30 de Junho de 1919
Destinatário: Kim Bora
Cara senhorita Kim Bora,
Estou escrevendo-lhe neste momento e acredito que isto tenha a surpreendido.
Dou-lhe a minha palavra que isto não é uma perseguição. Por acaso encontrei dentro de um livro do gênero mistério um bilhete escrito à mão, um tanto cômico ao meu ver. Além de um desenho, cujo artista é tão talentoso que suas habilidades vão além de minha compreensão para entender a obra.
Estou lhe enviando o bilhete e a arte dentro do envelope desta carta, posso estar equivocada, entretanto não sabia que a senhorita possuía uma caligrafia tão distinta e peculiar quanto esta.
Antes que se pergunte, encontrei seu nome e endereço nos registros na primeira página do livro que nos obrigam a assinar, desde já quero desculpar-me sobre o possível susto que posso ter lhe causado com uma carta repentina.Atenciosamente,
Lee Siyeon.
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30 de Junho de 1919
Destinatário: Lee Siyeon
Cara senhorita Lee Siyeon,
Agradeço imensamente pelo cuidado e empenho para devolver-me o bilhete, este que por acaso foi escrito por uma criança e não por mim. O desenho, pela mesma criança.
Em palavras não posso ter certeza de que a senhorita foi ou não sarcástica, então irei considerar a primeira opção, pois à primeira vista, fui capaz de notar toda sua gentileza. Contudo não fiquei assustada, apenas curiosa sobre receber uma carta em um papel perfumado.Meus sinceros agradecimentos.
Atenciosamente,
Kim Bora.
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1 de Julho de 1919
Destinatário: Kim Bora
Prezada senhorita Kim,
Tomei a liberdade de lhe enviar mais uma carta.
Desta vez, para dizer que não é necessário agradecer pelo meu gesto, já que é um ato óbvio do senso comum. De fato, a senhorita acertou a meu respeito, na escritura anterior usei o sarcasmo, peço desculpas por tal, temo que minha justificativa para tê-lo usado não é válida.
Por outro lado, a criança desenhista e dona do bilhete me parece extremamente inteligente e criativa.Por fim, me despertou a curiosidade. Como conseguiu encontrar meu endereço?
P.S. Cartas perfumadas são minha assinatura própria.
Atenciosamente,
Lee Siyeon.
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1 de Julho de 1919
Destinatário: Lee Siyeon
Cara senhorita Lee Siyeon,
Me incomodaria não agradecer. Apesar de ser o senso comum, muitas pessoas não o fariam. Por outro lado, a senhorita reservou seu precioso tempo para me escrever e enviar meus pertences, que de fato foram feitos por uma criança inteligente, criativa e também delicada.
Não é necessário se desculpar pelo sarcasmo, devo dizer que foi um diferencial agradável ao receber uma carta. Gostaria de saber, por gentileza, sua justificativa para usar este artifício incomum em uma carta. Não vou negar que me deixou um tanto curiosa.Sobre seu endereço… Bem, foi fácil de pedir ao carteiro encontrar a dona da única carta perfumada que ele já entregou, uma assinatura própria como dita.
Atenciosamente,
Kim Bora.
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2 de Julho de 1919
Destinatário: Kim Bora
Senhorita Kim Bora,
Serei sincera para responder sua pergunta. Usei do sarcasmo para chamar sua atenção, foi inevitável, é meu jeito de ser. Acredito que enviar seus pertences de uma forma comum sem nenhuma espécie de alívio cômico seria normal demais.
Pensei muito se deveria ou não esconder esta parte de mim, entretanto como foi capaz de notar, decidi expor.
Afirmo que são apenas algumas vezes, ou falar comigo seria tedioso e irritante… Quero dizer, "falar" comigo neste momento está sendo tedioso ou irritante para a senhorita?
Eu poderia parar de respondê-la de repente, porém acredito que a senhorita não merece receber tal grosseria e descortesia. E também, devo dizer que é confortante trocar palavras com alguém que compartilha de bom gosto para livros e não julga um bom senso de humor.Atenciosamente,
Lee Siyeon.
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2 de Julho de 1919
Destinatário: Lee Siyeon
Prezada senhorita Lee,
Acabo de notar que este é o terceiro dia consecutivo em que escrevo cartas para uma pessoa completamente desconhecida. Nunca imaginaria que em algum momento eu faria isso, ainda mais com meus deveres e ocupações, ainda sim, persisto também em responder suas cartas. Agradeço a preocupação em relação aos meus sentimentos se por acaso a senhorita ignorasse meus últimos recados.
Sem dúvidas é algo que pessoas educadas costumam fazer, entretanto elas também encerram a conversa sem deixar vestígios de curiosidade sobre o destinatário, porém isto, não é o que estamos fazendo. A senhorita Lee, usou do sarcasmo para chamar a minha atenção, acredito que tinha ciência de que eu não lhe ignoraria de forma alguma por de fato ter prendido minha atenção. Belo acerto, aliás, seria comum apenas enviar um bilhete com apenas um simples esclarecimento.Logo, meu veredito é claro. Sua justificativa é válida.
Não diria que nossa conversa esteja sendo tediosa ou irritante, pelo contrário, ela é engraçada e me distrai. Fico imensamente contente que trocar algumas palavras com minha pessoa seja agradável e confortante.
No entanto… Bom gosto para livros? Não posso dizer isso sobre mim, porém irei acreditar nas palavras que a senhorita me escreveu e aceitar com prazer o elogio. Sou alguém que agradece muito e devo agradecer-lhe novamente por mostrar com honestidade "seu jeito de ser" isto me deixa confortável o suficiente para lhe responder.P.S. Julga a si mesma com bom senso de humor? Não diria isso exatamente, podemos classificar como tolerante e provida de bom humor.
Atenciosamente,
Kim Bora.
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2 de Julho de 1919
Destinatário: Kim Bora
Prezada senhorita Kim,
Sim, julgo a mim mesma com um bom senso de humor, não sou apenas tolerante e "provida de bom humor". Afirmo novamente, a senhorita sem dúvidas tem um ótimo gosto para livros, ao julgar sua indecisão para escolher um exemplar na prateleira. Dessa vez, eu que lhe agradeço pela confiança e por aceitar meu elogio.
Me alivia imensamente saber que não sou irritante como costumo pensar. Sou uma pessoa curiosa e aventureira, gosto de entender como o mundo funciona e é claro, como as pessoas ao meu redor pensam. Acredito que seja importante para o desenvolvimento de nosso cérebro e talvez seja por isso que insisto em respondê-la.
Irei julgar-te como uma pessoa também, muito bem educada, já que a senhorita poderia cortar nosso contato, porém como bem colocado em sua carta, ambas estamos fazendo perguntas e deixando vestígios de curiosidade, contudo, não me arrependo. É uma ótima notícia deixar alguém como a senhorita confortável com o meu verdadeiro eu. Podemos colocar desta forma? O verdadeiro eu que não contou absolutamente nada sobre mim, apenas que uso do sarcasmo algumas vezes.Também devo lhe agradecer mais uma vez. Pelas respostas diretas durante 3 dias (impressionante). Sendo sincera, nunca tive uma conversa tão longa quanto esta. Literalmente.
Atenciosamente,
Lee Siyeon.
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Lótus
RomantizmO século XX poderia ser comum para qualquer um, ou qualquer casal, menos para Kim Bora e Lee Siyeon. Duas mulheres que por um interesse em comum se apaixonam e decidem se comunicar secretamente por meio de cartas para que se safem da punição do crim...