𝑆𝑒𝑥𝑡𝑎-𝑓𝑒𝑖𝑟𝑎, 12 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑟ç𝑜 𝑑𝑒 2004
Nos primeiros dias, me senti estranhamente vazia, oca, como se eu tivesse feito algo grandioso e ainda não houvesse absorvido minha façanha. Ao mesmo tempo, sentia medo. Passei a trancar a porta da frente, dando duas voltas na chave, toda noite, assim que chegava. Ao entrar procurava indícios da presença dele lá dentro, mas não havia nada fora do lugar. Pelo menos nada que eu percebesse.
Pensei que tudo havia sido bem fácil - que talvez ele houvesse entendido, quem sabe não tivesse agido tão mal assim, e me peguei pensando que talvez eu tivesse cometido um erro; ele era ótimo na cama, capaz de tornar o sexo diferente, excitante, a cada vez que fazíamos. Considerei a possibilidade de enviar uma mensagem, pedindo-lhe para voltar, mas acabei guardando o telefone na bolsa, escondendo-o de vista, e o deixei lá dentro.
Depois daquela noite, fiquei duas semanas sem vê-lo. Eu chorava à noite, sentindo saudade dele de um jeito bem estranho. O problema era comigo, eu concluíra, com aquela fobia de compromissos; não espetava que tivesse sido difícil para ele ficar comigo. Não espantava que ele tivesse ido embora sem olhar para trás. Enviei-lhe algumas mensagens que ficara sem resposta. Quando ligava para seu celular, caís direto na caixa postal.
Duas semanas depois que terminamos recebi um telefonema da Claire.
Eu estava trabalhando, concluído uma apresentação que precisava ficar pronta aquela tarde, quando de repente Claire me ligou. Achei sua voz esquisita, tensa.
Ela perguntou como eu estava.
- Estou bem, querida. E você
- Eu só acho que você cometeu um engano terrível, só isso.
Eu a ouvi chorando, ou quase, embora ela se esforçasse para conter as lágrimas.
- Um engano? Do que você está falando?
- Com Lee. Ele me contou que você terminou com ele. Não acreditei. Que motivos você tinha para fazer isso?
Eu estava a ponto de responder, mas ela não me deu tempo de pronunciar nem uma só palavra.
- Ele me contou que ia levá-la para viajar. Disse que estava tão ansioso, que você tinha mudado a vida dele, que o fazia feliz como ele achava que nunca mais poderia ser. Você sabe o que aconteceu com a última namorada dele, Catherine? Ele lhe contou sobre Naomi? Sabia que ela se matou? Deixou um bilhete pedindo que Lee fosse vê-la para ter certeza de que seria ele a encontrar o seu corpo. Ele nunca superou isso. Disse que ainda tem pesadelos. E aí ele contou que você terminou tudo porque estava afim de voltar a sair e ver seus amigos... Como pôde fazer uma coisa dessas, Catherine, como pôde fazer isso com ele?
- Espere, Claire. Não foi bem assim...
- Você tem ideia? - prosseguiu ela, e agora ela estava chorando, soluçando entre as palavras, lutando para pronunciá-las; eu podia imaginá-la perfeitamente, seu rosto lindo maculado de raiva grossas lágrimas escorrendo incontrolavelmente pela suas faces. - Você faz ideia de como isso é injusto? Eu daria tudo para ter um homem como Lee. Daria qualquer coisa, qualquer coisa no mundo, para ter alguém tão dedicado a mim quanto ele é a você. Ele ama você, Catherine, mas d que qualquer coisa. Você tem tudo, porra, simplesmente tudo, e está jogando fora e... e partindo o coração dele. Não posso suportar isso.
- Não é bem assim, não mesmo - consegui dizer.
Ela enfim tinha tudo que queria, e agora só conseguia soluçar e fungar sem parar. Pelo menos não desligara.
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No Escuro
RomanceCatherine Bailey aproveitou a vida de solteira o bastante para reconhecer um excelente partido quando o encontra: lindo, carismático, espontâneo... Lee parece bom demais para ser verdade. Suas amigas concordam plenamente e, uma a uma, todas se deixa...