

- Eu também. Acho que todos rezam.

Estava prestes a dar a última mordida no bolinho quando a porta se abre novamente, revelando a última pessoa que eu queria ver na terra. Meu coração dispara e eu fico estático. Tendou se esgueira para dentro e se aproxima. Levanta a sobrancelha e seus olhos dançam entre as cadeiras e o chão. Por fim, senta-se no chão.

a última dança - tsukkiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora