Capítulo 27

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boa leitura!



Desviei meus olhos dos seus, e mordi meu lábio inferior, tentando esconder um sorriso que insistia em querer aparecer. Eu estava me sentindo feliz por ter compreendido o que se passava em sua cabeça, mas não era hora de me gabar sobre isso.

Segurei uma de suas mãos e a trouxe para mais perto do meu rosto, enquanto ficava brincando com seus dedos.

- Eu não planejei o que faria quando chegasse - fui sincera, deixando um longo suspiro sair pelos meus lábios - Eu nem tinha certeza se encontraria Krystian aqui...

Mesmo não a olhando, eu sempre sentia quando seus olhos me encaravam. Ela relaxou completamente sua mão, enquanto eu passava meus dedos por ela, às vezes sentindo alguns pequenos calos e machucados sobre ela. Mas até mesmo isso fazia meu coração acelerar, pois me lembrava o quão linda ela fica cuidando as flores, e o quanto já me ensinou em pouco tempo.

- Eu criei esse plano todo na intenção de vir para cá e começar do zero - disse, finalmente encarando seus olhos.

Parei minha atenção em sua mão, e passei a minha sobre sua bochecha, fazendo um carinho com o polegar. Ela parecia apreensiva, ou até mesmo tensa com as minhas respostas. Um sorriso pequeno surgiu em meus lábios enquanto sentia a maciez de sua pele.

- Então...nós vamos ter que descobrir um jeito de dar o primeiro passo nessa cidade nova - sua expressão foi relaxando aos poucos, enquanto suas bochechas coraram, e finalmente vi um resquício de sorriso no seu rosto - Quero dizer...caso você fique aqui comigo. Não sei se você vai voltar pra Kingsville - disse.

Ela se ajeitou na cama, também se apoiando nos cotovelos. Seus olhos passaram por todo o meu rosto, ação do qual eu repeti, gravando mais uma vez em minha mente cada mínimo detalhe de seus traços únicos.

Seu rosto foi se aproximando de forma lenta, e o quarto estava tão silencioso, que tinha quase certeza que conseguia ouvir as batidas de seu coração. Sua respiração quente chegou bem próxima do meu rosto, e cessou por alguns segundos quando nossos lábios se tocaram, nos lembrando do quanto aquele encaixe é incrível de ser sentido.

O encostar suave de nossos lábios demorou alguns segundos para ser desfeito, dando tempo o suficiente de sentir que meu coração acabaria quebrando algum osso do meu tronco, pela quantidade exorbitante de batidas.

- Eu disse que te traria até aqui... - ela disse em um sussurro, ainda bem próxima ao meu rosto. Nossas testas estavam encostadas, enquanto isso eu mantinha os olhos fechados, aproveitando sua aproximação - Mas eu não disse nada sobre voltar.

É uma sensação ótima sentir que a pessoa que está com o rosto praticamente colado ao seu, também está sorrindo feito boba.

Sina voltou a se deitar na cama, e me chamou para deitar novamente em seu peito, voltando com a sessão de carícias nas minhas costas, enquanto eu ficava fazendo alguns desenhos imaginários no seu abdômen, por cima da blusa.

- Fiquei com medo que você dissesse que não precisava mais de mim... - ela disse baixo, parecia que estava começando a se entregar ao sono.

- Eu jamais diria isso - neguei, falando baixo também. Nem sabia se ela ainda estava escutando, já que sua respiração estava suavizando aos poucos - Você virou o principal motivo da minha felicidade... - respondi sua primeira pergunta.

Senti um beijo sendo depositado no topo da minha cabeça, e apertei mais meu braço em volta da sua cintura, enquanto aproveitava a incrível melodia que era as batidas descompassadas de seu coração.


***


Acordei com a ponta dos dedos da mão congelando. Parece que é um hábito esquecermos de fechar a janela antes de dormir. Me levantei sem fazer muito movimento, tentando evitar que a loira que continuava abraçada comigo acordasse também. Eu quero que ela descanse o máximo possível.

Fechei aquela janela devagar, e caminhei a passos de tartaruga até o banheiro do quarto, com a intenção de jogar uma água no rosto. A sensação de estar em mais um quarto diferente não é mais tão estranha, principalmente quando eu me lembrava que o novo dono desse lugar é meu irmão.

A luz do banheiro iluminou parcialmente o quarto, e pude ter visão do relógio de ponteiros grudado na parede, marcando oito e quarenta da noite. Estiquei meus braços e pernas, e calcei meus tênis novamente para sair do quarto.

A luz do corredor dos quartos estava apagada, mas ainda assim era iluminado graças a luz forte que vinha da cozinha. Assim que virei à direita, pude ver Krystian passando um pano azul na mesa completamente vazia.

Ele sorriu quando percebeu minha presença.

- Hey, conseguiu descansar, maninha? - perguntou, terminando de limpar a mesa e deixando o pano jogado em cima dela. Ele veio na minha direção e me rodeou com seus braços me acolhendo em um abraço quente.

Apenas concordei, sentindo seu queixo apoiar no topo da minha cabeça. Fazia tanto tempo que eu não abraçava algum familiar, Hina realmente ficava mais na dela em casa, e como estudava o dia inteiro, nosso contato era mínimo. Queria que nós três estivéssemos juntos agora.

- Pode me ajudar a acabar de arrumar a mesa? - ele perguntou, desfazendo aos poucos o abraço tão confortável.

- Claro! - concordei, seguindo até a bancada da cozinha, onde os pratos e talheres já estava separados.

- Tem uma senhora que vai no restaurante todos os dias - começou a falar - E hoje ela perguntou se eu havia visto um passarinho dourado, ou arrumado uma namorada. Porque eu não consegui tirar o sorriso do rosto desde que você chegou.

Nós rimos pelas suposições da senhora. Caso eu não tivesse dormido, passaria esse tempo todo com um sorriso de orelha a orelha também.

- O Bailey e a Shivani já fecharam o restaurante, ele só está preparando o nosso jantar, tudo bem? - ele perguntou, e eu apenas concordei com a cabeça. Estava concentrada demais tentando deixar os talheres alinhados perfeitamente.

Ouvi a risada de Krystian enquanto o mesmo olhava minhas ações.

- O que foi? - perguntei com uma sobrancelha arqueada.

- Você arrumando as coisas assim, me lembra a mamãe - ele disse com um sorriso, enquanto negava com a cabeça.

- Eu passei tanto tempo aprendendo as regras de etiqueta com ela, precisava de alguma oportunidade pra usar todo aquele conhecimento - zombei, tirando uma risada do moreno.

- Ela me fez aprender isso tudo também. Era uma chatice - ele disse, ainda encarando minha organização em um único conjunto de talheres - Aqui! - se esticou do outro lado da mesa, trocando os lados do garfo e da faca que eu estava arrumando - A faca sempre fica do lado direito.

- Você ainda lembra? - perguntei rindo, e ele passou as mãos no cabelo, e arrumou seu moletom enquanto se gabava.

- Como eu poderia esquecer coisas tão relevantes para minha vida? - ele perguntou, deixando sua risada escapar no final da frase - Mas falando de coisas relevantes, tenho uma pergunta pra te fazer...

- Te respondo qualquer coisa - disse sincera, o vendo se sentar em uma das cadeiras, e me chamar para sentar na mais próxima dele.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, observando seus dedos batucando a mesa. Seus lábios se comprimiam o tempo todo.

- Ok, eu não sei exatamente se tem maneira mais sutil de perguntar isso - ele admitiu, suspirando - A moça loira que veio com você...

- A Sina - completei.

- Ela mesma! Então, vocês duas... - ele deixou a pergunta no ar.



boa noite pra vocês

<3

Liberty - SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora