Capítulo 3

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mais um antes que eu acabe desmaiando de sono

boa leitura anjos!


À noite, como todos aqui dormiam às dez horas em ponto, aproveitei o momento de calmaria para começar a ler meu livro. Era tudo que eu queria o dia inteiro. Tanto, que me perdi na leitura, e quando me dei conta, já era uma e quinze da manhã. O livro me fez refletir tão profundamente, pois de certo modo, eu me via no lugar da personagem.

Aproveitando a ausência dos meus pais, desci as escadas com extremo cuidado, e me dirigi até o jardim na parte de trás da casa. Quando eu disse que na verdade vivo em uma mansão, não estava sendo exagerada. O jardim aos fundos era gigante, já que meu pai sempre amou a natureza. Até cogitei a possibilidade de acabar encontrando o mesmo sentado no banco que ficava no meio do jardim, como sempre acontecia quando eu era mais nova, mas me lembrei de seu cansaço durante o dia. Ele deve estar tendo um sono pesado no momento.

Havia três árvores grandes, com seus troncos robustos e folhas verdes. Um caminho feito de pedras que contornava todo o jardim, e em volta, a grama mais verde que a vizinhança inteira já viu, somando ainda a presença de inúmeras flores, que estavam lindas a luz lunar. Sem dúvidas aqui, é meu lugar favorito da casa inteira, talvez, até do mundo. Me encaminhei até a árvore com um tamanho inferior às outras, meu avô que tinha a plantado anos atrás. Um pessegueiro. Que esbanjava suas lindas flores rosas.

Me sentei no chão, encostando as costas no tronco mediano da árvore, e meus pensamentos me levaram de volta a leitura do livro que ainda estava em minhas mãos. Essa sensação de imersão em uma história não tem preço. O que um livro pode te fazer sentir é algo até mesmo difícil de se descrever com precisão.

Um cheiro forte se fez presente nos meus sentidos, e de imediato pensei que alguma coisa aqui estaria pegando fogo. Mas logo me assustei quando reparei uma pessoa sentada na grama próxima às flores. A pessoa pelo visto também se assustou, já que apagou o cigarro em seus dedos na velocidade da luz.

Mesmo com a pouca luz, pude reconhecer seu olhar. Era a loira que vi na cozinha mais cedo. Seus olhos estavam arregalados, e ela se levantou vindo ao meu encontro em passos lentos.

- S-senhorita Jeong... - ela disse com dificuldade - Perdeu o sono? - ela tentou puxar assunto, para desviar a atenção sobre o fato de que a vi fumando. Algo que minha mãe repudia completamente.

- Não se preocupe, eu não vou contar - não pude evitar o sorriso que surgiu em meus lábios quando vi a loira suspirar aliviada, e relaxar seus ombros.

- Nem sei como te agradecer - ela disse e seus olhos se perderam pelo jardim. Ela continuava com a mesma roupa que a vi de manhã - Eu não faço isso sempre. Posso te prometer isso.

- Não precisa me prometer nada - comentei, apoiando o livro em minhas pernas que estavam esticadas na grama verde, e abracei meu corpo, por culpa de uma brisa fria que passou por ali bem na hora - Cada um tem seus motivos - ela apenas assentiu, deixando um sorrisinho nos lábios.

- Estava aqui lendo? - ela perguntou, apontando para o livro em meu colo.

- Na verdade eu acabei de ler a poucos minutos no meu quarto - respondi, ainda observando a loira que me olhava curiosa - Gosto de vir pra cá e refletir um pouco sobre o que li.

- E qual o nome do livro? - ela posicionou as mãos nos bolsos laterais da jardineira que usava. Achei interessante o fato dela ter começado um assunto comigo, normalmente os funcionários têm tanto medo da minha mãe, que nem a olham nos olhos, e muito menos conversam comigo assim. Ou talvez isso pode ser apenas um jeito da garota se certificar de que não denunciarei sua atitude para a mulher que paga o salário de todos aqui. Mesmo eu já garantindo que não falarei nada.

Liberty - SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora