Capítulo 15

253 46 0
                                    

mais uma madrugada aqui. aleluia irmãos

boa leitura!



Acordei com a claridade invadindo o quarto pela janela. Eu tinha o plano de fechar as cortinas a noite antes que eu caísse nos braços de Morfeu, mas acho que cai no sono muito antes de concluir essa ideia.

Estiquei ao máximo meus braços e pernas, e assim que fui abrindo meus olhos, a primeira coisa que vi foi o sofá no canto do quarto, próximo à janela. Minha mente despertou no mesmo momento, e eu me sentei na cama. Cama...

"Por que eu vim deitar na cama?"

Pensei, forçando ao máximo minha cabeça a lembrar se em algum momento da noite eu me levantei e vim deitar no colchão que por incrível que pareça, era divino. Não posso negar que minhas costas estão imensamente agradecidas por ter passado a noite deitada aqui. Mas de qualquer jeito não era pra mim estar ocupando o espaço onde eu mandei Sina se deitar.

Sina.

Deixei que meus olhos vagassem pelo quarto, e pela porta aberta do banheiro, e pelo silêncio eminente, conclui que eu estava sozinha.

Acho que eu me precipitei em acreditar que uma mulher de vinte e quatro anos iria largar toda a sua vida pra fugir com uma garota de dezoito anos que está indo atrás de algo que pode ser apenas uma história. Eu sei que sou ingênua, mas dessa vez me impressionei de verdade o quanto eu fiquei feliz em saber que passaria essa viagem ao lado de alguém que eu confio e gosto de ter por perto.

Eu estava me sentindo pequena naquele quarto. E parecia que todos os problemas que eu estava evitando ao máximo pensar, estavam ali na minha frente, me encarando esperançosos, esperando que eu desse uma brecha para que eles atacassem meus pensamentos.

Encostei minhas costas na cabeceira de madeira da cama. Parecia que eu iria sufocar. Acho que pela primeira vez eu estava com medo de ficar sozinha.

Talvez eu possa ficar aqui neste hotel mesmo. Pelas horas que Sina e eu passamos no carro ontem, aqui é bem longe de Kingsville. A cidade parece um lugar bom para viver. Com certeza não teria algumas modernidades que minha antiga cidade tem, mas não é como se eu não conseguisse viver sem isso.

Acho que essa ideia de ir até Las Vegas foi ambiciosa demais...

Me assustei quando ouvi a tranca da porta fazendo barulho, e em poucos segundos uma loira com duas sacolas nas mãos entrou no quarto.

Foi inevitável não sorrir quando vi que ela não havia simplesmente me largado aqui. Meus ombros relaxaram, e meu suspiro aliviado chamou a atenção dela assim que a porta foi trancada novamente.

- Bom dia! - Sina disse, deixando as sacolas em cima da mesinha que ficava em frente a cama.

Ela parecia animada, as linhas de expressão próximas dos seus olhos denunciavam isso. E seus olhos...tinham um verde tão clarinho agora de manhã. Seus lábios estavam mais vermelhos, até cogitei que ela poderia ter passado algum batom, mas lembrei que ela me disse que não gosta de maquiagens ou coisas do tipo. Talvez seja apenas o clima frio que está fazendo.

Percebi a loira passar seu olhar pelo quarto, e parar seus olhos na janela. Ela bateu uma mão na testa, e negou com a cabeça.

- Você acordou por causa da luz, não é? - ela perguntou se encostando na parede próxima a porta - Nossa me desculpa, Yoon. Eu ia fechar a cortina antes de sair, mas acabei esquecendo.

- Não precisa se desculpar - ri de seu nervosismo por algo tão irrelevante - Não é como se eu pudesse ficar dormindo pra sempre.

- Tem razão - ela riu, e desviou seus olhos dos meus, vendo as sacolas que ela deixou em cima da mesinha - Então aproveitando que você acordou - ela pegou as sacolas e colocou na minha frente na cama, e me entregou um copo tampado - Comprei um café com leite pra você. E a senhora da padaria me convenceu a comprar um pão de canela. Ela tinha acabado de tirar do forno, ainda está quente.

Eu ainda estava tão imersa no meu alívio pela loira não ter me largado aqui, que nem pensei em questionar mais uma vez o fato dela estar gastando dinheiro comigo.

Enquanto ela se concentrava em abrir o pacote onde estava o tal pão de canela, percebi que suas roupas já eram outras. Ela estava com um moletom cinza por baixo de sua jardineira.

- Onde você arrumou esse moletom? - perguntei, pegando um pedaço do pão que ela me ofereceu. O sabor dele era maravilhoso, e estava quentinho. O café também estava ótimo. Eu não sentia essa sensação de satisfação tomando café da manhã na minha casa, e eu estava sentindo agora.

Agora eu estava dando valor a cada segundo, e aproveitando a boa companhia da loira na minha frente. Isso já fazia toda a diferença.

- Eu tinha deixado umas roupas no carro - ela falou, quando acabou de mastigar um pedaço do pão - Na verdade eu só ia sair pra comprar uma escova de dentes pra mim, então aproveitei e fui comprar um café pra você.

- Sabe que não precisava, não é? - falei, e vi a loira revirar os olhos - Sina tinha alguns salgadinhos dentro da minha mochila...

- Você tem que parar de reclamar sempre que eu gasto dinheiro - ela falou. Seu olhar se perdeu na minha boca por alguns instantes, e eu permaneci estática quando senti seus dedos no meu queixo, tirando alguns grãos de canela que haviam ficado ali.

O ar havia ficado preso nos meus pulmões, e meu corpo inteiro recebeu o choque térmico por sentir os dedos quentes sobre a minha pele.

- Não seria justo todos os gastos ficarem só pra você - Sina disse, se levantando da cama, e batendo as mãos na roupa para tirar as migalhas - Até porque, nós estamos juntas nessa viagem - ela piscou um dos olhos na minha direção, e foi se sentar no sofá - E como eu disse antes, ainda temos muito chão até chegar em Las Vegas.

Acabei me lembrando da primeira coisa que eu pensei quando acordei.

- Sina - chamei a mulher que tirou sua atenção da rua e me olhou - Você me tirou do sofá e me colocou na cama essa noite? - perguntei, e a cara da loira foi de pura confusão.

Ela negou com a cabeça, mas seus lábios comprimidos entregavam que ela queria sorrir. Igual uma criança travessa quando está tentando esconder alguma coisa.

- Talvez você deitou na cama depois que eu saí - ela falou dando de ombros.

Pela bagunça dos lençóis, e a marca do meu corpo onde eu me deitei, com certeza eu dormi ali a noite inteira. E o lado esquerdo da cama não estava muito diferente. Eu dormi ali, ao lado da loira que ainda mantinha seus olhos em mim.

- Já parou pra pensar que você pode ser sonâmbula? - ela perguntou, dessa vez não escondendo o sorriso travesso. Ri desacreditada que ela tinha dito isso, e logo sua risada contagiante se fez presente no quarto. Um dos sons que eu já gosto tanto.



muito obrigada a quem gasta um tempinho aqui lendo e votando. amos vocês

até depois <3

Liberty - SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora