𝒞𝒶𝓅𝒾𝓉𝓊𝓁𝑜 25

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Maratona (06 / 06)

𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 3

- Acho que vou tomar um banho - falei, tirando os sapatos e jogando-os dentro do armário sob a escada. Ele ficou em pé na sala, a expressão fechada, as mãos nos bolsos 

- Eu vou para casa - disse ele. 

Voltei até a sala, achando que eu não tinha escutado direito, pois meus ouvidos zumbiam. 

- Você falou que vai para casa? Por quê? Não vai ficar aqui? 

Eu me aproximei dele e enlacei sua cintura. Ele manteve as mãos nos bolsos por um instante, depois me pegou pelos braços e me afastou, de modo gentil porém firme. 

- O que houve? - perguntei, um sentimento de angústia tomando o lugar da sensação de estar alegremente bêbada. 

Finalmente, ele me olhou nos olhos, e os dele estavam sombrios, com um travo de ira que eu nunca vira antes. 

- "O que houve"? Você não faz mesmo a menor ideia? Puta merda. 

- Lee, me fale, droga. O que foi que eu fiz? 

Ele balançou a cabeça, tentando clarear as ideias. 

- O que significa aquilo que aconteceu? Você sai do banheiro masculino e acidentalmente deixou a calcinha lá dentro? 

- Eu só entrei lá porque havia uma fila para o banheiro feminino. Eu e Sylvia sempre fazemos isso quando está lotado - falei, minha voz um fiapo 

- Sylvia! - exclamou ele. - Esse é outro problema! O que foi aquilo de vocês ficarem se pegando na pista? Uma passando a mão na outra? 

- Pensei que você acharia erótico - falei sentindo as lagrimas enchendo  meus olhos. Aquilo estava indo muito mal. - Eu não faço nada desse tipo com ela. - Obviamente, não era um bom momento para sugerir um ménage.

-  Ah, caralho, não comece a chorar - rosnou ele. - Não me venha com essa maldita choradeira. 

Tentei engolir minhas lágrimas. 

- Lee! Eu tirei a calcinha no banheiro porque sabia que, saindo dali, ia direto procurar você. 

- É? E como eu posso ter certeza disso? Você podia estar dando para qual quer um lá dentro. Sua piranha imunda.

-Aquilo foi demais. 

- Não fale comigo dessa maneira só porque de repente você ficou nervosinho! Não ouvi você se queixar enquanto estava me comendo no parquinho. 

- E você chamou sua amiguinha até lá para assistir a porra toda! 

- Eu não sabia que ela estava ali! 

- Vocês sempre fazem isso, não é? Uma fica assistindo à outra. Puta que pariu! 

- Não! 

O que não era bem verdade. Já tínhamos feito isso sim, uma ou duas vezes, de curtição. Era um desafio: ver quem conseguia levar alguém até o parquinho primeiro. Mas não aquela noite... 

- Lee.... 

Toquei seu braço carinhosamente, tentando trazê-lo de volta para mim, tentando acalmá-lo, mas ele me repeliu. 

- Poxa, me desculpe. Não foi bem assim... Lee... 

Tentei tocá-lo de novo, e dessa vez ele me empurrou com força, com as duas mãos. Caí no sofá, sem ar. 

Ele respirou fundo, contendo a raiva, e me deu as É melhor eu ir embora. costas. 

Fiquei sentada no sofá, repentinamente atordoada com a força de sua fúria e devastada ante a perspectiva de perdê-lo. 

- É, é melhor mesmo. 

Depois que ele se foi, passei uma hora tomando um demorado banho quente, depois andando de um cômodo para o outro, pensando em tudo que ele dissera, refletindo sobre como meu comportamento havia sido interpretado. Eu não tinha feito sexo com ninguém, não havia sequer flertado com ninguém, e Sylvia não contava, pois era a minha melhor amiga. Ele simplesmente não estava batendo bem. Mas, depois, lembrei que ele não conhecia ninguém lá além de mim, e eu o abandonara sozinho e passara a noite me divertindo com as pessoas, rindo e brincando, sacudindo o cabelo, fazendo charme. E me agarrando com Sylvia na pista. Ah, meu Deus. 

Passei a hora seguinte encolhida no sofá, abraçando os joelhos, o olhar vazio pregado na tela da TV, sem absorver coisa alguma, os efeitos do álcool agora se dissipando e dando lugar apenas a um enjoo. 

No momento em que eu estava pensando em ir para a cama-muito embora soubesse que não conseguiria dormir, ouvi uma leve batida na porta. E então tudo ficou bem novamente, porque lá estava ele, a luz do corredor iluminando seu rosto, as lágrimas, o sofrimento, o terrível sofrimento exposto em seus olhos. Ele veio hesitante na minha direção, dizendo: 

- Catherine, me desculpe, me desculpe...

Acolhi-o em meus braços e o fiz entrar, beijando-o ternamente, beijando suas lágrimas derramadas. Ele estava gelado. Tinha andado sem parar. Tirei suas roupas e o coloquei sob o chuveiro, e foi quase uma reprise daquela primeira noite, quando ele chegou vacilante à minha casa, com o supercilio sangrando e três costelas fraturadas. 

- Eu sinto muito - sussurrou ele quando deitei ao seu lado na cama, tentando lhe transmitir um pouco do calor do meu corpo. 

- Não, Lee, você tem razão. Eu vacilei, me desculpe. Nunca mais vou fazer isso. 

E quando fizemos amor, ele foi muito delicado comigo. 

Horas depois, deitada no escuro do meu quarto, eu escutava sua respiração, regular profunda. A pergunta que estava na minha cabeça desde o momento em que eu vira então e aqueles olhos tristes pela primeira vez foi finalmente articulada, em um sussurro: 

- Quem partiu seu coração, Lee? Quem foi? 

A resposta demorou tanto que pensei que ele estivesse dormindo... E veio o nome, sussurrado como um encantamento, um feitiço: 

- Naomi. 

Na manhã seguinte, eu havia esquecido de onde tinham vindo aqueles machucados nos meus braços. Mas nunca me esqueci daquele nome, tampouco a maneira como ele o pronunciou, com tanta reverência: um sopro, um suspiro.

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𝙵𝚒𝚖  𝚍𝚊  𝚖𝚊𝚛𝚊𝚝𝚘𝚗𝚊.

𝙴𝚜𝚙𝚎𝚛𝚘 𝚚𝚞𝚎  𝚟𝚌𝚜  𝚝𝚎𝚗𝚑𝚊𝚖  𝚐𝚘𝚜𝚝𝚊𝚍𝚘.

𝙴𝚜𝚜𝚎𝚜  𝚌𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘𝚜  𝚝𝚒𝚟𝚎𝚖𝚘𝚜  𝚟𝚊𝚛𝚒𝚊𝚜  𝚛𝚎𝚟𝚎𝚕𝚊çõ𝚎𝚜.

𝙴  𝚒𝚜𝚜𝚘  𝚊𝚒  𝚕𝚎𝚒𝚝𝚘𝚛𝚎𝚜  𝚘  𝙻𝚎𝚎  𝚗ã𝚘  𝚎  𝚖𝚊𝚏𝚒𝚘𝚜𝚘, 𝚎 𝚜𝚒𝚖  𝚞𝚖  𝚙𝚘𝚕𝚒𝚌𝚒𝚊𝚕

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