Capítulo 9

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mais um para os fantasminhas que leem minhas coisas aqui

boa leitura pessoas!



Eu não havia voltado para ajudar Sina com as plantas, a vergonha pelas palavras absurdas do meu pai me consumiu, só por saber que ele é da mesma família que eu. Observando o jardim pela janela do meu quarto, pude ver Sina do mesmo jeito que nos outros dias. Feliz. O que é estranho tendo em mente o que ela ouviu.

O restante da tarde passou com a casa em completo silêncio, minha mãe chegou da empresa por volta das sete da noite para o jantar, e Hina chegou uma hora antes da escola. Descendo as escadas, pude ver meu pai sentado no sofá da sala, ele parecia pensativo, encarando a taça de vinho que estava em cima da mesinha de centro. Assim que fui me dirigindo para a copa onde a mesa de jantar fica, minha trajetória foi interrompida.

- Heyoon! - meu pai me chamou - Quero falar com você no meu escritório, agora.

- Nós não vamos jantar agora? - perguntei vendo o homem já caminhar em minha direção.

- Será rápido - ele garantiu - De qualquer forma, o assado ainda não está pronto, temos tempo.

Apenas assenti, caminhando atrás dele para seu escritório, onde dessa vez, a porta foi fechada. Meu estômago embrulhou apenas lembrando dos comentários dele com Sina hoje a tarde, a vontade de gritar com meu pai surgiu mais uma vez em minha mente, mas apenas comprimi meus lábios, tentando reprimir essa vontade que se tornava cada vez mais forte.

- Filha, você ainda conversa com o Josh? - ele perguntou, ficando em pé no meio da sala, enquanto me sentei no sofá próximo a porta.

- Não muito - respondi sincera.

Josh na verdade sempre tentou manter contato comigo. Depois da confusão entre seu pai e o meu, ele mandava mensagem todos os dias, perguntando como eu estava, e prometendo que daria um jeito de sair da prisão que seu pai chamava de casa, para vir me ver aqui. Mas isso não aconteceu até então.

- Eu liguei para ele esta manhã - meu pai disse, gesticulando com as mãos como se fosse fazer uma palestra - E como é visível que ele gosta de você, ofereci sua mão a ele. Para que namorem.

Foi impossível não arregalar os olhos com tal afirmação. Não imaginava que ele poderia ser tão controlador assim. E isso tudo em troca de que?

- Pai, Josh e eu nem nos conhecemos direito - falei - E o sentimento nessa história é unilateral. Eu o vejo apenas como um amigo.

- Não diga besteiras, Heyoon - ele foi ríspido ao falar - Josh é o único garoto com quem você mantém contato desde criança. Você gosta sim, dele. Apaixonada você ficará com o tempo.

Senti a região dos meus olhos começar a queimar, mas choro na frente desse homem nunca significou tristeza, apenas significava que eu não o questionaria. Segurei as lágrimas por enquanto, não era o momento para me expressar assim.

- E ele já aceitou, isso que importa - meu pai disse, tomando o resto do líquido escuro em sua taça - Vocês dois juntos ajudaram muito em nossa empresa. Pois ele poderá convencer o senhor Beauchamp a reconsiderar minha proposta para se tornar sócio.

Nem consigo imaginar o jogo mental que meu pai possa ter feito para convencer Josh a aceitar um absurdo desses. Eu sei que o garoto é apaixonado por mim, mas ele não seria tão inocente de aceitar algo desse tipo, quando nós dois sabemos que isso é apenas uma maneira de elevar os negócios de nossos pais.

- Pai, por favor...eu não - eu tentava falar, controlando minha voz para que não parecesse que eu queria me derramar em lágrimas por ter cada passo controlado por ele.

- Não me conteste, Heyoon! - ele disse alto, e eu rapidamente me calei - Já está feito! Ele me prometeu que lhe mandará mensagem amanhã, e espero que se comporte com ele.

Ele me olhava procurando uma resposta, mas eu apenas assenti, abaixando a cabeça.

- Ótimo, tem mais uma coisa que eu preciso lhe dizer - ele ainda andava pelo centro da sala, com suas mãos nos bolsos da calça, já que não carregava mais a taça de antes - Fiquei sabendo a algum tempo sobre o baile que o prefeito pediu para organizar em comemoração ao aniversário da cidade - ele fez uma pausa - Logo me contaram que algumas garotas da sua escola irão dançar, e como eu jamais permitiria que você fizesse parte disso, perguntei se não teria outra coisa onde pudessem colocar a melhor aluna da escola - o sorriso dele era orgulhoso quando disse a última frase.

Era impressionante como eu aprendi a diferenciar as atitudes em que meu pai queria apenas procurar oportunidades melhores para a filha, e quando seus discursos terminavam com ele falando mais uma vez nos ganhos da sua empresa de imóveis. E nesse caso, eu já sabia que era a segunda opção.

- O secretário do prefeito disse que ainda não acharam ninguém para fazer o discurso inicial da noite, antes do prefeito subir ao palco - eu permanecia de cabeça baixa, sem coragem de olhar nos olhos do homem que eu não conseguia enxergar como pai - Eu disse que minha filha, poderia montar um discurso para fazer. E ele ficou imensamente grato com isso, já que ninguém havia se candidatado.

- Terei que montar um texto sobre a cidade? - perguntei baixo.

- Sim - ele concordou - Ele pediu que o discurso tenha no máximo três minutos de duração. Isso não será difícil para você, vive enfiada em livros - ele se referiu aos livros com um tom irônico - Isso chamará muita atenção dos representantes de outros estados que o prefeito convidou. Vai colocar o nome dos Jeong em outro patamar.

- Posso ir jantar? - queria sair logo daquela sala, minha tentativa de segurar as lágrimas não estava mais dando certo, pois já sentia meus olhos cheios.

- Se já tiver entendido tudo que te falei, pode ir sim - ele disse, e eu rapidamente me levantei, me retirando diretamente para o meu quarto, precisava limpar o rosto antes de aparecer na mesa, onde Hina com certeza perguntaria se eu estava bem.


é nois <3

Liberty - SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora