✔ BAD ☽✇☾ SOUL [Livro 3]

D I X • N E U F ▬ K N E W • F R O M • T H E • S T A R T

— Você vai mesmo se desfazer dessa casa? — Lilah questionou, seus olhos levemente arregalados. Amy seguiu as vozes, vendo Drake e a irmã parados em frente ao casebre onde eles cresceram. Ela parecia surpresa, mas ele apenas encolheu os ombros.

— General Huggard nos deu uma casa maior perto da dele. Não tenho mais uso para essa daqui. — Drake falou com um tom de desprezo pelo casebre.

— Mas foi aqui que crescemos, que fizemos tantas memórias... — Lilah soava desapontada, apegada, ainda que Drake tivesse razão.

— Estou virando uma nova página, Lily, e você também deveria fazer o mesmo. Talvez esteja na hora de parar de brincar de magia e arrumar um marido. — Ele espicaçou com um sorriso, empurrando a irmã com o ombro e se virando para começar a andar para longe do casebre.

— Brincar de...? — Lilah deixou as palavras morrerem na boca, surpresa se transformando em raiva, enquanto ela marchou pesadamente atrás do irmão. — Eu achei que você me apoiava, que tivesse parado com o seu preconceito sobre quem eu sou, mas vi que estava enganada.

— Lilah, não foi isso que eu quis dizer e você sabe — Drake falou, dando uma corridinha para alcançar a irmã, que o tinha ultrapassado. — Você mesma diz que nunca é valorizada, que sempre te menosprezam, que você se sente uma mestiça, sem nunca pertencer a lugar nenhum; agora está envolvida com sabe-se lá quem. Eu só quero que você tenha uma vida normal, que tente pelo menos! — Ele tentou argumentar, seus passos apressados para acompanharem os da irmã, que virava o rosto, revirava os olhos e mantinha os braços cruzados.

— Ninguém normal me quer — Ela falou com uma risada sem humor.

— Isso não é verdade! Lembra do meu colega de pelotão? Ele estava interessado em você — Drake tentou falar animadamente, mas Lilah abanou a cabeça, cenho mais franzido em revolta do que antes.

— Até ele perceber que eu fazia magia.

— Se você só parar de fazer, você vai conseguir achar algum resquício de felicidade nessa vida — O conselho dele era como uma facada nas costas de Lilah, que parou de andar, abruptamente, e encarou o irmão com os olhos semicerrados que também parou de andar para fitar a irmã.

— É tão conveniente que eu precise parar de fazer magia para ter uma vida normal, mas quando as plantações não estão crescendo, quando precisam prender um homem dentro de casa, ou quando você precisa se livrar de um parasita, todos vêm correndo até mim.

— Lilah... — Drake suspirou, baixando o rosto coberto de culpa e colocando as mãos na cintura.

— Não, tudo bem Drakul. Eu não vou mais me intrometer na sua vida perfeita — Ela falou, voltando a caminhar apressadamente e desta vez ele não a seguiu.

Amy não queria sentir pena da rejeição e de como Drake sempre parecia querer moldar Lilah à sua narrativa. Ver Lilah sendo jogada de um lado para o outro, imposta em limites de uma suposta normalidade, fazia a loira sentir raiva. Jones não conseguia se imaginar nessa posição, mas eram tempos diferentes e mesmo assim Amelia conseguia admitir o quão Lilah era mais evoluída e poderosa. Não pela sua magia, mas pela sua força interior.