Lobisomem - Parte 2 (capítulo revisado)

644 81 11
                                    

Tobias estava bastante sereno enquanto trabalhava. Em pouco tempo ele se enturmou bastante entre os outros homens da serraria e logo se tornou um empregado muito bem reconhecido por Mary-Ann (a contragosto de Armando, que sentia uma pitada de inveja), sendo constantemente elogiado e tendo recebido um aumento gordo à alguns dias atrás.


Não só isso, a fama de bêbado sem escrúpulos que Snape havia adquirido ao longo dos anos também estava se desfazendo muito rapidamente. Seus companheiros comentavam com suas esposas sobre sua mudança, e elas por sua vez comentavam com suas amigas, que contavam a suas vizinhas e em pouco tempo muitas das pessoas que o conheciam estavam encantados com sua mudança repentina. Diziam que ele havia vencido seu vício e se transformado em uma pessoa totalmente nova e revigorada, diziam que Eillen devia estar orgulhosa dele no paraíso e como seu filho agora finalmente tinha um pai decente que pudesse educá-lo como merecia.


Sim, até mesmo os boatos sobre Severus haviam cessado! Quando o homem teve tempo de explicar como o garoto era inteligente e esforçado na escola, como suas notas eram sempre altas e como ele havia trabalhado tanto durante as férias, ajudando seus vizinhos e moradores das proximidades (Tobias jamais comentara sobre a venda de poções) para economizar dinheiro e poder comprar seus materiais escolares por conta própria. Até as velhas fofoqueiras desocupadas da rua tiveram que se calar diante do relato do pai, e seu pequeno Sevy já não era mais mal falado por ninguém (pelo menos não em sua frente, já que a última alma sem sorte que tentou fazer isso quase levou um soco bem dado no meio da boca).

Só havia uma coisa que incomodava o moreno: Severus ainda não o tinha mandado uma única carta.


Já fazia semanas que tinha se despedido de seu filho e até agora não tinha recebido notícias dele. Isso não só deixava o homem triste, mas também um pouco preocupado.


"Será que ele está bem...?" Pensava enquanto esculpia mais alguns detalhes na poltrona que sua vizinha tinha encomendado à alguns dias, quando ouviu o grito desesperado de sua chefe e quase arrancou fora seu dedo com o formão devido ao susto.


Quando olhou para a frente da loja, ele se deparou com uma coruja muitíssimo enfurecida bicando a vitrine e tentando entrar no recinto a todo custo, enquanto Mary-Ann tentava espantá-la com uma vassoura. Por mais que o combate mortal entre uma mulher e uma coruja fosse bastante divertido de se ver (ninguém poderia imaginar quem ganharia) Tobias parou de achar graça quando viu que a ave carregava uma carta nas patas, então correu como um raio até as duas.


-Espere senhora! - falou o homem tomando a vassoura das mãos da mulher com tamanha velocidade que ela nem sentiu quando o objeto saiu de suas mãos. - Eu acho que a coruja tem algo pra mim...


-Pra você?!- questionou a mulher em descrença, fitando o homem com um olhar que dizia "você é louco por acaso?'.


-É que como a escola do meu filho fica muito longe e lá eles não tem acesso ao telefone. Ele... Ele me manda cartas assim, sabe? Como forma de correio. - explicou tirando a carta das patas da coruja, que agora repousava calmamente sobre seus ombros, olhando a mulher com um ar de superioridade.


-Vocês treinaram uma coruja pra entregar cartas...? - perguntou ela erguendo a sobrancelha.


-É....? - afirmou ele sem tanta certeza e com um sorriso amarelo, estava nervoso que ela suspeitasse de algo.

-...


-...


-... Isso é tão legal. - falou ela por fim olhando a ave agora com muita admiração e curiosidade. - É tipo um pombo correio, só que tão mais elegante! Onde você arranjou ela? Pode me ensinar a domesticar uma?!- perguntava como uma criança.

Redenção de Tobias SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora