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#AtéSeQueimar

Park Jimin sai pela porta do banheiro, coberto apenas por uma cueca boxer; junto a ele, a fumaça escapa em direção ao interior do quarto. Os cabelos loiros caídos sobre os olhos, mínimas gotículas pingando no rosto sereno. A luz acesa evidencia a pele molhada e brilhante, coberta por desenhos em quase toda a sua extensão. Jimin para em frente ao espelho, os olhos pequenos atentos à medida em que decide qual roupa irá usar para a ocasião desta noite, ao passo que o vento se espreita entre a pequena fresta da janela e acerta seu corpo, ocasionando arrepios constantes.

Faz meses que ele não tira um tempo para se divertir; está sufocado com o trabalho em seu estúdio, onde atua como tatuador. É uma rotina exaustiva, ainda que goste do que faz. E, como sempre, Leila Cobb é a única pessoa capaz de tirá-lo da monotonia de todos os dias.

As pernas torneadas se movem até o guarda roupas, onde Jimin abre a porta de correr e encara as diversas camisas de botões penduradas em cabides: são o estilo preferido do tatuador, ocupando mais da metade de todo seu guarda roupas — do qual está longe de ser modesto. Os dedos pequenos seguram uma peça branca entre eles, vestindo-a com cuidado por conta dos brilhantes grudados em toda a superfície superior. Os botões permanecem abertos, até que toda a umidade de seu torso tenha secado. Na gaveta logo abaixo, Jimin retira uma das dezenas de calças de lycra na cor preta, das quais guarda como uma grande coleção, e cobre as pernas com ela.

Os pés permanecem descalços sobre o tapete felpudo abaixo de si, caminhando até a penteadeira, de onde retira um pente e ajeita os cabelos de maneira que a testa fique à mostra. Jimin não costuma usar maquiagem em seu dia a dia, até porque passa a maior parte do tempo na companhia de uma máscara, mas sabe exatamente o que tem de fazer para dar destaque aos olhos que tanto gosta. O Park esfuma as pálpebras com um misto de preto e roxo, dando ao olhar profundo ainda mais peso.

Não há uma pessoa que o olhe e seja capaz de negar a presença e intensidade que cada traço e ação do loiro carregam.

A atenção, agora, estava focada em sua boca, onde deslizava o gloss por toda extensão — tomando cuidado com a pequena bolinha de prata no meio de seu lábio inferior — quando foi surpreendido pela porta de seu quarto sendo aberta de maneira abrupta. O corpo do loiro dá um pulo, virando-se assustado em direção ao barulho, onde um homem de estatura alta, cabelos azuis e expressão marota o encara com um riso trancado na face.

— Te assustei, maninho? — O mais alto cruza os braços e se encosta no batente da porta, sorrindo pequeno para o Park, que suspira cansado e guarda o gloss na gaveta.

— Não pode avisar que está vindo, Park Taehyung? E não sabe bater? — Jimin ignora sua presença e vai até a cama, onde se senta para colocar as meias e calçar os sapatos sociais.

— Queria fazer uma surpresa para meu irmãozinho, que não vejo há mais de uma semana. Mas, parece que você tem planos mais interessantes para essa noite. — O outro permanece em pé na porta, encarando o loiro terminar de colocar os sapatos, impassível.

— Pois é, parece que você perdeu seu tempo vindo aqui sem me avisar. Quem sabe assim não aprende a me mandar mensagem antes. — A frieza do caçula, desprovida de crueldade, nunca tem efeito no irmão.

— 'Nha, acho que não. Vou aproveitar que você vai sair e ficar aqui, comendo as porcarias que você compra e assistindo algo naquele sofá gigante — Taehyung responde animado, evidenciando que não está brincando.

— Tanto faz, só não quero sujeira no meu sofá. Você vai lavar ele inteirinho se eu encontrar uma mancha sequer nele, e com a língua. — Jimin dá de ombros, se levantando da cama e fechando os botões da camisa, que finalmente cobre o peitoral tatuado.

Olhos Rubi • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora