Capítulo 33

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acho que é isso que chamam de "milagre de ano novo"

boa leitura!


Meu corpo estava dolorido, e minha cabeça parecia ter começado a ter o dobro do peso normal, pois meu pescoço não conseguia sustentar para que eu a levantasse, então permaneci com a lateral da cabeça encostada seja lá onde eu estava.

Fui abrindo meus olhos gradativamente, para me acostumar com a claridade do dia, e a primeira coisa que vi foram grades pretas na minha frente, separando a área de motorista e passageiro da área com os bancos de trás. Só então consegui sentir que o carro estava em movimento.

Tentei mexer a cabeça para reconhecer o local onde estava, e percebi a presença de um policial ao meu lado, encostado com a cabeça no vidro da mesma forma que eu, mas ao contrário de mim, ele estava dormindo.

Tentei ajeitar minha posição, mas fui impedida, assim que senti minha mão direita não se mexer da maneira que eu gostaria. Eu estava algemada na porta...

Piscando algumas vezes para acordar de vez e avaliar todo o meu redor, pude ver que dirigindo, estava o policial que tentou entrar na casa, mas Krystian não deixou. Foi o mesmo que o agrediu sem motivo algum...

Do lado do passageiro, estava meu pai. Eu já havia admitido isso a anos, mas depois de hoje, e ver meu pulso ser rodeado pela algema prateada, tomei de vez a conclusão de que meu pai é doente, problemático, e obsessivo. Deixar que algemem a própria filha, onde já se viu algo do tipo?

Guiei meus olhos para que procurassem o outro carro de polícia próximo ao que eu estava. Queria pelo menos ter a visão de Sina pela janela, e tentar me certificar de que não agrediram ela, mas foi em vão. A estrada estava vazia.

Eu ainda não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Eu senti como se estivesse no céu, e me puxaram novamente para a Terra, pois tenho certeza que até no inferno, a realidade seria melhor do que está que me encontro.

As lágrimas foram tomando meu rosto mais uma vez, me lembrando de todas as cenas que vi, desde Sina algemada, segurando a vontade de chorar, até a cena em que Krystian foi tirado de perto de mim à força.

Um completo vazio tomou conta do meu corpo, e todo o caminho de volta para Kingsville foi desta forma. Eu não falava nada, nem mesmo respondi quando o policial ao meu lado questionou se eu gostaria de ir ao banheiro em uma parada rápida que fizeram. Eu não queria me mover, meu corpo estava de luto, por ter sido tirado das minhas maiores fontes de energia.


***


Foram dois dias seguidos de viagem com no máximo três paradas. Os policiais se revezavam dormindo no banco de trás ao meu lado enquanto o outro dirigia. Eu permanecia imóvel no lugar onde estava, mal sentindo minhas costas e minhas pernas pela falta de movimentação. Percebi isso na última parada onde fui praticamente arrancada de dentro do carro e um dos policiais me acompanhou até o banheiro.

Eu nem disse que precisava sair, mas ele me obrigou, dizendo que não iriamos parar de novo, e contando o quanto mulheres gostava de decidir as coisas só quando não daria mais para serem feitas, e dizendo que a esposa dele sempre o fazia parar no meio das viagens, sendo que ela teve a oportunidade antes e não quis. Enfim, mulheres, como ele descreveu.

Todo o restante do trajeto passei dormindo, já que isso parecia a opção menos pior. Se ficasse acordada, ficaria olhando em volta, e choraria vendo a realidade do qual me encontrava, e dormindo, eu normalmente sonhava com Sina sendo tirada dos meus braços. Mas pelo menos no sonho, eu podia demonstrar minha raiva pelos policiais sem sofrer danos.

Liberty - SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora