bolinhos

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"baby, I turn red"

Ainda me lembro perfeitamente da primeira vez que o vi: fui grosso e o tratei mal, chegando a ameaçá-lo. Agora, depois de algumas semanas, uma parte de mim não gostava e me impedia que eu agisse dessa forma novamente. Eu ainda falava mal e dizia não gostar dele, mas era impossível negar que eu desenvolvi um certo apreço por aquele homem.

- Por que está me olhando desse jeito? - Tsukishima me tira do transe. Ele estava com sua blusa e sobretudo pendurados no braço e seu peitoral estava desnudo. Sinto meu rosto esquentar por ter sido pego o olhando dessa forma. Fixo o olhar no rosto dele, com medo de olhar demais para onde não devia outra vez. Para minha surpresa, ele também estava corado, fazendo meu rosto se avermelhar mais ainda.

- N-nada. Eu vou pegar as roupas. Isso, roupas - me viro e procuro as roupas limpas. Escolho uma boa combinação e entrego a ele.

Em seguida, escolho uma para mim também. Começo a retirar minha blusa, mas paro no meio da ação ao notar marcas nas costas de Tsukishima. Curioso, me aproximo dele para ver melhor.

- O que você pensa que está fazendo? - o loiro pergunta. Ele havia parado de se mexer quando o que nos separava eram apenas alguns pouco centímetros, deixando a blusa vestida pela metade e as costas cheia de cicatrizes exposta.

Ignoro a pergunta e, com a ponta dos dedos, encosto na sua pele, que fica automaticamente tensa.

- Já disse para você não encostar em mim! - ele briga, mas não se afasta. Parecia paralisado.

- Calma. - depois de algumas respirações fundas ele finalmente relaxa. Começo a passear com os dedos pela pele marcada. - Quem fez isso com você?

Tsukishima apenas dá um suspiro, virando a cabeça para me olhar por cima do ombro. Quando nos olhos se encontraram, eu soube.

- Foi seu irmão? - as poucas interações que eu tive com o marquês repassam em minha cabeça. - Eu sabia que tinha algo... Sempre desconfiei sobre o caráter dele - sigo com o dedo a linha que uma das cicatrizes seguia.

- Ele sempre descontou as coisas em mim, principalmente por eu não ser quem ele quer que eu seja. É frustrante agir como uma pessoa totalmente diferente só para não apanhar em casa a noite. - Tsukishima desabafa - No começo eu achei que era por minha causa e por ele ter que assumir um título de tamanha importância tão de repente e tão despreparado. Mas depois... Os motivos começaram a ser sem sentido. Nossa, eu sempre ficava tão assustado e nunca aprendi a me defender... Odeio que ele seja tão... Perveso.

Paro de tocar na pele dele, indignado. Como o irmão dele teve coragem? Akiteru com certeza é uma pessoa que não ama a família. Agora eu entendia o porquê de Tsukishima não acreditar em amor: o loiro nunca teve um exemplo disso dentro de casa.

- Eu sinto muito...

- Tanto faz - ele termina de vestir a blusa e se vira para mim - São só marcas feias e ficam escondidas de qualquer forma.

- Não fale assim. Elas demonstram coragem e força. Não devia ter vergonha. - ele revira os olhos.

- Nem sei por que estou falando isso para você. Promete que não vai contar?

- Agora confia em mim, Tsukki?

- Que droga de apelido é esse? - ele logo se irrita.

- Gostou? - termino de me vestir - Eu achei que seria legal criar um apelido para você também. Muito mais criativo que o seu.

- Eu odiei. - suspiro.

- Hoje você está com um humor melhor do que na última vez que nos vimos, no jantar. - troco de assunto - Obrigado por não ter contado nada.

a última dança - tsukkiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora