Redenção de Tobias Snape

De volta a escola - Inimizades e saudade (capítulo revisado)

Dias se passaram, e antes que os dois notassem, já estavam às portas da estação de trem no dia primeiro de setembro.

Severus andava levemente pela estação, tentando esconder com sua máscara fria a animação inquestionável que sentia ao finalmente voltar a sua escola, que apenar de todos os problemas, sempre foi seu primeiro lar. Repousar aos pés do Salgueiro Lutador, alimentar a Lula-Gigante no lago, ter suas longas conversas com o Barão Sangrento, visitar a cozinha e receber mimos dos elfos domésticos... Como ele sentia saudade de tudo isso.

Tobias corria e se esgueirava entre todas aquelas pessoas na falha tentativa de acompanhar os passos apressados do filho.
O garoto apenas parou de andar quando chegou à frente da parede entre as plataformas 9 e 10, permanecendo parado ali a espera do pai, o que deixou o homem bastante curioso.

-Severus- chamou o homem. - eu agradeço muito pela sua consideração em me esperar, mas se você não andar rápido vai acabar perdendo o trem. Ainda temos que chegar na sua plataforma não é? Onde ela está?

O garoto então, apenas apontou para a parede de tijolos, como se fosse uma resposta óbvia, fazendo a confusão de seu pai ainda maior.

-É um portal mágico, a prova de trouxas- explicou. - Apenas bruxos podem passar a partir deste ponto, evita que alguém não mágico se infiltre no trem, ou acabe embarcando por engano. Assim, mantém nosso mundo protegido. - Completou com voz baixa e colocando a mão ao lado da boca, para evitar que fosse ouvido pelos trouxas enxeridos ao redor.

-Então isso significa... Que não vou poder te ver embarcar...? - perguntou o homem tristemente. Dês de já, estava feliz com a ideia de poder recompensar pelo menos um pouco sua ausência nos últimos anos, finalmente podendo levar seu filho até o trem, o ajudando com a bagagem, o vendo embarcar enquanto acenava para ele, desejando-o um bom ano, como todos os pais fazem. Mas agora, toda a ideia foi por água abaixo, deixando Tobias com um semblante deprimido.

-Bom, sim...- concordou Severus, um pouco confuso com a reação do pai. E mais confuso ainda com a estranha necessidade que estava sentindo de consolar o homem de alguma forma. - Mas foi muito bom você vir até aqui comigo. Quero dizer, é a primeira vez que você me acompanha e... Bom, a maioria das pessoas hoje em dia são mestiços ou coisa do tipo, então muitos pais se despedem de seus filhos aqui, então... Tá tudo bem, eu acho, certo?

Severus terminou e por um momento o chão lhe pareceu bastante interessante. Com um pequeno sorriso que tentava esconder, junto com bochechas levemente avermelhadas, não conseguia olhar nos olhos do pai, estava com muita vergonha para qualquer coisa neste momento, sentia à vontade de enfiar a cara em algum buraco. Tobias sentiu seu coração se aquecer com o ato do mais novo. Apesar de não poder fazer exatamente aquilo que pretendia, sentia em seu peito que a parede entre ele e seu filho havia ficado um pouco mais penetrável. Talvez um pouco como aquela parede mágica.

-Então... Isso é um tchau não é? - perguntou por fim.

-Acho que é.

-Bom, então... Se cuida, tá? Lembre-se de comer bem, certo? Você não tem se alimentado bem esses dias, quero ver você forte e saudável!

-Ok. - falou, de virando para passar pela porta, mas teve sua mão segurada pelo pai.

-É também foque nos estudos, ouviu? Sempre dê o seu melhor nos seus trabalhos e atividades, tá? Eu quero que todos saibam como o meu filho é um aluno extraordinário!

-Eu sei...- falou meio emburrado, seu pai ainda não havia soltado sua mão.

-Mas não pense só nos livros não, se divirta, saia com garotas, mate algumas aulas e faça algumas coisas de adolescente!