Em busca de emprego (capítulo revisado)

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Ao raiar do Sol na manhã seguinte, Tobias levantou da cama com esforço, sentindo seu corpo tenso e dolorido pela noite sem dormir.


Olhando-se no espelho do banheiro o homem alisou seu rosto, vendo as olheiras escurar logo abaixo de seus olhos, cabelo desgrenhado e a expressão abatida, juntamente com olhos vermelhos de tanto chorar pelos ocorridos do dia anterior. Chorou tanto quanto no dia do enterro de sua esposa, e a dor em seu peito foi quase tão intensa quanto.


Decidindo tomar um banho na tentativa de lavar as tristezas, despiu-se e ligou o chuveiro, sentindo a água gelada correr por sua pele e descer pelo ralo.

Após o banho rápido, e de se vestir para mais uma viagem em busca de emprego, o pai desceu para a cozinha e começou a preparar o café da manhã: Linguiças e ovos fritos, junto com pão torrado e uma boa xícara de café puro.

Comeu rapidamente sua própria refeição, e fritou dois pedaços do bacon para o filho, arrumando tudo da melhor forma possível em um prato, pondo sobre a mesa. Ajeitou os talheres delicadamente e deixou o café do lado esquerdo do prato (Severus era canhoto) e torceu para que ele precisasse a comida.

Com tudo pronto, o homem subiu novamente as escadas, como fazia todos os dias, e chamou pelo filho:


-Severus. - bateu na porta. - O café já está pronto, ok? Eu deixei tudo pra você lá no seu prato. Espero que goste...


Obteve silêncio como resposta.


-Será que nós... Podemos conversar? - pediu esperançoso.


-Vá embora. - um voz sinistra veio como resposta, fazendo os ombros do mais velho cederem.


-Claro, eu... Entendo perfeitamente. - respondeu com um ar triste, mas tranquilo por ao menos saber que seu filho ainda estava em casa. - De qualquer forma, a comida está lá em baixo. Você não jantou nada ontem à noite, então trate de comer bem, ok? Eu irei sair agora e só volto na hora do almoço, até lá se cuide, tá? E se precisar de qualquer coisa peça ajuda aos vizinhos. Então, tchau, meu bem...


Andando até o final da escada, o homem pegou seu casaco e o guarda-chuva e abriu a porta. Dando uma última olhada para a porta do quarto de seu filho finalizou:


-Vou te deixar em paz...- e saiu.

Partindo de ponto a ponto na cidade, Tobias andava em busca de emprego. Não queria um salário alto, ou prestígio, ou nada do tipo. Só queria algum lugar de onde pudesse tirar um sustento e manter a casa. Já havia perdido a mulher, não podia deixar seu filho desamparado sem um teto ou sem ter o que comer, e não podia mais se afundar em dívidas também (as que já tinha eram grandes o suficiente). Mas não estava fácil para ele.

Já havia trabalhado em dezenas de lugares diferentes, e nenhum deles queria recontratá-lo, e aqueles onde nunca havia posto os pés sabiam de sua fama de péssimo empregado, e também não estavam dispostos a aceitá-lo. Estava com as mãos e os pés atados.


Sentando em um banco qualquer de uma praça solitária, o homem esfregava as têmporas enquanto xingava mentalmente o dono de uma loja de estofados ali perto, que além de expulsa-lo do estabelecimento à vassouradas, sem ao menos o deixar falar, ainda tinha tido a coragem de tocar nos nomes de sua esposa e filho, a chamando de dezenas de nomes ofensivos e fazendo questão de que todos ouvissem o quanto o filho dos dois era "um menino sujo e arruaceiro, que estava envolvido com drogas e rituais satânicos, e que não valia o chão onde pisava".


A única coisa que impediu Tobias de quebrar a cabeça daquele maldito velho ao meio foi o medo dos contatos que esse possuída com a polícia. Aparentemente, a filha dele era noiva de algum policialzinho* de quinta por aí, e bastava apenas encostar em um fio do cabelo do ancião que ele ganharia uma passagem só de ida para o xilindró.

Redenção de Tobias SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora