Olhos Rubi • jikook

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#AtéSeQueimar

Jimin ama sua profissão, não tem como negar. Ele sempre foi apaixonado por arte desde criança, onde tinha como maior companhia, após os treinamentos tão duros, os cadernos de desenho e instrumentos de pintura dados por seus pais para que ele não os incomodasse querendo atenção. Amava ficar horas desenhando e pintando formas desconexas.

Os anos foram passando, suas habilidades se tornando cada vez melhores e a afeição pelo desenho ainda continuava ali, mais viva do que nunca. E foi com oito anos, em uma das festas nas quais era obrigado a acompanhar seus pais, exclusivamente para que mantivessem a imagem de família perfeita e unida, que Jimin conheceu uma caçadora chamada Liz.

O corpo da mulher era um perfeito caderno de desenhos, externando artes impecáveis e hipnotizantes. Park Jimin nunca havia visto uma pessoa com tantos desenhos pelo corpo, seus pais sempre lhe disseram que era algo que apenas pessoas sem um rumo na vida faziam, então não era comum vê-las por aí. Porém, aquela mulher não parecia estar perdida, ao contrário, era uma das caçadoras mais bem pagas de Seoul e a criança tinha ouvido isso assim que entrou no salão.

Liz estava acompanhada da namorada, sua tatuadora pessoal e responsável por noventa porcento das imagens que enfeitavam a pele da mulher. Ela não era diferente, com desenhos nos braços e pernas e piercings por todo o rosto.

Jimin estava hipnotizado por duas mulheres que, aos seus olhos, eram as pessoas mais interessantes que já haviam tomado sua atenção. Não eram sem graça igual a todos os adultos com os quais estava acostumado a conviver, com suas roupas formais, cabelos lambidos e posturas duras como pedra.

Naquela época, Jimin nunca havia se questionado o que desejava ser no futuro. Na verdade, seu destino estava traçado desde que nascera, assim como o irmão mais velho e a irmã caçula, Jina. Eles seriam caçadores. Mas foi naquele dia que uma chama, uma esperança para algo diferente do que nunca lhe interessou se acendeu dentro de si. Não estava certo, contudo sabia que, independente de caçar ou não, ele teria muito mais a ver com aquelas duas mulheres do que com o resto da elite entediante que convivia consigo.

Só com quatorze anos que Park Jimin decidiu que seria tatuador, após rejeitar por completo todos os planos que os Park tinham para si. Não importava o que aconteceria dali para frente, se sua relação com os mais velhos pioraria - se é que naquela altura do campeonato algo assim era possível -, se eles o expulsariam de casa ou apenas o obrigariam de alguma maneira a continuar com os treinamentos. Jimin não se importava com nada disso. Já havia perdido muito até aquele momento por dúvidas e negações e não perderia seu futuro.

Quando completou dezoito anos e fora obrigado a deixar a casa de seus pais, o Park embarcou para Las Vegas, onde Taehyung já morava há três anos por conta do estágio no instituto, e a primeira coisa que fez fora iniciar um curso de tatuagem para, finalmente, ingressar na profissão tão adorada por si.

Sabe dos privilégios que tem por ter vindo de família rica e ter tido, praticamente, toda a base dada por seus pais - com a mesada gorda que ganhava desde criança - para conseguir pagar um curso tão rapidamente e investir em um negócio. Jimin dá valor a isso, mas também reconhece tudo o que passou por conta de suas vontades e sonhos. Ele foi escorraçado de onde morava assim que a lei permitiu por conta de quem era e o que havia escolhido para sua vida.

Jimin os agradece por terem facilitado tanto, porém não guarda qualquer tipo de carinho ou deseja contato com os mais velhos. Quanto mais longe, melhor. No caso, ambas as partes compartilham o mesmo pensamento.

Ele gosta de sua profissão, mas são momentos como esse que preferiria estar em qualquer outro lugar a ouvir Vanessa - uma de suas clientes mais frequentes - falar por quatro horas seguidas de todas suas conquistas e de como está feliz por se casar em algumas semanas. Ele não se importa e está entediado.