Capítulo 39 - Parte 2

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o ultimo...

boa leitura!


Parte 2


[...]

Posso afirmar com todas as letras que eu não estava nenhum pouco preparada para tudo que Simon expôs na frente de todos naquele tribunal. Meu nojo descomunal pelo meu pai e mãe aumentou em níveis absurdos, e eu simplesmente não conseguia me desgrudar do meu abraço com Krystian. Onde nossas lágrimas se misturavam com os apertos necessitados que dávamos durante nosso momento.

Assim que as palavras estupro e agressão foram proferidas por Simon, mirando sua atenção para meu pai, Krystian teve que me segurar ao seu lado para que eu não corresse em direção a ele, no intuito de bater e usar até meu último resquício de força para que ele sofresse. Senti no meu consciente que sua ação de me segurar na cadeira também servia para que ele mesmo não se levantasse e tomasse alguma atitude extrema ali mesmo.

Eu simplesmente não conseguia acreditar que ele teve a coragem de encostar e abusar da minha irmã caçula, e minha mãe sabendo sobre isso não fez nada para impedir. Realmente nunca entendi o que ela via no meu pai além de riqueza que fizesse ela continuar neste casamento, mas agora me questionava também que tipo de mulher ela é para ver uma menor de idade sofrer abusos dentro de casa e continuar deitando a noite ao lado do monstro responsável por um trauma tão severo na mente da própria filha.

Meu pai se exaltou no momento em que Simon tocou neste assunto, e quase foi retirado da sessão pelos policiais caso não se comportasse. O advogado dele já havia bagunçado os próprios cabelos pelo nervosismo, pois Simon tinha todas as provas, incluindo exames feitos recentemente para comprovar o abuso, laudos médicos sobre agressões, e depoimentos de alguns empregados da casa, afirmando o desequilíbrio do homem em suas ações com os filhos desde que Krystian ainda morava na casa, e sobre seu comportamento suspeito quando se tratava da minha irmã.

O depoimento de Hina foi feito em particular, apenas alguns selecionados do júri, os dois acompanhantes da assistência social do Estado do Texas que estão presentes aqui, e o próprio juiz em questão presenciaram. O restante do júri acompanhou as informações passadas através dos papéis que eles passavam entre si no momento para que todos lessem. Simon disse que entrou com um pedido para que o depoimento da minha irmã não fosse em público, para não causar maiores constrangimentos a ela.

Eu estava completamente enojada, e sentia na minha alma que não aguentaria mais tempo sentada no mesmo local que meus pais. Do mesmo modo que outra parte do meu corpo sentia uma vontade imensa de correr até Hina e abraçá-la, tentar de alguma forma mostrar para ela que eu estava ali agora e nada nem ninguém encostaria nela enquanto eu vivesse.

Agora tudo se encaixava de uma forma muito mais clara na minha mente. Depois que fiz 17 anos meu pai começou a me tratar de uma forma mais direta, com frases mais autoritárias, mas não ficava tão em cima de todos os meus passos como antigamente. E na mesma época, Hina se fechou completamente comigo, se trancando no quarto e resumindo qualquer diálogo a respostas curtas.

Meu pai preferiu não depor diante a todos nem a ninguém, imagino que na cabeça dele, ele ainda sairia dessa situação sem qualquer dano. Isso até minha mãe aceitar subir no altar, e contar sua versão da história. Não consegui acreditar nenhum pouco em seu arrependimento, aquela mulher para mim não deveria mais ser chamada de mãe, e nada que dissesse mudaria isso para mim.

Contrariando as regras de postura no tribunal, Sina se virou e agarrou minha mão, era o máximo que conseguimos pela posição, mas só sentir sua mão em contato com a minha já me passava a confiança de que tudo se resolveria, e daqui a alguns minutos sairíamos dali para viver nossas vidas sem empecilhos.

Liberty - SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora