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#AtéSeQueimar

Quando a noite chegou, Jimin sentia que poderia ficar acordado durante, no mínimo, mais três dias seguidos. Não há nenhum resquício de cansaço ou incômodo em seu corpo, toda aquela tensão diária que o acompanhava parece ter se cansado de seus ombros e foi procurar outra pessoa para importunar.

Tudo isso porque aceitou tomar o sangue de Ruber.

Depois que o vampiro foi embora, Jimin limpou os resquícios de sangue respingados no chão e trocou o plástico da maca, desacreditado do que tinha tido coragem de fazer. Nunca sequer cogitou em deixar que alguma situação do tipo se desenrolasse em seu local de trabalho, é antiético. Mas o controle estava longe de suas mãos naquele momento.

Quando Leila chegou, pronta para repreendê-lo, ficou de queixo caído ao vê-lo animado como nunca antes. As olheiras haviam sumido, o ferimento do pescoço, de algum modo, também. Jimin estava radiante, como se a ressaca daquela noite não tivesse quase o derrubado.

Parte dela tinha receio em pensar no que tinha acontecido. Claro que sabia que o Park não havia se curado sozinho. Era impossível. E ninguém melhor do que Leila para saber os benefícios que o sangue de vampiro tem quando entra no corpo humano. Ela só não quis focar na resposta que sabia ser a mais plausível para toda a situação, ignorando.

Nada envolvendo Ruber a deixava confortável. Entretanto, o importante era ver Jimin bem. E, naquela tarde, ele estava ótimo.

Até agora, enquanto fecha sua sala e se prepara para ir embora, o tatuador se sente radiante. O único ponto negativo da tarde toda foram as mensagens e tentativas de ligação incessantes do irmão. Taehyung não o deixou em paz o tempo todo em que esteve trabalhando. Teve de colocar o celular no mudo para que não fosse interrompido por ligações indesejadas. Claro que o mais velho quer se desculpar, sabe o que fez de errado, porém Jimin não quer ouvi-lo, ainda está ressentido.

Ao fechar a porta de sua sala, desligar o computador e apagar as luzes do estúdio, o loiro finalmente pega o caminho até seu carro. O veículo está estacionado na esquina, mas antes que conseguisse alcançá-lo, uma voz o para no meio do caminho.

Antes de se virar para ver quem é, ele suspira e revira os olhos. Não queria ter de conversar com o outro tão cedo, porém parece que Taehyung não tem qualquer intenção de deixá-lo em paz até explicar sua versão.

- O que você quer? - A frieza na voz do caçula faz o maior estacar no meio da calçada.

- Não podia ter respondido minhas mensagens? Eu fiquei preocupado.

- Sempre está preocupado, né? Só não se preocupa quando é você que faz merda.

A lua cheia brilha no céu, em contraste com as luzes amarelas dos postes espalhados pela rua. A silhueta do médico parece quase fantasmagórica, a pele banhada pelo misto de luzes em meio a escuridão da noite e uma expressão amarga.

- Sei que errei, por isso vim te pedir desculpas. Não queria dizer aquilo. - Cada frase do mais velho soa como uma piada aos ouvidos de Jimin, que solta um riso sem humor.

- Não me importa. Não quero conversar. - Jimin dá de ombros antes de se virar para ir até seu carro. Estava bem até agora, mas só a presença alheia conseguiu estressá-lo.

- Você tá bem? - Sem saber como impedir que o irmão vá embora e o deixe plantado no meio da rua, o médico grita, os punhos fechados em receio.

- Por que não estaria?

- Soube o que aconteceu ontem. Foi um vampiro? - As perguntas lançadas a Jimin parecem confundi-lo. Taehyung agradece por ser o suficiente para que o irmão se vire novamente.

Olhos Rubi • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora