pedido de casamento

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"baby, I'll love you till the end of times"

- Tadashi. - Tanaka diz assim que chega em minha casa, antes mesmo de entrar - Eu preciso lhe dizer uma coisa.

- Está tudo bem?

- Sim. Na verdade, estou um pouco nervoso, mas sim. Eu... Eu queria lhe dizer que vou aproveitar este noite... Vou usar a oportunidade para pedir sua irmã em casamento. Gostaria de saber se o senhor me dá sua benção.

- Oh.

- O que foi? Eu não posso me casar com ela? Oh, ela disse que me odeia?

- Não, claro que não. Eu só estou surpreso - tranquilizo ele - Fique tranquilo, Tanaka. Acredito que você fará minha irmã muito feliz. E eu também ficarei muito feliz se você fizer parte da nossa família.

- Obrigado, muito obrigado! - ele abre um sorriso enorme.

- Não há de que. Vamos, entre. Ela já deve ficar pronta.

Juntos, entramos em casa e ficamos sentados no salão de visitas esperando as meninas para poder irmos à festa. Era primeira vez em quase dois meses que eu resolvia sair de casa para enfrentar a alta sociedade. Ainda tinha um pouco medo do que eu poderia encontrar. Murmúrios, olhares de pena, raiva? O que pensariam de mim?

Meu devaneio é afastado quando minhas irmãs entram no salão, nos cumprimentando. Nós quatro nos apressamos e entramos nas carruagens, indo a caminho do baile da noite.

- Irmão - Yachi me chama - Você está bem?

- Sim, claro que sim - dou sorriso - E você?

- Bem. É só que... Você se afastou tanto da gente, parece que faz décadas que nós não conversamos. Kiyoko está na outra carruagem, mas aposto que ela se sente assim também. - dou um suspiro.

- Me desculpe. Eu só estou um pouco sobrecarregado demais. As vezes fica difícil. - enxugo rapidamente a lágrima que cai - Muito difícil.

- ... Mas você sabe, né?

- O que?

- Não precisa carregar tudo sozinho.

- Eu sei. Obrigado. - dou um sorrisinho - Quando que você ficou tão esperta assim, hein?

- Idiota. - Yachi briga, mas com um sorriso aliviado no rosto.

*

A festa estava lotada, como sempre. No começo foi difícil lidar com os julgamentos feito com olhares e cochichos. Contudo as pessoas, na falsidade costumeira, ainda me cumprimentavam.

- Quando os músicos começarem, - Yachi começa - vou te puxar para a pista de dança. Vai te animar um pouco.

- Eu não sei...

- Pare com isso. Vai ser bom!

- Sabe o que vai me animar? Não conta para ninguém, mas hoje a Kiyoko vai ser pedida em casamento.

A loira fica boquiaberta e se segura para conter a alegria.

- Não acredito! Oh, meu Deus! Será que ela desconfia?

- Aposto que sim - rio - Você sabe como ela é, tão perspicaz. E não é como se o senhor Tanaka conseguisse esconder a ansiedade.

- Será que ela vai aceitar?

- Yachi, irmã. Kiyoko é tão inteligente. Ela não vai deixar príncipe encantado dela escapar.

- Você parece uma garotinha de nove anos viciada em conto de fadas. - reviro os olhos - Oh, querido irmão, já foi em busca da sua donzela de sapatinhos de cristais? - ela debocha de mim.

- Você é insuportável. E você, cadê seu príncipe encantado? - uso o mesmo tom de voz

- Está falando do milorde Tsukishima? Não sei. Ele não deu sinal de vida hoje. - ela dá de ombros. - Nem ontem.

- Ah. Que pena.

- É. Bem, vou conversar com minhas amigas. Tchauzinho. - ela se afasta - Lembre-se da nossa dança!

Depois que ela se afasta, fico sozinho conversando com alguns nobres até eu encontrar o motivo da minha presença neste baile. Caminho em passos largos até o visconde, com medo de perdê-lo de vista.

- Kageyama - chamo. Quando ele se vira em minha direção, faço uma reverência, que é respondida.

- Duque. Achei que os boatos de que você se mudou para o interior eram reais. Quer dizer, faz bastante tempo que você não aparece.

- Espero que você não tenha usado esse tempo para me substituir por outro amigo.

- Hum?

- Talvez pelo marquês Tsukishima... - levanto as sobrancelhas, usando um tom sugestivo.

Kageyama dá uma risada.

- Você é ridiculo.

- Sabe, Kageyama, é difícil entender você. Em que lado você está, afinal? Não é como se você não soubesse que o marquês é um grande filho da mãe.

- Os fins justificam os meios. Aristóteles - ele me dá um sorriso.

- Kageyama, mas... - falo em um sussurro - Se você continuar se metendo com ele... Você pode acabar mo...

- Não se preocupe, Tadashi. - sou interrompido - Se acontecer alguma coisa eu vou saber me safar. Tenho inteligência para isso.

- Inteligência e dinheiro, você quis dizer.

- Talvez. Bem, aproveite a festa! - Kageyama acena e se afasta, indo em direção a uma dama e levando-a para a pista de dança.

Começo a procurar alguma moça para me acompanhar, mas a música para de repente e todos parecem olhar para o centro do salão. Quando consigo me aproximar, encontro Tanaka ajoelhado com um anel em uma mão e segurando a mão de Kiyoko com a outra.

- ... Eu a amo. - consigo escutar - Desde o primeiro dia que a vi, naquele salão de festas. Todos esses dias que passei ao seu lado foram a minha maior alegria. Eu... Eu já não consigo imaginar uma vida longe de você. A senhorita aceita ser minha esposa?

Minha irmã, aparentemente envergonhada, dá um daqueles sorrisos largos e raros dela.

- Sim - ela diz. - É claro que sim.

O senhor Tanaka coloca o anel e deposita um beijo sobre a joia, fazendo todos baterem palmas e dar felicitações aos noivos. Abro um sorriso orgulhoso.

*

Acordo com um susto por conta de outro pesadelo. Já estava virando rotina. Toda noite eu sonhava com alguém que eu amo morrendo pelas mãos de Oikawa. Toda noite, eu me acordava quase gritando e com a respiração entrecortada. Com o rosto cheio de lágrimas.

Suspiro e afasto o lençol. Limpo meu rosto antes de sair da cama. Saio do quarto, indo em direção a cozinha, pensando que um chá talvez me fizesse sentir melhor. Desço as escadas com calma, sem querer tropeçar no escuro - o que quase acontece quando começo ouvir o barulho alto de alguém batendo na porta.

Me apresso e vou até ela, abrindo-a. Fico surpreso ao encontrar Tsukishima, mas a surpresa é logo substituída pela preocupação quando noto o estado dele. A respiração acelerada, as sobrancelhas unidas e as lágrimas pelo rosto. Ele parecia tão fraco, tão... Vulnerável.

- Tsukki...

Ele se aproxima de mim e me prende em um abraço, ainda soluçando junto de mim. Acaricio as costas dele, tentando acalmá-lo. Com o tempo, o choro dele diminui e a respiração começa a normalizar. Tsukishima me solta e enxuga as lágrimas com o braço.

- Posso passar a noite aqui? - o loiro pede, com a voz ainda embargada.

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a última dança - tsukkiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora