Desabafo de um menino quebrado (capítulo revissado)

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 Abrindo a porta com rapidez enquanto colocava seu filho desacordado no sofá, Tobias corre para pegar o kit de primeiros socorros em cima do armário da cozinha.

Ele sabia que precisaria levar Severus para a emergência futuramente, mas tinha medo que ele não resistiria a ficar esperando em uma fila de hospital público sem atendimento, por isso o trouxe para tentar estabilizá-lo em casa.

Colocando a caixa sobre a mesinha de centro, o homem logo começa a limpar os ferimentos do garoto que fazia leves caretas de dor, como se fosse acordar a qualquer momento. Apenas para suspirar e voltar a ficar imóvel.

Enquanto trabalhava nos machucados o homem ia mentalmente xingando aqueles malditos delinquentes.


"Como eles ousaram fazer aquilo com meu filho?! Como puderam ser tão baixos em machucar um pobre adolescente que era tão menor e mais fraco que eles?! Quem seria cruel o bastante para fazer aquele garoto inocente sofrer tanto assim?!" Eram perguntas que rondavam sua mente, até que uma vozinha no fundo de sua mente o fez lembrar de seu comportamento nos últimos anos.


Ele havia ferido sua esposa, seu filho, desmanchado sua família pouco a pouco. Ele era baixo a ponto atormentar uma pobre criancinha. Ele era cruel o suficiente para não estar presente ao lado de sua família quando ela mais precisava dele.


Ele era um monstro pior do que aqueles pirralhos.

Afastando rapidamente algumas lágrimas que insistiam em se formar em seus olhos, ele voltou a trabalhar em um dos ferimento do braço esquerdo de Severus, quando de repente uma fraca luz branca irradia do hematoma, fazendo com que ele lentamente se fechasse.


Tobias suspirou admirado.


-Magia...- a palavra escapou pelos lábios do homem com um leve sussurro, enquanto este via aos poucos a mesma coisa ocorrer com todos os outros ferimentos do menor, inundando o cômodo com uma luz alva, antes de apagar-se para revelar Severus com a pele quase que completamente curada. Deixando apenas pequenos hematomas levemente roxos e feridas com cicatrizes quase imperceptíveis para trás.


Mas apesar de ter tido sua saúde restaurada o garoto permanecia imóvel no sofá gasto, causando uma onda de preocupação no pai, que logo encostou o ouvido no peito dele, respirando aliviado por ouvir o som de batimentos vindo dali.

"Ele está apenas descansando." Pensou aliviado, levantando rapidamente para guardar o kit de primeiros socorros que já não se fazia mais útil. Enquanto se levantava ouviu um leve ronco vindo da barriga do mais jovem, e com um sorriso triste partiu à cozinha para sozinho preparar o jantar: Sopa de rabanetes.


O homem sabia que não era nada muito apetitoso, mas era a única coisa que podia oferecer no momento.

Por estar distraído enquanto preparava a refeição, o patriarca não percebeu que o adolescente começara aos poucos a acordar. Severus lentamente abriu os olhos, sentindo-se incomodado com a luz que vinha da lâmpada pendurada no teto bem acima de sua cabeça.

Levando a mão a cabeça enquanto se sentava com dificuldade no sofá, o menino parou quando sentiu um cheiro agradável vindo da cozinha.


"Sopa de rabanete..." Suspirou levemente com um sorriso nostálgico. Memórias de uma infância distante invadiram sua mente, memórias de noites chuvosas em frente a lareira, coberto por cobertores fofinhos enquanto tomava sopa quente, escutando as gotas d'água baterem contra a janela ao lado.


E o mais importante: se lembrava dela. O sorriso de sua mãe iluminou seus pensamentos com força, acompanhada de sua voz doce e melodiosa que oferecia mais uma tigela de comida.

Redenção de Tobias SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora