robin hood

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"Astronomy in reverse
It was me who was discovered"

Os primeiros raios de sol surgem no céu e eu já estava entrando em minha carruagem. Havia deixado um bilhete explicando a minhas irmãs o motivo da minha viagem repentina e deixado dinheiro caso precisassem. Agradeço por alguns dos meus livros ainda estarem lá sobre o banco; aparentemente o veículo não tinha sido limpo depois da minha última viagem. Se eu me esforçasse, até poderia imaginar que Tsukki estaria dividindo o espaço comigo, me encarando e provocando. Sorrio com a lembrança.

O caminho é tranquilo, apesar da demora. Dois livros de poemas e alguns cochilos depois, já havia chegado à vila do meu destino. Era grande e desenvolvida, mas, apesar do local ser privilegiado próximo a capital, já mostrava sinais da fome e desesperança se alastrando.

Checo o relógio, percebendo que estava quase na hora do almoço. Ajeito a capa, colocando o capuz sobre minha cabeça e fazendo o meu caminho até a taverna principal. Era escura, preenchida pelo cheiro de álcool de baixa qualidade e conversas altas de homens, enquanto algumas mulheres passeavam pelo estabelecimento servindo os clientes.

- Bom dia - cumprimento a mulher atrás do balcão que preparava algumas bebidas. 

- Não conheço você. O que faz aqui? Quer ser assaltado? Aposto que consigo acabar com você em segundos. - ela pega uma faca e aponta na minha direção, fazendo-me arregalar os olhos de medo - Eu não gosto de viajantes. - a mulher ameaça.

- Não há necessidade para isso, por favor. - tiro o capuz e levanto as mãos em forma de rendição - Estou procurando pelo senhor Yu Nishinoya. Ele está em casa?

- Tadashi! - uma voz me chama por trás, me fazendo virar em sua direção. Encontro o pequeno homem de cabelos espetados com uma caneca de cerveja estendida para mim - Quanto tempo! Quer que eu mate alguém para você?

- Não, por que eu ia querer isso? - me aproximo - Com você vai, seu ladrão?

- Muito bem, obrigado. - ele se senta em uma das mesas do bar e pede duas cervejas. - Melhor só se o babaca do rei estivesse fora do trono! - alguns homens gritam em apoio. Seguro minha vontade de sorrir.

- Bem, eu vim até aqui para fazer um pedido. Quero que encontre este homem para mim - dou a ele o papel contendo o nome de Takeda.

- Humm. O que ganharei com isso, Tadashi?

- Não fale assim. Sabe que sou um homem generoso - puxo a sacola repleta de moedas de ouro e coloco em cima da mesa. Alguns homens sussurram e ficam assustados.

Se eu estivesse sozinho, com certeza seria atacado. Mas com Nishinoya me acompanhando, ninguém ousaria. Ele é um grande nome, respeitado por todos. Seus amigos, portanto, eram respeitados da mesma forma.

- Você devia vir me pedir favores mais vezes, amigo! Madame, dê um copo de cerveja para cada homem presente! A conta será minha! - o rapaz separa alguma das moedas e deixa na ponta da mesa para pagar a rodada ao mesmo tempo que as pessoas presentes comemoravam com avidez. - O resto irá para a doação. Tadashi... É triste. Tantas pessoas passando fome. Pelo menos algumas famílias terão o que comer hoje. Obrigado. - ele dá um sorriso cheio de gratidão.

- Não há de que. - sorrio.

- Sem querer ofender, mas se pelo menos aqueles covardes filhos da mãe dos nobres fizessem algo... Não é como se um bando de camponeses pedindo justiça pudessem fazer algo sozinhos.

- Não ofende, fique tranquilo. Eu entendo, também me sinto assim. Revoltado.

- Filho da mãe! Não fale como se você não fosse um dos que não fazem nada! - ele diz sorrindo, porém com um fundo de verdade na voz. - Bem, sobre o seu pedido, qual foi a última vez que o viu?

a última dança - tsukkiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora