Personagens:
ULISSES — morador da CASA I;
FAUSTO — morador da CASA II;
MARCELLO – morador da CASA III;
FORASTEIRO;
IURI — morador da CASA V;
IGOR — morador da CASA VI.
—
Ulisses traz o forasteiro à sala de jantar, onde os demais habitantes da vila, exceto Iuri, bebem e conversam alegremente à mesa.
FAUSTO — Quem é ele?
ULISSES — É um estrangeiro. Não fala nossa língua.
MARCELLO — Ele parece péssimo, meu Deus...
ULISSES — Eu acho que ele foi roubado. E tenho certeza de que não faz ideia de onde está.
IGOR — Será que ele está com frio? Vamos levá-lo até a lareira.
Conduzem-no até o cômodo contíguo e sentam-se todos ao chão em torno da lareira.
FAUSTO — O que faremos com ele? Será que ele sabe caçar? Não temos comida o suficiente para dividir.
IGOR — Ora, a Casa IV está vazia.
MARCELLO — A casa está em pedaços...
FAUSTO — Vai dividir a cama com ele por acaso? Qualquer teto é melhor que o relento.
IGOR — E se o deixássemos dormindo aqui, à beira do fogo, pelo menos esta noite? Ele parece tão assustado...
FAUSTO — E quem vai tomar conta dele? Pode ser que ele seja um bandido, um assassino... É melhor que o tranquemos para o lado de fora. Se ele for inteligente, irá buscar abrigo na casa abandonada.
MARCELLO — Ele está tremendo... Não acho que seja esse o caso.
ULISSES — Fausto está certo. Precisamos ter cautela. No entanto, não precisamos ser tão duros. Vou pegar cobertores, meu colchão velho, alguns travesseiros e conduzi-lo até a casa IV. Se formos amigáveis, talvez ele possa nos ajudar em nosso trabalho.
IGOR — Ele é delicado demais... Não acho que irá servir.
ULISSES — Talvez ele tenha alguma habilidade que possamos aproveitar.
MARCELLO — E quanto ao Iuri? Não seria melhor consultá-lo antes de aceitar esse forasteiro como novo membro da vila?
ULISSES — Ele ainda não é um membro da vila. E não precisamos mais da opinião do Iuri para decidir as coisas.
IGOR — Por favor! Não vamos começar com esse assunto... Se começarmos a brigar, o forasteiro ficará ainda mais assustado. Sabe-se lá qual pode ser sua reação. Talvez ele entre em pânico e nos cause problemas.
MARCELLO — Será que ele tem fome?
ULISSES — Provavelmente, mas é bom que ele já se acostume com nossas regras. Aqui cada um planta, cultiva, colhe e caça sua própria comida. Com o tempo ele entenderá isso.
MARCELLO — Poderíamos abrir uma exceção pelo menos esta noite.
ULISSES — Não, eu não concordo. No jardim dos fundos há aquela árvore frutífera. Podemos mostrá-la a ele.
IGOR — Aquela árvore...
ULISSES — Sim...
IGOR — Isso é tão cruel. Ele tem o direito de saber antes de comer.
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INCUBUS
Short StoryEste livro foi psicografado durante um transe que durou quatro anos. Enquanto uma entidade chamada Ulysses regia minha vida e comandava meus atos, estive adormecido. Se hoje estou em liberdade, se o exorcismo feito em mim foi bem-sucedido, é porque...